Allman Brothers, Os 50 Anos de “At Fillmore East”
O “jamtástico” álbum ao vivo dos Allman Brothers, considerado por muitos o melhor álbum ao vivo na história do rock, foi editado em Julho de 1971. “At Fillmore East” é uma épica cápsula temporal a um das mais vibrantes épocas da música popular e é uma das obras preservadas na Library of Congress.
“At Fillmore East” é o primeiro álbum ao vivo dos Allman Brothers Band, e o seu terceiro lançamento discográfico. Produzido por Tom Dowd, o álbum foi lançado em 6 de Julho de 1971, nos Estados Unidos, pela Capricorn Records. Como o título indica, a gravação teve lugar na sala nova-iorquina Fillmore East, em Março de 1971, e mostra a banda numa forma excepcional, tocando versões alargadas jams de canções como “Whipping Post”, “You Don’t Love Me” e “In Memory of Elizabeth Reed”.
Originalmente, foi lançado como um LP duplo, com apenas sete canções distribuídas pelas quatro faces do vinil. Foi este disco que catapultou a banda comercialmente e também junto da crítica. Aliás, é geralmente referido como um dos melhores álbuns ao vivo de sempre. Em 2004, o álbum foi seleccionado para preservação na Library of Congress, considerado «cultural, histórica ou esteticamente importante» pelo National Recording Registry.
Sendo exacto, a formação dos Allman Brothers teve lugar já há 51 anos, na Primavera de 1969 (o que não aconteceu nesse ano mágico, afinal?). A banda teve várias formações ao longo dos anos e o seu último concerto teve lugar, também em Nova Iorque, em Outubro de 2014. Nestes últimos anos, morreram dois dos músicos da formação original. O baterista Butch Trucks suicidou-se em Janeiro de 2017 e o vocalista/teclista Gregg Allman morreu devido a um cancro no fígado alguns meses depois. Duane Allman morreu em 1971, num acidente de mota, pouco depois de ter gravado uma das mais importantes canções do rock ao lado de Eric Clapton. Já em 2019, a sua histórica Gibson Les Paul ’57 Goldtop foi leiloada por um balúrdio.
“At Fillmore East” foi gravado durante duas noites – 12 e 13 de Março de 1971. Tom Dowd já tinha trabalhado no seu segundo álbum de estúdio dos Allman Bros., “Idlewild South”. O lendário produtor trabalhou com um multitracker de fita com e se foi um desafio ter que captar as dinâmicas de dois bateristas, além de dois guitarristas (o que, acreditem, não era assim tão comum em 1971), as coisas complicaram-se quando a banda apareceu no soundcheck, inesperadamente, com o saxofonista Rudolph “Juicy” Carter, na altura um perfeito desconhecido, e o membro “não-oficial” de longa data Thom Doucette, para tocar harmónica.
Dowd chegou a recordar: «Esperava que pudéssemos isolá-los, para os podermos limpar e usar as canções, mas eles começaram a tocar e os sons estavam a dispersar por todo o lado, tornando as canções inutilizáveis». Ao intervalo do concerto, Dowd dirigiu-se a Duane, pedindo que cortasse os sopros. O guitarrista adorava-os, mas concedeu.
A noite de 13 de Março esteve quase para não acontecer, após uma ameaça de bomba. Começou atrasada e só terminou pelas 06h do dia seguinte. «Foi o nosso auge», diria o guitarrista Dickey Betts mais tarde. «Os dias de Fillmore são definitivamente as memórias mais preciosas que tenho. Se perguntassem a toda a gente na banda, provavelmente diriam o mesmo».