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AS10 Coisas a Saber Sobre “Ten”, dos Pearl Jam

AS10 Coisas a Saber Sobre “Ten”, dos Pearl Jam

Nuno Sarafa

Dez coisas que provavelmente não sabes sobre o primeiro disco dos Pearl Jam. “Ten” saiu a 27 de Agosto de 1991. Faz hoje 30 anos.

Tudo se precipita quando os Mother Love Bone viram o vocalista Andrew Wood morrer de uma overdose de heroína em 1990, um pouco antes do lançamento do álbum de estreia “Apple”. O futuro dos membros sobreviventes era algo incerto. E a verdade é que ainda demorou algum tempo até que o guitarrista Stone Gossard e o baixista Jeff Ament concordassem em voltar a tocar juntos.

Stone Gossard começou entretanto a fazer algumas experiências com outro guitarrista de Seattle, Mike McCready, na altura nos Shadow, juntando-se aos homens das seis cordas, pouco tempo depois, o baixista Jeff Ament.

Chris Cornell, na altura já nos Soundgarden, recrutou o trio para um projecto paralelo chamado Temple of the Dog com o baterista Matt Cameron, tendo gravado um único álbum, em homenagem ao falecido Andrew Wood.

Enquanto estavam a trabalhar no álbum dos Temple of the Dog, Stone Gossard, Jeff Ament, Mike McCready e Matt Cameron iam improvisando em novo material, mas faltava alguém para cantar.  Eles andavam à procura de um vocalista. E um tal de Eddie Vedder – que entretanto conseguiu as demos – andava à procura de uma banda. Então, Vedder voou de San Diego até Seattle para fazer uma audição, ficou com o lugar e até gravou vozes num dos temas do disco dos Temple of the Dog – “Hunger Strike”.

Este agora grupo de cinco jovens acabaria por formar uma banda que se viria a chamar Pearl Jam e que lançaria o álbum de estreia, “Ten”, a 27 de Agosto de 1991. Mas nem tudo foi simples ou linear.

“Ten” esteve longe de ser um sucesso comercial imediato. Só quando recebeu a atenção que merecia é que disparou nas tabelas de vendas e nas ondas da rádio. Desde então, foi certificado 13 vezes com platina e é um dos álbuns de estreia mais vendidos de todos os tempos, sendo o maior sucesso comercial de sempre da banda de Seattle.

Posto isto, fica com uma lista de 10 factos curiosos sobre o primeiro álbum dos Pearl Jam.

1. Canções de “Stone Gossard Demos ’91” usadas para recrutar um vocalista | Jeff Ament, Stone Gossard, Mike McCready, Matt Cameron e Chris Friel gravaram uma colecção de canções intituladas Stone Gossard Demos ’91, com o propósito de recrutar um vocalista. Eddie Vedder obteve as cassetes e escreveu a letra de várias das canções no dia seguinte. Inicialmente intituladas “Dollar Short”, “Agytian Crave” e “E Ballad”, as três canções tornar-se-iam realmente “Alive”, “Once” e “Black”, respectivamente.

2. Uma das demos tornou-se uma canção dos Temple of the Dog | “Footsteps” foi outra das demos incluídas no conjunto de temas já mencionado. Vedder também escreveu a letra para a canção, mas foi deixada de fora do álbum e, em vez disso, lançada como lado B de “Jeremy”. Foi também mais tarde apresentada na compilação de 2003 “Lost Dogs”. Na verdade, a canção seguiu mais do que um caminho. No álbum dos Temple of the Dog, a música “Footsteps” foi transformada numa faixa chamada “Times of Trouble”. Ouçam e comparem.

3. Basquetebolista Mookie Blaylock, o verdadeiro “Ten” | Os Pearl Jam chamavam-se originalmente Mookie Blaylock, o nome de um jogador da NBA de quem os músicos eram fãs. Depois de terem sido forçados a mudar de nome, optando por aquele que ficou para a história, a banda decidiu chamar “Ten” ao álbum de estreia, uma vez que esse jogador de basquetebol, que passou pelos New Jersey Nets, Atlanta Hawks e Golden State Warriors, usava o número 10 na sua camisola.

4. Vender 100.000 exemplares já teria sido um sucesso total | Embora eles já soubessem que tinham algo especial entre mãos, o álbum não foi um sucesso imediato e os Pearl Jam precisavam de estrada para crescer. «Sabíamos que ainda estávamos muito longe de ser uma verdadeira banda naquele momento, e precisávamos de fazer uma digressão», admitiu Jeff Ament. «Por isso, essencialmente, “Ten” era apenas uma desculpa para fazer uma digressão. E dissemos à editora: “Sabemos que podemos ser uma grande banda, por isso vamos ter a oportunidade de sair e tocar”. Quando foi lançado imaginei que se vendêssemos 100.000 exemplares seria um sucesso total», acrescentou o baixista. O músico estaria longe de imaginar que “Ten” iria vender para lá de 20 milhões de cópias em todo o mundo e tornar-se o maior sucesso comercial de sempre da banda que viria a editar mais 10 álbuns de estúdio.

5. Baterista Dave Krusen saiu assim que terminaram as sessões de gravação | Dave Krusen juntou-se aos Pearl Jam em 1990, porque Matt Cameron não se comprometeu totalmente com a banda, uma vez que integrava as fileiras dos Soundgarden. Após a conclusão das sessões de gravação de “Ten”, Krusen saiu e internou-se para fazer reabilitação. «Eles tiveram de me deixar ir. Não conseguia parar de beber, e isso estava a causar problemas», confessou mais tarde o baterista. «Deram-me muitas oportunidades, mas não conseguia recompor-me».

6. Três das canções de “Ten” estão interligadas numa história bizarra | “Alive”, “Once” e “Footsteps” – esta última a tal faixa deixada fora do álbum – estão interligadas e servem para contar uma história algo sombria. «Toda a gente escreve sobre ela como se fosse uma coisa de afirmação da vida – e fico realmente contente com isso. Mas “Alive” é uma tortura», explica Eddie Vedder. “Alive” conta a história de um filho que, depois da morte do pai, tenta parecer-se tanto com o seu pai que a sua mãe o deseja de uma forma inadequada. Essa parte da história, menos o incesto, foi parcialmente inspirada na própria experiência de Vedder de não conhecer o seu próprio pai biológico. Ter de crescer e lidar com tantas emoções conflituosas e confusas leva a personagem a tornar-se um assassino em série, o que se reflecte depois na canção “Once”. Finalmente, em “Footsteps”, a personagem é executada pelas suas acções.

7. Um moinho de pimenta e um extintor de incêndio | Tim Palmer, que misturou o álbum em Inglaterra, utilizou, como efeitos sonoros adicionais na faixa “Oceans”, um moinho de pimenta como shaker e ainda o som de umas baquetas a tocar um extintor de incêndio. «Cerca de 30 segundos após o início da canção, pode ouvir-se o shaker/moinho de pimenta à esquerda e o som do extintor de incêndio à direita», revela Palmer. «É tudo bastante subtil, na verdade. A razão pela qual usei esses artigos foi simplesmente porque estávamos tão longe de uma loja de instrumentos que a necessidade tornou-se a mãe da invenção».

8. Capa do disco tem cenário gigante de madeira construído por Jeff Ament | O baterista Dave Krusen descreveu o conceito da capa do álbum, que retrata a banda a tentar “alcançar o céu”, como mostrando unidade. Além do conceito, há um pormenor que muitos desconhecem. «Jeff [Ament] construiu um cenário em madeira, uma coisa gigante, de tamanho real, com as letras de Pearl Jam. Aquilo de que estamos à frente era de tamanho real! Jeff é um artista espantoso», afirmou Krusen.

9. Banda não permitiu vídeo para “Black” | Foram várias as canções de “Ten” acompanhadas por videoclip. Mas a banda não queria que o tema fosse single e recusou fazer o mesmo com “Black”. Eddie Vedder foi uma vez mais porta-voz da banda: «Algumas canções simplesmente não foram feitas para serem tocadas entre o hit número 2 e o hit número 3. Não foi por isso que escrevemos canções. Não escrevemos para fazer hits. Essas canções frágeis são esmagadas pelo negócio. Não quero fazer parte do negócio. Não creio que a banda queira fazer parte disso».

10. “Jeremy” tem dois vídeos | Eddie Vedder conheceu Chris Cuffaro, que queria filmar um vídeo para a banda. A escolha recaiu em “Jeremy”, mas a Epic Records não estava disposta a financiar o vídeo. Então, Cuffaro financiou-o ele próprio após vender alguns móveis e contrair um empréstimo. Mas depois a Epic mudou de ideias. Assim, o vídeo oficial de “Jeremy” foi realizado por Mark Pellington, que teve rotação intensa na MTV e tornou-se uma das canções mais massivas da banda. Fica aqui a versão original do vídeo para “Jeremy”, com realização de Chris Cuffaro.