Parece que Timothy Showalter terá sentido necessidade de mudar a sua música e mudou bastante. As enormes mudanças atingiram até o próprio formato, tendencialmente semi-acústico. Seria criativamente esquizofrénico (ou será mesmo) se não fosse uma espécie de trabalho confessional. As diferentes intensidades, apontamentos melódicos, obedecem aos momentos de uma cura pessoal. “Heal” expurga a alma do músico, mas deixa em aberto uma série de questões para o futuro. Após três álbuns, “Heal” faz tudo novo.
Entre o tumulto pessoal e uma redescoberta musical, Timothy Showalter criou neste álbum a sua melhor canção
A partir daqui Showalter terá que decidir-se entre o synth pop carregado do nevoeiro britânico (“Goshen ’97” ou “Heal”), um tipo de andamento springsteenesco electrónico (“Same Emotions”) ou um sentimento pós roqueiro dado a ares de americana sulista (“JM”). O folk tipo canta-autor estará definitivamente para trás, mas num sentido puramente emocional, Showalter mantém a capacidade de “falar” directamente através das canções. “JM” possui uma emotividade arrasadora, uma simplicidade desarmante e uma densidade sonora irresistível. Uma das melhores canções do ano.