Sabotage Club e Décibel Bar Fecham Portas. RCA Club Faz Apelo Desesperado.
Um pouco por toda a Europa, o circuito de salas underground clama desesperadamente por ajuda ao sector. Parados há 6 meses e sem conseguirem cumprir as regras impostas pelos governos para reabrir actividade, o inevitável fecho de portas começa a ser uma realidade.
Parado desde Março e sem condições para seguir à risca as regras de distanciamento social, devido às delimitações físicas dos espaços, este sector está muito perto da ruína. Se o circuito de salas não for ajudado de alguma forma, serão várias as salas a encerrar portas. O Club de Vila Real (CVR) foi um dos primeiros a fechar a porta do espaço que tinha alugado, «há mais de 100 anos», a um privado «que tem feito desde sempre grande pressão para o clube sair das instalações».
Também o Décibel Bar em Setúbal anunciou o fim da actividade, a «dívida é enorme e a bola de neve não pode continuar a crescer, ainda para mais, quando nos deixarem abrir, vamos abrir com 1/4 da lotação que estávamos habituados a trabalhar e assim é difícil pagar as rendas em vigor mais as que estão em atraso.»
Em 2019, o Sabotage Club tinha já anunciado a saída do Nrº 16 da Rua de São Paulo, devido à especulação imobiliária na cidade de Lisboa. Agora a pandemia Covid-19 precipitou o fim anunciado, sem possibilitar sequer uma festa de despedida digna dos sete anos em que trouxeram a riqueza da contra-cultura até ao Cais do Sodré.
Ambas as casas prometem fazer tudo o que for possível para reabrir, mas o futuro é incerto e negro. Os espaços que têm conseguido sobreviver, têm tentado manter actividade por outras formas como é o caso do Carmo 81 e do Musicbox.
O RCA Club, em Lisboa, tem feito as mais variadas iniciativas para conseguir angariar fundos que lhes permitam pagar as despesas mensais. No entanto, muito perto do abismo fazem um novo apelo para conseguir fazer face às despesas até ao final do ano: «O RCA CLUB está num momento crucial da sua existência! Conseguimos sobreviver até ao dia de hoje, graças à ajuda de todos quantos fizeram donativos para esse efeito. No entanto, não conseguimos estruturar uma reabertura com lotação reduzida, que nos dê garantias de faturação que permita pagar as despesas correntes, nomeadamente o arrendamento do espaço. Conseguimos, apesar de tudo, a hipótese de negociar um perdão de valores com o nosso senhorio, mas que pressupõe o pagamento imediato do restante valor até ao fim do mês (no máximo até dia 8 Set). Esse pagamento permite-nos um olhar otimista até ao fim do ano, com fortes possibilidades de estruturar a tão ambicionada reabertura.»
Um pouco por toda a Europa são vários os apelos para salvar este circuito e nem os Clubs mais icónicos, como o Cavern Club em Liverpoool, conseguem lutar sozinhos contra este inimigo invisível. Todo o sector cultural pede ajuda urgente dos vários governos para salvar o primeiro sector a fechar portas e ainda sem previsão concreta de reabertura.
Recordamos a iniciativa da Raging Planet, editora portuguesa que criou uma campanha de vendas cujo lucro irá reverter totalmente para uma lista de salas que alimentam o circuito musical nacional que está fora do mainstream, uma actividade estrategicamente vital para a música portuguesa e que está fora dos incentivos estatais dedicados à cultura.