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Rock in Rio Lisboa 2024: A Despromoção Vitoriosa dos Rival Sons e o Britfolk de Jake Bugg

Rock in Rio Lisboa 2024: A Despromoção Vitoriosa dos Rival Sons e o Britfolk de Jake Bugg

Rodrigo Baptista
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Nos dias 15 e 16 de Junho foram várias as ofertas musicais de qualidade que o Rock in Rio proporcionou nos seus palcos secundários. Aqui destacamos o concerto dos Rival Sons, banda repetente no festival que, apesar não ter sido recebida com a pompa e circunstância que merecia deu um concerto extremamente competente, e Jake Bugg, um trovador dos tempos modernos que encantou o público com o seu indie folk melancólico e emocional.

Relegados ao terceiro palco do festival, o Palco Tejo, após terem tocado no Palco Mundo em 2016, os Rival Sons foram recebidos por um público maioritariamente disperso, que, à hora do concerto (cerca das 19:00), ainda andava a conhecer os cantos à casa, a jantar ou a ouvir Living Colour.

A última vez que vimos Rival Sons em Portugal, foi no antigo LAV, junto ao rio. Nesse concerto testemunhámos uma performance fervorosa perante um público ávido de riffs, solos e vozes com potência para dar e vender. No Rock in Rio 2024, os Rival Sons prepararam-nos essa receita. Porém, a fome não era a mesma. À exceção de alguns fãs mais fieis, que certamente tinham estado nos concertos de 2016 e/ou 2019, e de alguns curiosos com ouvido apurado, foi um concerto que passou completamente ao lado do roteiro delineado por grande parte dos festivaleiros.

Com dois álbuns recém lançados em 2023, “Darkfighter” e “Lightbringer”, e com um tempo de concerto limitado a 1h, não houve propriamente muito espaço para apresentar as novidades. Desta forma, só foram apresentado três temas novos, dois do primeiro e um do segundo. “Mirrors” e “Nobody Wants to Die”, ambas de “Darkfighter”, foram logo despachadas no início, início esse que se revelou algo atribulado devido a um corte do som a meio da segunda música.

Retomadas as condições sonoras, e já com mais público, que acabou por chegar do Palco Mundo após o término do concerto dos Extreme, os Rival Sons começaram a polvilhar o seu concerto com a pitada dos clássicos. Primeiro com “Tied Up” e depois com a penetrante e repleta de feeling “Too Bad”. Mais uma vez, o vocalista Jay Buchanan, mostrou que não tem dias maus. A sua voz é tão carismática e repleta de carácter que, por mais concertos que vejamos dos Rival Sons, não há forma de não nos surpreendermo-nos e ficarmos arrebatados. O mesmo serve para Scott Holiday, o “Mr. Fuzzlord”, que fez novamente desfilar uma bonita coleção de guitarras, tem uma técnica de slide e um fraseado únicos que representam uma marca identitária na construção sonora dos Rival Sons. Já Mike Miley, na bateria, e Dave Beste, no baixo, compõem uma das secções rítmicas mais coesas e com mais groove do rock contemporâneo e, sem darem muito nas vistas, mostram-se imprescindíveis.

O concerto prosseguiu com “Feral Roots”, que trouxe Buchanan a dedilhar uma Guild acústica e Scott Holiday com uma Gibson EDS-1275 Double-Neck. Além desta Gibson, Holiday ainda fez desfilar modelos como a sua Kauer Banshee Baritone “Organa Major”, uma Gretsch Custom Shop Penguin em Surf Blue, uma Gibson Marcus King 1962 ES-345 e uma Gibson Firebird III Sunburst. A amplificação ficou a cargo de uma Line 6 Helix, um Seymour Duncan PowerStage e seis colunas Supro 2×12.

“Open My Eyes” e “Pressure and Time” fizeram as delícias dos fãs que já seguem a banda há pelo menos uma década. Já “Shooting Stars”, um dos temas de sucesso do mais recente “Feral Roots” (2019), trouxe Buchanan sozinho ao palco com a sua Gibson L-00. Soul, feeling e emoção, qualquer uma destas palavras pode descrever a forma como Buchanan exprime as suas letras, mas foi a interpretação quase a cappella de “Shooting Stars” que mais se destacou entre as demais.

A breve passagem por “Lightbringer” fez-se com “Mosaic”, um tema de proporções épicas que revelou ser uma boa transição para a reta final composta por “Do Your Worst”, “Electric Man” e “Keep On Swinging”. Nas despedidas os Rival Sons já tinham à sua frente uma moldura humana bem composta, mas ainda algo passiva face ao talento que emanava do palco. Esperamos agora que um regresso a Portugal esteja para breve, de preferência, sob as condições ideais de um concerto em nome próprio, em sala intimista e com uma duração de não menos que 1h30m.

Já no dia 16, foi sob um sol abrasador que Jake Bugg, cantautor proveniente de Nottingham, subiu ao Palco Galp para nos apresentar “Saturday Night, Sunday Morning”, o seu último álbum de estúdio editado em 2021 e alguns singles de “A Modern Day Distraction”, o seu próximo longa duração, que tem data de lançamento agendada para 20 de Setembro de 2024.

Acabadinho de chegar de uma tour de suporte a Liam Gallagher e John Squire, Bugg surgiu no cartaz do Rock in Rio num dia em que as sonoridades estiveram mais viradas para o pop. Ainda assim, o músico fez o seu trabalho e apresentou uma setlist com temas que foram desde o indie rock ao folk, passando pelo country e blues.

“Simple as This”, do álbum homónimo de 2012, abriu o concerto e colocou ao de cima a influência vincada de Bob Dylan. Em todos os temas acústicos, Bugg não largou a sua Patrick James Eggle Custom Jake Bugg, um modelo de assinatura que vai buscar vários elementos às Martin 000-15SMHD-28VS que o músico tanto usou ao longo da sua carreira.

Já o primeiro vislumbre sobre os novos temas surgiu com “Zombieland”, uma faixa indie rock possante que colocou os mais desinibidos a dançar. Nas malhas elétricas Bugg alternou entre uma Fender Stratocaster e uma Telecaster, modelos standard sem grandes modificações. Homem de poucas palavras, Bugg foi agradecendo a presença do público, mas não se aventurou em discursos. “Broken”, um dos seus grandes êxitos, foi recebida em êxtase por todos aqueles que seguem o músico desde que o seu primeiro álbum foi lançado em 2012 e só não levantou as luzinhas dos telemóveis porque os relógios marcavam as 17:30.

A voz nasalada característica do cantautor britânico, por vezes a fazer lembrar Tom DeLonge, acentuou-se na novidade “All Kinds of People”. Já a encaminhar-se para o fim, o concerto prosseguiu com passagens por “Two Fingers”, “Lightning Bolt”, “What Doesn’t Kill You” e “Simple Pleasures”. “All I Need”, a faixa que catapultou Jake Bugg para o estrelato após ter sido utilizada pela Vodafone como banda sonora das suas publicidades, foi inevitavelmente a malha que terminou o concerto. Reconhecida por muitos, foi celebrada com

muita dança. No fim, Bugg agradeceu uma última vez ao público presente, apresentou os músicos que o acompanharam e saiu do palco sem demoras.

SETLIST

    Rival Sons

  • Mirrors
  • Nobody Wants to Die
  • Tied Up
  • Too Bad
  • Feral Roots
  • Open My Eyes
  • Pressure and Time
  • Shooting Stars
  • Mosaic
  • Do Your Worst
  • Electric Man
  • Keep On Swinging
  • Jake Bugg

  • Simple as This
  • Me and You
  • Trouble Town
  • Messed Up Kids
  • Kingpin
  • Slumville Sunrise
  • Zombieland
  • Seen It All
  • Waiting for the World
  • Broken
  • Taste It
  • All Kinds of People
  • Two Fingers
  • Lightning Bolt
  • What Doesn’t Kill You
  • Simple Pleasures
  • All I Need