RAMP: 25 anos
2013-11-23, Hard ClubQuando os amigos Ricardo, António, Miguel e Paulo do Seixal se juntaram em 1988 para criar uma banda provavelmente estariam longe de pensar que em 2013, o seu projecto andaria na estrada a apresentar a compilação que celebra os 25 anos de existência.
Para mim, falar dos RAMP é lembrar dos tempos em que comecei a ouvir heavy metal, já lá vão 18 anos. Estávamos em 1995 e, aos meus ouvidos ainda pouco habituados às sonoridades mais pesadas, a preferida era a balada “Friendly Word”, mas a mana lá me ia tentando educar pelos bons caminhos e cá em casa o Intersection ia rolando vezes sem conta na aparelhagem. Recordo-me de uma madrugada, acabada de chegar de um concerto de WC Noise, a minha irmã acordou-me para dar a boa noticia: os RAMP vêm ao Sinatra’s dia 2 de dezembro! Fiquei contente por ela, mas o bichinho da música e dos concertos ainda não me tinha picado, e por isso o meu entusiasmo não foi muito. No entanto, a 1 de dezembro, numa matine no Cais de Gaia, tive a oportunidade de a acompanhar a um concerto de Tarântula e The Fire, entre outros, e percebi que era aí que eu gostava de estar… Chegada a casa, pedi ao meu pai para ir também ao Sinatra´s no dia seguinte mas a resposta foi negativa, pois não fiz o pedido com a devida antecedência, tal como a mana o tinha feito… Ainda não tinha idade para argumentar e lá tive de perder o concerto. Tive entretanto oportunidade de os ver algumas vezes e lá fui também às bodas de prata.
Para participar nesta festa, não só no Hard Club mas também em todas as datas de apresentação, é necessário comprar a compilação “XXV 1988-2013” que vem com a oferta de um bilhete que poderá ser usado no local à nossa escolha.
Com início previsto para as 22:30, a essa hora a sala 1 ainda estava praticamente vazia, mas cinco minutos depois, com a entrada dos músicos em palco e com os primeiros acordes de “Hallelujah”, foram também entrando aos poucos as mais ou menos cerca de duas centenas de pessoas que estavam no exterior e que, responderam à chamada dos RAMP. A energia deste quinteto do Seixal é de imediato sentida na sala e o público reage, cantando, abanando as cabeças e gritando sempre que o front man Rui Duarte ordena: Vocês! Os primeiros temas não dão tempo para grandes conversas, sempre a dar-lhe, fazem uma rápida viagem por quatro dos cinco álbuns da sua longa carreira: “Insane”, “Dawn”, “The Cold” e “How”. “Alone” é o primeiro tema mais calmo deste set, mas ainda assim não há versões acústicas, isso fica provavelmente para os showcase que têm realizado em algumas lojas FNAC. “Anjinho da Guarda” e depois apresentam-nos a noviça da banda, o baixista José Sales, que segundo Rui Duarte tem vindo a sofrer bolling por parte dos colegas da banda e bem presenciamos isso ao longo da noite. Mas o bom ambiente vivido por estes senhores é de facto contagiante, o gosto com que mostram estar uns com os outros, a cumplicidade na partilha de palco, alguns deles já há 25 anos, passa para a audiência. Mais à frente, durante a habitual cover “Walk Like na Egyptian” enquanto os guitarristas Ricardo Mendonça e Tó Pica disputam protagonismo, Rui Duarte carrega ao colo o baixista. Antes de se despedirem a primeira vez, ouvimos ainda “Black Tie”, “All man Taste Hell”, “Through”, “Fuck You”; do álbum de estreia, o tema que dá nome ao trabalho “Thoughts” e “Behind the Wall” e uma cover de Twisted Sister “We’re not Gonna Take It”. Já em encore desafiam-nos a sentar para ouvir “For a While”, só fazemos se quisermos mas, diz-nos que em Viseu, toda a gente o fez, e que até há registos disso, portanto o nosso regionalismo vem ao de cima, e se eles o fizeram, nós vamos fazer ainda melhor, e lá sentamos. Para terminar, um tema que tem muito a ver com a fase que o nosso país está a passar e deixam a mensagem “Try Again”. Uma hora e quarenta e cinco minutos de muita música, conversa e histórias que muitos de nós nos revemos. Rui Duarte termina dizendo “Em nome dos RAMP, muito obrigado!”, e saindo do palco é possível ainda ler-lhe nos lábios “Do Car*@£%!”
Material usado:
Tó Pica: Guitarras Schecter Omen Extreme e Damien; Amplificador Laney VH100 R; 2 Colunas Laney 4×12 com celestion vintage 30; Vários pedais de efeitos da Carl Martin, Boss e TC electronics.
Ricardo Mendonça: Guitarras Schecter; Amplificação de Mesa Boogie Quad Preamp 50/50
José Sales: Baixo Alembic Epic 4 e Fender Modern Player Jazz; Amplificador Laney Nexus Fet; Coluna Laney Nexus 4×10 e Laney Nexus 1×15; Pedais Big Muff Bass, Boss Turner, Drive master Marshall e Boss Flanger.
Paulo Martins: Bateria DDrum Bubinga; Pratos Zildjian; Pedais Iron Cobra Tama; Baquetas Zildjian.