Quantcast
Rock In Rio Lisboa 2022: O Quase-Oasis de Liam Gallagher

Rock In Rio Lisboa 2022: O Quase-Oasis de Liam Gallagher

2022-06-19, Rock in Rio Lisboa
Miguel Grazina Barros
Inês Barrau
7
  • 8
  • 8
  • 7
  • 7

William John Paul Gallagher, mais conhecido pela sua incontornável persona, Liam Gallagher, voltou a pisar solo português depois de uma ausência de 13 anos. No ano de 2009, a sua presença assinalou um concerto dos Oasis – banda que partilhou com o irmão e antagonista Noel Gallagher – no ex-Pavilhão Atlântico (agora Altice Arena).

No primeiro dia do muito antecipado Rock In Rio, o músico oriundo de Manchester (orgulhosamente) viu uma plateia aquecida pelos Xutos e Pontapés, e pelo sol que pairava sobre o relvado.

O relógio marcava 19h, quando o público que recheava o anfiteatro natural da Bela Vista foi pontualmente presenteado com uma introdução nos ecrãs onde se liam palavras como Humble”, “Lover” e ainda “Jedi – adjectivos que podem (ou não) caracterizar Liam. O Rock ‘n’ Roll estava prestes a começar, e com ele, uma setlist recheada de hits dos Oasis interpolada com canções do seu ato a solo – o músico lançou três álbuns desde 2017, e mais recentemente um single “C’MON YOU KNOW”, que esteve ausente no meio de 13 músicas. Liam entra em cena, vestido com o seu fiel Anorak que antecipa – acertadamente – os primeiros pingos de chuva no que parecia ser um perfeito final de tarde de Verão. Os fãs de Oasis foram prontamente surpreendidos com “Hello”, canção de abertura que rapidamente incentivou a plateia a harmonizar com a sua voz e timbre distintos, ou a sua maneira de cantar que se assemelha a um “whining” despreocupado.

As referências ao futebol não podiam faltar e foi Bernardo Silva e Rúben Dias, ambos jogadores do Manchester City, que receberam elogios.

A ânsia da plateia é palpável – a grande maioria espera pelos clássicos que partilha com o seu irmão –  “Wonderwall’ e “Cigarettes and Alcohol”. Algumas desafinações fizeram-se ouvir entre canções como “Rock ‘n’ Roll Star”, “Wall of Glass” e “Everything’s Electric”. A sua postura em palco é inconfundível – o inclinar perante o microfone, as maracas e pandeireta na mão, e um olhar de cima escondido com um par de óculos estilo “aviador”. Liam comunica com a plateia e brinca com as letras «There are many things that I would like to say to you, but I don’t speak Portuguese». As referências ao futebol não podiam faltar e foi Bernardo Silva e Rúben Dias, ambos jogadores do Manchester City, que receberam elogios – Liam fez questão de realçar o seu amor por Rúben Dias, cujo pai deu uma cabeçada no irmão do músico, Noel.

As canções que mais fizeram vibrar o público foram sem dúvida as pertencentes aos Oasis – “Hello”, “Rock ‘n’ Roll Star”, “Roll It Over”, “Slide Away”, e mais tarde, “Cigarettes & Alcohol” e “Wonderwall”. A sua postura quase arrogante é algo que o público desculpa, não fosse o músico uma verdadeira e assumida Rock Star, título que usou como mote durante todo o seu concerto – e realçado em palco onde se lia “Rock ‘n’ Roll”. Se o público conseguiu acompanhar as canções dos Oasis, também rapidamente entrou na onda dos êxitos mais recentes – “Wall of Glass”, “Everything’s Electric”, “Better Days”, “More Power”, “Diamond in the Dark” e “Once” – canções que não fogem muito ao universo sonoro a que estavam habituados e que caracteriza o “Brit-Pop”.

Tocadas onze músicas do alinhamento, era tempo de “Wonderwall”, canção precedida com um comentário que, mais uma vez, caracteriza a postura despreocupada e orgulhosa de Liam – «aproveitem a próxima banda». Como era de esperar, o público sabe a letra melhor que ninguém, e Liam sai de palco apenas para voltar de carapuço na cabeça para cantar a última música do concerto “Cigarettes & Alcohol”, esta também um êxito dos Oasis. «Vemo-nos em breve» foi a promessa feita por Gallagher a um público que o deseja ver novamente, e se não for pedir muito (claro que é)… em formato Oasis.