Future Islands, Pires Lima Casanova
2014-10-23, Musicbox, LisboaOs Future Islands satisfizeram todas as expectativas em relação à sua prestação em concerto. Grande bailarico num Musicbox à pinha.
Estão a ver Buffalo Bill a dançar “Goodbye Horses”, de Q Lazzarus, no “Silêncio dos Inocentes”? Não tem nada a ver com os moves pintas do Samuel Herring, mas o new wave dos Future Islands vê-se aí ao espelho. Já o Samuel Herring parece mais o Pires Lima (podem fazer todas analogias com o jogo de cintura).
O foco esteve no último álbum, muito bem acolhido pela sala esgotada desde as primeiras notas de “A Dream of You and Me”. “A Song for Our Grandfathers”, “Doves”, “Light House”, “Seasons (Waiting on You)”, claro, e “Spirit”. É certo que “Singles” será o álbum mais sólido da banda mas, em palco, os Future Islands nivelam toda a sua discografia com uma abundância de atitude, muito por culpa do recurso a Michael Lowry em concertos. O poder de batida, principalmente na tarola, e vivacidade dinâmica do baterista – principalmente nos momentos em que dobra os beats electrónicos – aproximam, ao vivo, os Future Islands dos, já saudosos, LCD Soundsystem. Até porque, tal como James Murphy, o carisma de Herring é evidente e ostensivo.
A presença do baterista Michael Lowry, músico de tour, redimensiona a música dos Future Islands
Não se pode ter tudo e Herring tem tanto de carisma como perdeu ontem em voz. A exuberância física do vocalista teve o seu preço e, principalmente nos downtempos como “Give Us The Wind” ou “A Song for Our Grandfathers”, por exemplo, Herring não é capaz de manter a vocalização cénica dos álbuns. Mas Lowry e Herring precisam, de facto, desses momentos. Até os pintas precisam de pausas. Mesmo em concertos ininterruptamente apoteóticos como o que os Future Islands deram ontem.
Excluindo a passagem dos Ulver por ali, há um par de anos, o Musicbox teve o melhor som que já lá pudemos ouvir.
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Foto: Alípio Padilha