“Património pensado e vivido” é a frase que o Imaterial pretende dar vida na segunda edição do festival em Évora.
De 1 a 9 de Outubro vai realizar-se a segunda edição do festival que «pretende ser um local de transmissão de saberes e culturas entre diferentes povos e gerações», segundo a organização. O Imaterial, na primeira edição, trouxe à cidade alentejana nomes oriundos um pouco de toda a parte, lugares como o Azerbeijão, Mali, Mongólia, Turquia, França e mais a fazerem parte da lista de países que enviaram artistas para o festival.
Para a edição de 2022, o Imaterial renova a aposta na multiculturalidade musical com todas as confirmações até agora a representarem países diferentes. Entre muitos outros artistas está desde já confirmada a presença de um conjunto de músicos que são, cada um à sua maneira, intérpretes daquilo que significa tomar o passado por referência para inventar uma música de hoje: Parvathy Baul (Índia), Tarta Relena (Catalunha), Annie Ebrel & Riccardo Del Fra (Bretanha), Saz’iso (Albânia), Amélia Muge (Portugal), Natch (Cabo Verde) e Lia de Itamaracá (Brasil).
Parvathy Baul vem da Índia com instruções para estabelecer uma ponte entre o mundo ancestral dos mestres baul e o mundo moderno. A artista serpenteia a voz por entre notas do ektara, instrumento de uma só corda característico do sul asiático, numa mistura de canto e prática espiritual.
O duo catalão Tarta Relena é constituído por duas amigas de infância Narta Torrella e Helena Ros. As duas combinam as vozes e as influências da passagem pelo grupo coral com eletrónica em “Fiat Lux”, álbum de estreia.
Annie Ebrel & Riccardo Del Fra venceram um prémio em 1999 quando da união surgiu “Voulouz Loar – Velluto di Luna”. O disco, que figura Annie em gwerzioù (lamentos em bretão) e d’airs de danse com Riccardo no contrabaixo, recebeu uma re-edição recente e, permite uma re-descoberta.
O saze é um género musical típico da Albânia, desconhecido do mundo até, em 2017, o produtor Joe Boyd (Pink Floyd, Nick Drake) produzir “At Least Wave Your Handkerchief at Me” dos Saz’iso. A primeira faixa define o tom do projeto e conta-nos a história de um pastor que pede para tocar flauta pela última vez antes dos ladrões que vieram pelo seu rebanho o matarem. Confirmados para o Imaterial os Saz’iso entregam-se a cada canção como o pastor.
Amélia Muge situou o seu último disco “Amélias” «entre o canto dos Neanderthal e o HAL 9000 de 2001 Odisseia no Espaço». A experiente cantautora portuguesa que já escreveu para nomes como Ana Moura, Camané ou Mísia, é a primeira confirmação portuguesa do festival.
Nascido em S. Tomé e Principe, Natch, foi levado aos seis meses de idade para Cabo Verde. Vocalista do grupo Kings nos anos 80, o seu percurso de vida é notável por tudo menos pela suavidade, uma característica que marca a sua voz. Natch é um baú repleto de músicas locais a descobrir.
A última confirmação também provém de uma país onde se fala português, Lia de Itamaracá é brasileira septuagenária e conhecida como a “Rainha de Ciranda”. Lia promove um clima de festa e partilha onde atua e certamente fará o mesmo em Évora.
Além da programação musical e do Encontro Ibérico de Música, onde se apresenta uma nova geração de artistas do território ibérico, que conta com parceiros da Galiza, País Basco e Catalunha, o festival vai receber pela primeira vez um ciclo de cinema documental assim como um ciclo de conferências, que promovem um encontro entre o património edificado e o património imaterial, animado por um desejo de colocar os dois em diálogo, mas também pelo compromisso de agitar o pensamento em torno destes legados.
Toda a programação da 2ª Edição do Imaterial é de acesso gratuito mediante lotação dos espaços onde decorre,.
Mais informações consulta o site do festival aqui.