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Super Bock em Stock 2023: A Atitude Punk de Jehnny Beth & A Entrega Apaixonante de Anna Calvi

Super Bock em Stock 2023: A Atitude Punk de Jehnny Beth & A Entrega Apaixonante de Anna Calvi

2023-11-25, Super Bock em Stock, Lisboa
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
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O Super Bock em Stock regressou à Avenida da Liberdade, em Lisboa, para dois dias de concertos repletos de propostas musicais diversificadas. No segundo dia do festival, destaque para o ruído feminista de Jehnny Beth e a entrega apaixonante de Anna Calvi.

Mais um ano, mais um Super Bock em Stock. Para qualquer festivaleiro que se preze, este é um evento que ajuda a matar as saudades dos festivais de verão e particularmente dos kms que se fazem entre palcos. Com dez salas situadas ao longo da Avenida da Liberdade, sendo uma delas móvel, o Super Bock Bus, o difícil é mesmo fazer uma seleção do que se quer ver, isto porque a quantidade de sobreposições que encontramos na programação é considerável.

Jehnny Beth

No Coliseu dos Recreios, Jehnny Beth entrou em palco para desferir uma boa dose do seu noise rock carregado de muita atitude punk. Nesta que foi a sua segunda passagem a solo por Portugal, depois da estreia no Porto no festival Primavera Sound 2022, Beth trouxe até Lisboa todo o seu feminismo disruptivo e orgulho LGBTQ patente em malhas como “Flower”, “I’m The Man” e “Closer”, as duas primeiras do seu álbum de estreia a solo “To Love Is to Die” (2020) e a última uma cover dos Nine Inch Nails.

Extremamente comunicativa e sempre em busca da proximidade com o público, foram várias as vezes em que Jehnny desceu do palco e subiu para cima das grades ou se deslocou mesmo para o meio dos fãs.  Acompanhada do baixista e teclista Johnny Hostile, que recorreu a um Fender Precision e a um Korg MS-20 Mini, e da teclista Alexandra Dexxi, que só largou o seu Moog Grandmother para entoar alguns coros, Jehnny fez o chão do coliseu estremecer com o seu noise rock carregado de distorção e de graves potentes. Pena que a mancha humana que se apresentava no coliseu fosse bastante pequena, mas felizmente esse facto não afectou Jehnny que deu tudo no seu último concerto da tour de 2023.

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Anna Calvi 

Após uma ausência prolongada de quatros anos, Anna Calvi regressou a Portugal para apresentar um concerto em formato best of. “Tommy”, o EP conceptual editado em 2022 inspirado na personagem Tommy Shelby da série Peaky Blinders, infelizmente ficou de fora, reservando assim mais espaço para os temas do álbum homónimo (2011), “Breath” (2013) e “Hunter” (2018).

Considerada um dos cabeça de cartaz do segundo dia do Super Bock em Stock 2023, Calvi atraiu para o coliseu uma boa moldura humana e foi com uma interpretação inspirada da instrumental “Rider to the Sea” que a britânica abriu o concerto. Com uma sonoridade de guitarra carregada de tremolo, a faixa leva-nos para uma paisagem cinematográfica reminiscente de um western e leva-nos a questionar como é que poderia soar um álbum conjunto de Calvi com, por exemplo, o nosso Tó Trips, esse mestre português da western guitar.

“Suzanne & I” prosseguiu com as mesmas guitarradas, mas aqui já com a voz encorpada de Calvi bem presente. Sem muito espaço para grandes trocas de palavras provavelmente, devido ao tempo contado, Calvi optou por deixar que a música falasse por si. Desde a vertente psicadélica mostrada em “Indies or Paradise”, passando pela sonoridade etérica à la Florence + The Machine de “Sing To Me” até chegar ao virtuosismo de “I’ll Be Your Man”, Anna Calvi mostra que domina todas essas facetas musicais. Para a reta final ficaram reservadas as icónicas “Desire”, “Don’t Beat the Girl out of My Boy” e a cover de “Ghost Rider” dos Suicide, uma das bandas de referência do movimento proto-punk. Sem discursos alongados, Anna Calvi apenas agradeceu a presença do público e rapidamente saiu do palco.