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The Teskey Brothers, Um Oceano de Emoções no CCB

The Teskey Brothers, Um Oceano de Emoções no CCB

2023-04-08, Centro Cultural de Belém
Rodrigo Baptista
João Padinha
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Na sua casa longe de casa, os The Teskey Brothers subiram ao palco do CCB para apresentar uma masterclass musical repleta de momentos extasiantes.

Quando entrámos no Grande Auditório do CCB já tocava no P.A. a habitual playlist que os artistas selecionam para entreter o público enquanto este aguarda pelo início do espetáculo. Ouviu-se Rufus Thomas, Betty Wright, Jimi Hendrix, Bonnie Raitt e os aussies The Easybeats, estes últimos uma das poucas influências australianas que Josh Teskey não referiu na entrevista que concedeu à AS, na antevisão do concerto. Soul, blues, R&B, country rock, ouviu-se um pouco de todos os géneros que formam a sonoridade característica dos The Teskey Brothers, e mesmo aqueles que tinham comprado o bilhete por mera curiosidade, sem estarem familiarizados com a música do grupo australiano, puderam já ter aqui um vislumbre auditivo do produto musical que os The Teskey Brothers produzem.

Apesar do álbum “The Winding Way”, o terceiro da banda, só ter data de lançamento agendada para Junho de 2023, este tem se já apresentado como o mote para esta tour europeia. Desta forma, foi com a groovie “Remember The Time”, ainda não lançada oficialmente, que os The Teskey Brothers iniciaram o concerto. Antes de partirem para a faixa, já Josh Teskey saudara o público e contextualizara a música, enquanto o resto da banda mantinha a harmonia em registo piano, como que à espera que Josh terminasse a sua deixa. Estas transições entre músicas acabariam por se revelar uma constante ao longo do concerto, com Josh sempre disposto a agradecer ao público e a explicar o significado e mensagem por detrás de cada música.

Tal como nós, muitos dos presentes estavam expectantes para comprovar se ao vivo a voz soulful de Josh Teskey conseguiria transmitir toda a emoção presente nos registos de estúdio dos The Teskey Brothers. Escusado será dizer que, não só o fez com distinção, como também superou todas as expetativas. Aqui não há qualquer tipo de efeitos, como auto-tune, todas as texturas presentes na voz de Josh são naturais e tocam-nos nas profundezas do nosso coração. Desta forma, não é de estranhar que a primeira reação emocional do vosso escriba à primeira nota vocal de “Remember The Time” tenha sido na forma de um enorme frisson, algo que se viria a repetir por várias vezes ao longo da noite.

Aqui não há qualquer tipo de efeitos, como auto-tune, todas as texturas presentes na voz de Josh são naturais e tocam-nos nas profundezas do nosso coração.

Seguiu-se “Carry You” do álbum “Run Home Slow” (2019), desta vez a colocar em evidência as qualidades musicais do outro irmão Teskey, Sam, o guitarrista solo, que salpicou esta faixa com uma belíssima linha de slide guitar tocada na sua Fender Stratocaster Cream White. De regresso a “The Winding Way”, a à la Eagles “Oceans of Emotions”, foi recebida com bastante entusiamo, e já teve rodagem suficiente para se perceber que se vai tornar numa das faixas clássicas obrigatórias na setlists dos The Teskey Brothers. E o que dizer das harmonias vocais dos irmãos Teskey nesta faixa? Num registo que remete para as harmonias da banda de Glenn Frey em faixas como “Tequila Sunrise” e “Peacefull Easy Feeling”, Josh e Sam demonstram ser unha com carne, com o casamento das suas vozes a surgir de forma tão natural como perfeita.

Posicionada de forma estratégica estava “Take My Heart”, a faixa que no concerto foi dedicada a todas as mães, apresenta-se como a segunda parte de uma trilogia de canções e videoclipes que junta também as faixas “Oceans of Emotions” e “London Bridge”, sendo que esta última ainda não foi lançada como single.

Em “I Get Up”, Josh Teskey voltou a puxar dos galões ao apresentar a meio da faixa um solo vocal onde demonstrou toda a sua tessitura. A voz de Josh chega a ser tão poderosa que mesmo sem microfone, numa sala com a dimensão do CCB, consegue chegar às últimas filas da plateia de forma extremamente audível. Um feito deveras impressionante. Já a esperançosa “This Will Be Our Year”, pouco reconhecida pelo público, surgiu como um momento de homenagem para com uma da suas influências musicais, os britânicos The Zombies.  Seguiu-se a boa vibe de “So Caught Up”, que colocou todos a gingar na sua cadeira de forma contagiante, enquanto “Paint My Heart” nos trouxe um longo solo, carregado feeling, de Sam Teskey, e fortemente inspirado por duas figuras de referência para o guitarrista, falamos de Eric Clapton e David Gilmour.

“What Will Be” fechou o concerto antes da banda regressar a palco para o encore na forma de “Pain and Misery” e do grande clássico “Hold Me”, esta última tocada a capella levantou todos da cadeira para acompanhar a banda com palmas a compasso e para cantar o refrão em uníssono de forma catártica. Como referiu Josh Teskey na entrevista que deu à AS: «Cantar em grupo é algo que é importante e que desejamos dentro de nós (…) quando as pessoas o fazem sobressai todo um sentimento de alegria…» e foi exatamente esse sentimento que vimos expressado na cara de todos os que, ainda de forma “anestesiada”, iam saindo do CCB.

SETLIST

  • Remember The Time
    Carry You
    Crying Shame
    Oceans of Emotions
    Take My Heart
    I Get Up
    Rain
    This Will Be Our Year (The Zombies Cover)
    So Caught Up
    I’m Leaving
    Paint My Heart
    What Will Be
    Pain and Misery
    Hold Me