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Um Halloween Rock ‘n’ Roll Com Os Wolf Alice Em Lisboa

Um Halloween Rock ‘n’ Roll Com Os Wolf Alice Em Lisboa

2022-10-31, Coliseu dos Recreios
Miguel Grazina Barros
João Padinha / Everything Is New
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Em plena noite de Halloween, os Wolf Alice regressaram a Lisboa para um concerto a solo, três meses depois de acompanharem Harry Styles na Altice Arena.

20h, Coliseu dos Recreios, os britânicos Wolf Alice pisaram o palco para um concerto que certamente não desiludiu os fãs. No entanto, faltou afluência do público para converter os mais cépticos à índole Rock ‘n’ Roll que envolveu toda a performance especial de Halloween. A banda esteve presente em Lisboa apenas há 3 meses – dessa vez como banda de suporte da super pop star Harry Styles na Altice Arena. Quando perguntámos a Theo Ellis – baixista dos Wolf Alice – sobre a principal diferença entre esse concerto com Harry Styles e o concerto de “Halloween”, a sua resposta foi «Bem, não estarão tantas pessoas presentes como estiveram para o Harry Styles». Um Coliseu meio-cheio (ou meio-vazio) não permitiu que o concerto fosse catapultado para outro nível, ainda assim, foram 1h30m de boa música e bons disfarces de Halloween. Ainda antes do concerto já se avistavam t-shirts e merchandising com um design semelhante ao do filme de Danny Boyle, mas em vez de “Trainspotting” figurava o nome da banda – não é de estranhar, visto que “Silk” fez parte da banda sonora da sequela do icónico filme.

O inconfundível tema do filme de 1984 “Ghostbusters” fez-se ouvir, adequadamente, antes dos heróis da noite pisarem o palco. Ellie Rowsell dá a voz e a cara aos Wolf Alice – nesta noite, vestida a rigor à vampiro – um pormenor especialmente cómico quando a sua voz doce e etérea se desembrulha de tal monstruosidade. Joff Oddie pode ser considerado “a outra metade” da banda, fiel às suas guitarras de eleição Fender Jaguar que proporcionam todos os acenos aos rock e ao shoegaze dos anos 90 presentes nos Wolf Alice. Joel Amey é o baterista detentor de um feito que nunca deixa de impressionar – proporcionar backing-vocals enquanto se toca bateria. Theo Ellis é o baixista possessor de um carácter do mesmo tamanho que as suas linhas de baixo, sempre muito entusiasta e o membro mais interactivo da banda. Ainda em palco, um quinto membro de apoio nos teclados.

 

A efusiva “Smile” abriu o concerto que se dedicou especialmente ao mais recente álbum “Blue Weekend”. De seguida, “You’re a Germ” assegurou um ritmo assertivo e puxou pelo lado mais punk da banda, canção retirada do álbum de estreia “My Love Is Cool” e que, curiosamente, vem acompanhada de um videoclipe de terror. “Lipstick On The Glass” é a faixa que poderia figurar num filme dramático de “high school” dos anos 90, por vezes prejudicada pela eterna reverberação do Coliseu dos Recreios que transforma as frequências mais graves numa espiral infinita – uma vez mais, se a sala se encontrasse mais composta, a reverberação seria menor.

A certa altura, Theo dirige-se ao público – «Acho que não tivemos um público assim durante toda a digressão» – claramente impressionado com a eufórica plateia (maioritariamente) portuguesa.

A certa altura, Theo dirige-se ao público – «Acho que não tivemos um público assim durante toda a digressão» – claramente impressionado com a eufórica plateia (maioritariamente) portuguesa. “Play the Greatest Hits” assegurou toda a rebeldia punk dos Sex Pistols e podia também fazer parte da banda sonora de “Trainspotting” – “It isn’t loud enough (Não está alto o suficiente)” canta Ellie, um apelo que poderia encaixar-se no volume do som do Coliseu dos Recreios, que poderia, de facto, estar mais alto. A guitarra “Frankenstein” Jag-Master de Joff Oddie proporcionou o gigante riff em “Giant Peach”, que terminou num enorme rodopio em espirais de feedback psicadélicas.

Pelas 21h14, a banda abandona o palco e o clássico bater de pés – que se assemelha a um comboio subterrâneo a passar por baixo do Coliseu – rapidamente a traz de volta. A primeira canção do encore é a previsível “Lisbon”, que apesar do nome enganador, nada tem a ver com a cidade do momento – remete na verdade para o clássico da literatura “As Virgens Suicidas” e as irmãs Lisbon – como aprendemos na entrevista a Theo Ellis, não poderia faltar. Ainda durante esta canção, Joff atira a sua guitarra a uma altura impressionante e apanha-a sem qualquer problema. “The Last Man on Earth” foi um belo momento iluminado à luz do flash dos telemóveis – até Theo se juntou ao movimento. “Don’t Delete The Kisses” foi o hino que encerrou o concerto dos britânicos, que provaram mais uma vez toda a sua relevância – «Adoramos esta cidade!» assegurou Ellie. Voltarão em breve e para uma plateia maior.

SETLIST

  • Smile
    You’re a Germ
    Formidable Cool
    Delicious Things
    Lipstick on the Glass
    Planet Hunter
    Space & Time
    Bros
    Safe From Heartbreak (If You Never Fall in Love)
    How Can I Make It OK?
    Play the Greatest Hits
    Silk
    Feeling Myself
    The Beach II
    Visions of a Life
    No Hard Feelings
    Giant Peach
    Encore:
    Lisbon
    The Last Man on Earth
    Don’t Delete the Kisses