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ZZ Top

La Futura

American Recordings, 2012-09-10

EM LOOP
  • I Gotsta Get Paid
  • Consumption
  • Over You
Nero

Três “gajos” valem por mil DJs? Os ZZ Top acreditam piamente que sim e fazem questão de mostrar argumentos de força nesse credo em “La Futura”, de 2012, álbum ainda sem sucessor e, sabe-se agora, o último de sempre com o baixista Dusty Hill.

O “estalo” de som de “La Futura”, editado em Setembro de 2012, levanta uma vez mais a questão de que raio Rick Rubin é dotado auditivamente para fazer soar bandas assim. Mas neste caso não fez sozinho, porque o próprio Billy Gibbons teve um papel fundamental no som do disco, ao assumir a fase final do tratamento dos temas em estúdio, e depois na solidez e no super groove que lhe juntam Frank Beard e Dusty Hill.

Consequentemente, esse super groove é resultado duma fé inabalável num estilo de vida e sonoridade. Chamem-lhes conservadores, mas a verdade é que mais vale ter uma sonoridade a ressoar, que uma fusão vanguardista a destoar.

Caramba, o som de guitarra de Gibbons faz lamentar não existir uma tradução fiel na nossa língua para o termo inglês meltdown! Felizmente, um tema como “I Gotsta Get Paid” é perfeitamente auto-ilustrativo. Que overdrive! Parece que as Gibson estão realmente a derreter aquele Marshall baseado num Super Lead de 1968. O som que Gibbons consegue com os overdrives Expandora e Blackstone Appliances é uma das razões porque tantas vezes se discute a mais-valia de vintage gear. Em confronto com o tradicionalismo surgem as extravagantes, mas sempre trancadas, estruturas de bateria com contratempos que, em vez de quebrar, alimentam o swing nos temas.

Esteticamente há tanto a dizer sobre o álbum como haveria a dizer sobre um lançamento de AC/DC, ou seja, same old same old. A novidade está mesmo no tamanho do som, ao qual Rubin deu a densidade que havia conseguido com os American Recordings de Cash, e depois o trabalho final de Gibbons “sujou” até um ponto em que este podia ser perfeitamente um disco da faceta mais sulista dos Clutch.

Um tema como “Consumption” apresenta aqueles solos sujos de Gibbons, carregados com Tone Bender e Treble Booster, algo que neste trabalho parece solidificado por um detalhe – a maioria dos temas apresentados aqui parece possuir um decréscimo de bpm’s, algo que é mesmo assumido na Tom Waitsiana “Over You”, o que transporta a banda para a sua passagem pelos anos 70, sem terem deixado totalmente de lado o imediatismo orelhudo de quando aprenderam a fazer hit singles nos anos 80.