Boris

Quando chegámos ao MusicBox, à hora anunciada para o início dos concertos, estavam a iniciar os Russian Circles, assim não vimos Saade. Os Russian Circles, trio de Chicago, mostraram um instrumental como muitas ideias, algumas bem conseguidas, mas alguma falta de coesão nos temas, com muita informação, muitos riffs, que por vezes dá a sensação de ser pouco fluida ou com pouco nexo estrutural – ainda assim, cada um dos elementos é um bom músico e individualmente foi um concerto bom de assistir, falta a banda ganhar um sentido maior de coesão entre as partes de cada um. Não conhecia o som da banda, ainda assim, é algo a rever.

Os japoneses subiram ao palco com o som mais poderoso que já tive oportunidade de ouvir, um bombo perfeito e num volume tremendo, acompanhado por o corpo extremo de graves dos restantes elementos duma forma quase perfeita – se já ouviram concertos no MusicBox percebem porque isto seria algo a temer.

Uma actuação que apenas pecou por escassa, pois a banda optou por variar diferentes áreas da sua imensa discografia, afinal este ano a banda lançou mesmo três álbuns, cada um com a sua atmosfera e personalidade. E em tão pouco tempo foi difícil ajustar o ouvido de coisas completamente punk como “Statement” para outras de experimentação electrónica, como “Partyboy” ou “Attention Please”, do recente trabalho do mesmo nome – e quão direccionado para Wata parece, a guitarrista está a cantar cada vez melhor. Foi um concerto com um efeito perverso de nos deixar expectantes por mais, principalmente depois dum final com os colossais “Missing Pieces” e “Aileron”, ambos do segundo álbum da série “Heavy Rocks”, também lançado este ano, na mesma data que “Attention Please”.

E assim, no momento de hipnose fomos subitamente despertados pela crueldade do silêncio, pelo ressoar persistente dos níveis poderosos de amplificação a que fomos submetidos… soube a pouco.