As Savages fizeram-se ouvir inicialmente com “Husbands”, faixa que acabou por integrar o álbum de estreia “Silence Yourself”. Um disco que lhes valeu grandes elogios por parte da comunicação social, parcialmente devido ao seu vínculo idealista de guerreiras contra a patriarcalismo. Apesar daquele pastiche de Siouxsie Sioux e Joy Division, a banda britânica, liderada por Jehnny Beth, soube aliar bem a sua imagem e o negrume post punk aos vários refrões orelhudos espalhados em “Silence Yourself”.
Desde então, tiveram de lidar com as repercussões que advêm de editar um álbum bem sucedido. Viajaram pelo mundo, passaram pelas rádios, pisaram os grandes festivais.
Largaram a postura idealista e compuseram algo mais pessoal, mais nu.
Cabia-lhes agora, com “Adore Life”, lançar um sucessor igualmente provocador sem cair nas mesmas artimanhas. E foi isso que conseguiram fazer. Largaram a postura idealista e compuseram algo mais pessoal, mais nu. Igualmente assertivas, as Savages proclamam canções de amor não-românticas com um gosto meio death rock. Troca-se o preto e branco, por um álbum mais cinzento. Ideal para quando se fala sobre amor. Sobra o que originalmente nos atraiu à banda: bons build-ups, linhas de baixo pesadas, refrões repetitivos e os maneirismos de voz deliciosos de Jehnny Beth.
Sim, “Adore Life” não tem os malhões como os que tornam “Silence Yourself” um álbum inquietante. Mas mantém o mesmo sinal de revolta. Elas não querem ser sedutoras. Continuam a mostrar o dedo do meio bem erguido. Só que, da segunda vez, fizeram-no com um pouco mais de jeitinho.