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The World of Hans Zimmer – A New Dimension, A Banda Sonora das Emoções

The World of Hans Zimmer – A New Dimension, A Banda Sonora das Emoções

2024-04-27, MEO Arena, Lisboa
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
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Depois da passagem por Portugal há sensivelmente um ano com o espectáculo “Hans Zimmer Live 2023”, o icónico compositor cinematográfico Hans Zimmer apresentou em Lisboa uma nova produção intitulada “The World of Hans Zimmer – A New Dimension”. Com uma nova selecção de peças das suas mais conhecidas bandas sonoras, um jogo de luzes e de projecções riquíssimo, diálogos e narrações em direto e diferido e uma moldura sonora imponente, Zimmer curou um espectáculo extremamente emotivo e sensorial para todos os cinéfilos.

Quando Hans Zimmer se estreou nas andanças da música para cinema em 1982, ao lado de Stanley Myers, com o filme britânico “Moonlightning”, ainda estava longe de imaginar o sucesso que a sua carreira viria a ter. Até chegar à sua imagem de marca sonora, Hans passou por várias produções como “Success Is the Best Revenge” (1984), “Insignificance” (1985), “My Beautiful Laundrette” (1985) e “Terminal Exposure” (1987), este último o seu primeiro trabalho como compositor a solo. “Rain Man”, de 1988, foi o ponto de viragem e o começo do seu reconhecimento a nível internacional. Com a combinação do sintetizador Fairlight CMI e de tambores de aço, Zimmer começou a apresentar dois dos maiores elementos que constituem o seu estilo de composição: o recurso à instrumentação electrónica e o uso de percussão, e instrumentação no geral, de diferentes culturas musicais.

Herdeiro da técnica de produção Wall of Sound de Phil Spector, Hans assenta as suas composições em diferentes camadas que procuram captar agressividade e robustez sonora quando recorre aos metais e percussão e melodias de cariz emocional no caso das cordas e madeiras. Esta técnica por vezes descora as dinâmicas, mas no caso de Zimmer estas são preservadas através de introduções subtis que depois se desenrolam em crescendos poderosos.

São estas emoções, e sensações, sonoras à flor da pele provocadas pela música de Hans Zimmer que fazem com que os seus espetáculos ao vivo sejam um sucesso e estejam constantemente esgotados. Desta vez, não foi excepção e a MEO Arena voltou a esgotar para receber esta nova produção intitulada “The World of Hans Zimmer – A New Dimension”.

São estas emoções, e sensações, sonoras à flor da pele provocadas pela música de Hans Zimmer que fazem com que os seus espetáculos ao vivo sejam um sucesso e estejam constantemente esgotados.

Com a direção de orquestra e do espectáculo a cargo do maestro Gavin Greenway, foi ao som da prestigiada e talentosa Orquestra de Odessa que seguimos viagem. “Man of Steel Suite: Part 1, What Are You Going to Do When You Are Not Saving The World?” de “Man of Steel” (2013) foi a overture escolhida para dar início a esta viagem musical imersiva. Ilustrando a técnica de crescendo até desembocar numa explosão tímbrica este foi o primeiro momento de frisson experienciado.

Com o desenrolar do espetáculo cada peça foi trazendo à frente de palco um músico e instrumento de destaque, geralmente aquele encarregue da melodia principal. Pedro Eustache foi literalmente ao longo do concerto o homem dos sete instrumentos, e no tema de “Driving (Miss Daisy)” (1990), encarregou-se de brilhar com a sua prestação no saxofone soprano. Chegada a primeira intervenção do maestro Gavin, rapidamente percebemos que aquele iria ser um espetáculo com uma dinâmica extremamente interessante, isto porque, apesar de Hans Zimmer não estar presente na MEO Arena, o compositor deixou, como habitualmente, gravados vários diálogos e explicações que resultaram na perfeição com as intervenções in loco de Greenway. Em “The Rock” (1996) e “Pearl Harbor” (2001), a Orquestra de Odessa ilustrou na perfeição essa capacidade que Hans Zimmer tem de compor temas de acção repletos de transições e temas dramáticos cheios de emoção. Depois de uma segunda passagem pelo universo dos super heróis da DC com “The Dark Knight” (2008), foi a fez de “Final Ascent” do filme “007 – No Time To Die” (2021) trazer uma lágrima ao canto do olho com a performance repleta de feeling da violoncelista Mariko Muranaka. Já a “Gladiator Suite” (2000) trouxe a palco a distinta técnica vocal de Lisa Gerrard dos Dead Can Dance. A cantora australiana, colaboradora de longa data de Hans Zimmer, faz parte do grupo de cantores que anda na estrada com “The World of Hans Zimmer – A New Dimension”. A ela juntou-se ainda o Nairobi Chamber Chorus, um coro de doze elementos que participou ativamente em vários momentos do espectáculo. Para fechar a primeira parte do concerto, Hans Zimmer escolheu a “Interstellar Suite” (2014).

Após um intervalo de 20 minutos, a orquestra voltou a palco para apresentar a “Wonder Woman Suite” (2020), tema que destacou a coesão do Nairobi Chamber Chorus e do naipe de cordas. Seguiu-se o tema de “Kung Fu Panda” (2008), que levou-nos numa viagem até à China ao som de um kezaixian. Já “Discombobulate” de “Sherlock Holmes” (2009) trouxe a sua carga misteriosa para uma melodia que saltou entre o violino, o banjo e o acordeão. Ao anunciar “A Time of Quiet Between the Storms” de “Dune: Part Two” (2024), Gavin Greenway referiu que quando estava a preparar o alinhamento com Hans Zimmer e decidiram incluir esta peça o filme ainda nem sequer tinha estreado. Mais uma vez, o destaque aqui vai para Pedro Eustache com a sua prestação no duduk. O segundo acto prosseguiu depois com “The Prince of Egypt” (1998), que trouxe a emoção bíblica retratada no filme de animação e melodias e vocalizações apoiadas no maqam em jeito de invocação à grande diva da música egípcia, Umm Kulthum. Por sua vez, “Mother Africa” de “The Power of One” (1992) levou-nos até à África do Sul através da isicathamiya e fez a ponte perfeita para a “The Lion King Suite” (1994) com Lebon M a cantar os icónicos versos em zulu “Nants ingonyama bagithi Baba” juntando-se depois a poderosa voz de Nokuhanya Dlamini. “Dream Is Collapsing” e “Time” de “Inception” (2010), esta última com a transmissão de Hans Zimmer a tocar ao piano, antecederam o último tema, e aquele que certamente era o mais esperado por muitos, a “Pirates of the Caribbean Suite” (2003) com imagens do capitão Jack Sparrow a passarem na tela de fundo.

As despedidas e agradecimentos foram demoradas, com Gavin Greenway a fazer questão de mencionar, um a um, todos os solistas que tiveram um papel de destaque ao longo do espectáculo. Porém, este não foi um adeus definitivo, mas sim um até já, isto porque “The World of Hans Zimmer – A New Dimension” estará de regresso à MEO Arena a 9 de Dezembro de 2024 para voltar a deslumbrar todos os cinéfilos e amantes de bandas sonoras.

SETLIST

  • Man of Steel Suite: Part 1 “What Are You Going to Do When You Are Not Saving The World?
    Driving (Miss Daisy)
    The Rock
    Pearl Harbor
    The Dark Knight
    No Time to Die Suite
    Gladiator Suite
    Interstellar Suite
    Wonder Woman Suite
    Kung Fu Panda
    Discombobulate (Sherlock Holmes)
    A Time of Quiet Between the Storms (Dune: Part Two)
    The Prince of Egypt
    Mother Africa (The Power of One)
    The Lion King Suite
    Dream Is Collapsing
    Inception: Time