The Black Keys + The Maccabees
Entre “Child” e “Go” os MACCABEES lutaram contra dois arquétipos lisboetas. A alergia ou outras mil razões que fazem o nosso público chegar tarde aos concertos e a dificuldade dos técnicos em adequar o som de frente ao Pavilhão Atlântico. Em “Heave” pudemos finalmente ouvir algum corpo de graves no som, o groove que isso por si só proporciona foi algo bem-vindo para o groove natural do ritmo de bateria de “Feel To Follow”. Ao mesmo tempo a banda consolidou a performance, que teve um músculo muito superior à suavidade sonora que ouvimos no álbum “Given To The Wild”. E com o crescendo emocional no final de “Feel To Follow” deu a sensação de que a plateia finalmente “sentiu” o som e assim “seguiu” a banda. “Unknown” foi aumentando o crescendo de intensidade do concerto, enquanto se aproximava o final com “Love You Better” e “Pelican”.
No espaço de tempo em que se vem buscar um balde de 0,50 lt de cerveja, que morre num ápice, e se volta para o lugar o Pavilhão Atlântico ganhou uma moldura humana apreciável, com a plateia quase preenchida na totalidade.
“Howlin’ For You” faz soar as entoações dos headliners em imediata comunhão com o público. Os breves ajustes no som de palco fazem DAN AUERBACH soar com alguns problemas, tal como os pratos da bateria de PATRICK CARNEY. O que desde o início esteve sempre no som dos BLACK KEYS foi um tamanho descomunal de bombo e tarola! “Next Girl”, “Running Back”, “Same Old Thing” e “Dead and Gone” foram as forjas que aqueceram o fogo dos amplificadores até à explosão de poder do riff de “Gold On the Ceiling”.
AUERBACH com o conforto sonoro que passou a sentir libertou-se para mostrar que esta é uma geração ainda capaz de produzir guitar heroes e se nesse processo são erigidos altares aos pedais de fuzz usados num excesso sem pudores num tema como “Thickfreakness”, tanto melhor.
Este último tema e “Girl Is On My Mind” metem-nos na mente a velha mania de pensar que as coisas mais antigas das bandas são sempre o seu melhor. Aqui chegados podemos também perceber que a dimensão que a banda atingiu e a coloca a tocar espaços com a dimensão do Atlântico lhe retira um aspecto importante: a dinâmica nas intensidades. O som está sempre “na pastilha”. Felizmente, isso serve perfeitamente um tema como “Your Touch”. Talvez com consciência desse factor, AUERBACH não pega numa acústica para “Little Black Submarines”, aquele dedilhado de entrada é feito através do demónio electricidade. Mas isso fará, mais tarde, um tema como “Ten Cent Pistol” perder muito da sua essência.
Enquanto AUERBACH e CARNEY alternam o protagonismo, no fundo do palco estão NICK MOSHOV e JOHN WOOD que alternam entre guitarra, baixo e synths. É normal o acréscimo de reforço harmónico que mais dois músicos trazem às canções, mas torna-se brilhante a forma como isso não descaracteriza a estética conseguida pelos blackers originais.
“Money Maker”, “Strange Times”, “Sinister Kid”, “Nova Baby”, o já referido “Ten Cent Pistol”, “She’s Long Gone”. Depois “Tighten Up” e “Lonely Boy” encerram o set para delírio da plateia. Tempo para mais um balde de 0,5 lt, ou já será o quarto? Pouco importa, rock is not dead!
O encore é uma formalidade, mas não é feito qualquer compromisso – “Everlasting Light” e finalmente a colossal “I Got Mine”, que é possivelmente o tema que mais ganhou, em toda a setlist, com o músculo do volume tremendo que se ouviu no Atlântico. Um grande concerto.
Kudos para os técnicos de som, que nos atrasaram a evacuação da sala ao fazerem soar LED ZEPPELIN.