Último dia de SBSR’11
É bom quando o melhor está guardado para o fim. Pode debater quem quiser, mas a verdade é que Brandon Flowers e Slash, em estilos completamente distintos mostraram temas que contagiaram a assistência desde a primeira fila, junto às grades, até às últimas. Principalmente o lendário guitarrista.
Os X-Wife [entrevista na próxima AS] abriram o palco logo numa toada positiva e vibrante. O público estava do seu lado e, para isso, conta o facto de terem temas como “On The Radio”, “Heart Of The World” ou “Fall”. Ouvi mesmo no público alguém fazer um comentário que ilustra, muitas vezes, um elogio de atitude nos temas: “nem parecem portugueses”. Contudo, são e são mesmo uma grande banda que deu um grande concerto.
Surgiu Brandon Flowers que surpreendeu em nome próprio. Abriu logo com “Crossfire” e o público foi atingido pelas melodias simples, mas “assassinas”, e pela rajada emocional com “Magdalena” e a surpresa de ouvir a canção sobre os olhos de “Bette Davis” [Rod Stewart]. Com uma grande banda, que ao vivo soa com um cheirinho a Bruce Springsteen, e a usar do recurso Killers, com “Read My Mind” e “Mr. Brightside”.
Os Elbow, tal como os Portishead na noite anterior, surgiram algo deslocados. Com a maior parte do público a conhecer pela primeira vez a banda. Quanto ao concerto em si, os níveis de produção e charme de temas como “Open Arms” são irrefutáveis, mas a banda deixa uma impressão de decalque a Peter Gabriel – de qualquer forma isso será sempre um elogio. A confiança e solidez da banda, junto da simpatia do vocalista Guy Garvey, foram conquistando o público. Fica a esperança de poder observá-los num ambiente em que joguem em casa.
Quem também trouxe mais uma vez velhos recursos, que neste caso são clássicos, foi Slash. Queira-se ou não admitir (e custa perceber os preconceitos que hoje existem com o hard rock), as malhas de “Appettite For Destruction” (“Nightrain”, “Mr. Brownstone”, “Sweet Child O’ Mine” e “Paradise City”) dinamitaram o público, especialmente as duas últimas apontadas. É uma arma natural usar esses temas colossais de Guns N’ Roses e qualquer outro músico que as pudesse intercalar no seu set não hesitaria em fazê-lo. Num set que o guitarrista, no seu twitter, classificou de dolorosamente curto, houve espaço para “Ghost”, “Back From Cali” e “Promise” (do seu último trabalho), “Slither” e a provocante “Mean Bone”.
Se começou com gente a sorrir condescendentemente perante os velhos truques que iria tirar da cartola, no final só por teimosia alguém diria que este não foi um dos melhores concertos do festival. O que não se justificava era a enorme desproporção na redução de volume em comparação com os headliners.
Os The Strokes vinham obrigados pelo ex-gunner a suar para manter os níveis de entusiasmo no público e a banda começou bem, com temas como “New York City Cops”, “Reptilia”, “Machu Picchu”, “Last Nite” ou “Is This It”, mas depois – até com a estranha quebra de energia eléctrica que sucedeu no palco – o concerto foi esmorecendo na sua intensidade. E a banda começou a demonstrar alguma displicência e até mesmo os erros nas letras de Julian Casablancas afastaram um pouco os The Strokes do público, que mesmo assim lhes pediu encore, que a banda não deu.
Quem acabaria por nos dar encore foram mesmo os técnicos de som, que dispararam “I Used To Love Her” e motivaram ovação do público. Slash dizia recentemente que ainda ficava admirado com o fascínio que continua a ver com Guns N’ Roses… é que as lendas não morrem.
The Kooks, Tame Impala, Portishead, Legendary Tigerman, Arcade Fire, Brandon Flowers e Slash conseguiram fazer esquecer o desconforto que esta versão SBSR no segundo ano continua a impor. Para o ano há mais.