The Kills, a Afrodite Eléctrica

22 Julho, 2014

Com um som a roçar a perfeição, com o acréscimo dinâmico do par de percussão e com a tremenda alma do coro, os The Kills assinaram, uma vez mais, um dos momentos mais memoráveis do ano musical.

Um concerto arrasador desde as primeiras notas que Jamie Hince faz soar de “U.R.A. Fever”, desde logo com um som mais orgânico e sujo que aquele que personifica o tema no álbum.

Alison Mosshart é uma diva proveniente do último género expectável, o punk. Com tanto de etéreo como de carnal! É um demónio de luxúria com a candura de um anjo – vocalmente, aquele timbre harmonicamente rico e com uma agressividade poderosa, sempre pintados por uma sensualidade com algo de nostalgia, são armas mortíferas que foram elevando o estatuto dos The Kills. “Heart Is A Beating Drum”, o título descreve muito do público.

Quando ouvirem uma música com mais groove que “Pots And Pans”, por favor avisem.

Contudo, por detrás de uma grande vocalista está sempre um grande guitarrista. Jamie Hince passou de um guitarrista exótico a um músico exuberante. A sua evolução é notória disco após disco, concerto após concerto, cada vez mais agarrado ao cânone do blues. O guitarrista tem sabido despir o som de tudo menos de groove. Não que, com dois POGs a funcionarem como octavers, a compensar a ausência de baixo, e um par de Boss DD-3 nos delays, o seu som não seja processado, mas é simples e estranhamente orgânico. Quando ouvirem uma música com mais groove que “Pots And Pans”, por favor avisem.

Entre luxúria e electricidade, os The Kills despediram-se de forma beatificada, com “Monkey 23”. Fica Alison, não tenho nada, mas dava-te tudo…

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