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Rock In Rio Lisboa 2022: A Sobriedade Emotiva dos The National

Rock In Rio Lisboa 2022: A Sobriedade Emotiva dos The National

2022-06-18, Rock in Rio Lisboa
Miguel Grazina Barros
Inês Barrau
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Os norte-americanos The National subiram ao palco Mundo do Rock In Rio Lisboa, e emocionaram uma plateia como se fosse a primeira vez.

The National não são novidade em território português. Afinal, pela 18ª vez em Portugal seria quase impossível não conhecer bem o público e vice-versa. Foi em 2019 que a banda norte-americana visitou Portugal duas vezes – primeiro no Festival Vodafone Paredes de Coura e em Dezembro do mesmo ano, no Campo Pequeno. A dimensão dos The National passa despercebida ao público menos atento, mas a coleção de canções da banda funciona assumidamente melhor como um todo – não são, de maneira nenhuma, uma banda que atingiu o sucesso através de um one hit wonder. Matt Berninger, frontman dos The National, é um personagem atípico de uma banda de rock que pisa o palco Mundo e precede os headliners, Muse. Tímido, podia muito bem passear pelo recinto do festival sem causar alvoroço.

Não são, de maneira nenhuma, uma banda que atingiu o sucesso através de um one hit wonder“.

Pelas 21h ainda eram visíveis alguns raios de luz do sol que teimava em descer sem testemunhar um dos momentos altos da noite. “Boxer” de 2007 e “Alligator” de 2005 são provavelmente os álbuns mais marcantes da banda e integraram grande parte do alinhamento. The National aparecem em palco sem grandes artifícios e provaram mais uma vez que as suas músicas são suficientemente poderosas para mover uma enorme multidão. “Como estão?” pergunta Matt ao pisar o palco, ainda antes de cantar qualquer canção e com a sua aparência “à civil”, cuja alguns membros do público relembram a semelhança à personagem fictícia de Breaking Bad, Heisenberg.

A banda composta pela dupla de irmãos Aaron Dessner e Bryce Dessner, e ainda Scott Devendorf e Bryan Devendorf é fulcral no som do rock alternativo dos The National, músicos à altura de um frontman que canta sempre como se fosse a primeira vez (ou a última). Bryan Devendorf, o baterista, pisa o palco com um palito na boca que segura ainda durante algumas canções – “Don’t Swallow the Cap”, “Mistaken for Strangers”, “Bloodbuzz Ohio” e “The System Only Dreams in Total Darkness”.

Foi em “I Need My Girl” que a vasta multidão do parque da Bela Vista se revelou e emocionou, mais tarde acendendo isqueiros e a versão contemporânea – o flash dos smartphones. Se por um lado Matt Berninger se mostra um vocalista e performer reservado, é paradoxal todo o seu “à vontade” e facilidade em interagir com o público que apenas pode ser justificado com os 23 anos de existência da banda. “Day I Die” foi dedicada aos “anjos” do famoso slide do Rock In Rio Lisboa que fascinaram e assustaram simultaneamente Matt Berninger: «Os anjos que passam, estão a assustar-me». Seguidamente, o frontman assume a sua descrença nestes mesmos anjos.

“Fake Empire” é a canção que mais rapidamente ressoa no público, do álbum anteriormente referido de 2007 “Boxer”. “The System Only Sleeps in Total Darkness”, “Pink Rabbits” e “England” estiveram todas presentes no concerto que durou aproximadamente uma hora. Durante esta última, Matt ganha coragem para descer o palco e dirige-se de imediato às grades laterais, saudando o público ao longo da assídua frontline que o abraça emotivamente. Mais uma vez, o vocalista dos The National oscila entre a sua persona discreta e a entrega total a uma multidão cada vez maior.

“Fake Empire”, “Mr. November” e “Terrible Love” são entregues como as três canções finais que servem de pretexto para mais uma descida ao público, sustentadas pela sua banda intocável suportada por instrumentos de sopro e ainda um sintetizador modular – usado especialmente para texturas sonoras e como ponte entre canções. “It takes an ocean not to break” é o refrão que, em forma de despedida, ecoa perante um recinto (agora sim) completamente cheio e rendido. The National provaram que são tão grandes como o palco Mundo e conseguiram, após tantos concertos em território nacional, deixar uma plateia novamente ansiosa pelo seu regresso.

SETLIST

  • Don’t Swallow the Cap
    Mistaken For Strangers
    Bloodbuzz Ohio
    The System Only Sleeps in Total Darkness
    I Need My Girl
    This Is The Last Time
    Slow Show
    Day I Die
    Tropic Morning News (Haversham)
    Light Years
    Pink Rabbits
    England
    Graceless
    Fake Empire
    Mr. November
    Terrible Love