Quantcast
AS10 | REVERENCE VALADA EM PORTUGUÊS

AS10 | REVERENCE VALADA EM PORTUGUÊS

Nero

Os 10 concertos de bandas nacionais que não deviam perder.

De 27 a 29 de Agosto, mais de 50 bandas vão passar por Valada no Cartaxo. Nas já várias listas de recomendações de roteiro para o festival, a escolha é imensa. A aldeia de Valada é o cenário perfeito para os 3 palcos – Rio, Praia e Reverence. Todos, com uma oferta ecléctica e alargada, perfeitamente integrados no fantástico ambiente natural à beira Tejo. A Arte Sonora destaca os 10 concertos de bandas portuguesas que vale a pena considerar no roteiro.

KEEP RAZORS SHARP

KEEP RAZORS SHARP

Actualmente, basta ouvir-se um phaser para fazer subir a febre do psicadelismo. A associação do grupo que junta Afonso Rodrigues e Luís Raimundo, nas guitarras, Bráulio Alexandre, no baixo, e “BB”, na bateria, com os fumos deste ressurgimento do género é quase imediata, mas para a própria banda essa é uma falsa questão. «Não há uma aproximação assim tão grande ao que, de facto, está em voga, neste momento, quando as pessoas usam a palavra psicadelismo», afirma Afonso. O frontman, digamos assim, admite laivos genéricos, mas acrescenta que o foco esteve numa abordagem situada no final dos anos 80 e nos anos 90. Longe, portanto, de uma “Renascença Phaser Californiana”. Afonso reforça a espontaneidade e improviso das sessões de ensaios e composição, «saiu com uns “toques” psicadélicos, como com alguns de post-rock ou shoegaze, como poderia ter sido outra direcção completamente diferente». Inevitavelmente, as pessoas ouvem música música e fazem associações, mas para a banda é claro que o seu álbum de estreia não está particularmente ligado ao suposto género. No dia 27, no Palco Rio, pelas 23h40 regressam a Valada para mostrar um álbum que foi um dos melhores discos nacionais de 2014.

 

BIZARRA LOCOMOTIVA

BIZARRA LOCOMOTIVA

São cerca de vinte anos de carreira e de um som único em Portugal. Uma banda que marcou uma geração da música nacional e não necessita de grandes apresentações. Contudo, há a salientar que o “Álbum Negro”, o primeiro sob o selo ragingplanet, e o recente “Mortuário” surgiram como uma afirmação furiosa ao público, como que se a banda clamasse por um mérito que se esqueceu. A industrialização dos Bizarra Locomotiva é única, mesmo a nível mundial, pois apresenta em si um conceito romântico distorcido, herdado de bandas portuguesas como os Mão Morta, por exemplo, e uma densidade mística proveniente dum profundo sentido supersticioso/religioso do próprio povo português. Num dia mau são capazes de enfiar os Rammstein no bolso, num dia bom podem dar um concerto que ficará cravado a ferro na vossa memória, tal como o concerto de celebração de carreira. É verdade que os Sleep ou os Ufomammut vão passar no Reverence, mas será difícil que soem muito mais intensos, pesados e maquinais, que os Bizarra Locomotiva. No dia 28, no Palco Reverence, pelas 20h10.

 

SEAN RILEY & THE SLOWRIDERS

SEAN RILEY & THE SLOWRIDERS

Pegando no pseudónimo Sean Riley, Afonso Henriques descobriu os Slowriders e, à boleia duma atmosfera do cancioneiro norte-americano que discorre entre o blues, o rock e o folk, a banda lançou a despedida da adolescência – “Farewell”. A recepção às paisagens de melancolia suave conduziu a banda a “Only Time Will Tell”. Com a maturidade atingida, saiu o terceiro registo, “It’s Been A Long Night”. Neste momento, o 4º álbum encontra-se numa fase adiantada de misturas e é bastante provável surgir música nova no Reverence. Em palco, cada músico poderá tocar qualquer instrumento: «No espaço onde trabalhámos a pré-produção procuramos ter o máximo de soluções disponíveis – 2 kits de bateria montados, vários teclados, contrabaixo, flautas, violinos. Isso permite essa abertura de estar de volta de uma canção e alguém lembrar-se que ficava bem uma flauta e pega nela. Por norma, depois ao vivo respeitamos isso. Todos nós temos a consciência que somos razoáveis em algumas coisas e não tão razoáveis noutras [risos]». Com uma discografia em crescendo e longe dos palcos há algum tempo, no dia 29, no Palco Reverence, pelas 22h00, este concerto é dos que mais promessas de surpresas traz, além da certeza de charme sonoro e songwriting elegante.

 

PROCESS OF GUILT

PROCESS OF GUILT

Oriundos de Évora, onde ainda hoje subsistem poderosos artefactos de quando o mundo e a sua arte eram mais crus, os Process Of Guilt fizeram um percurso em ascensão desde as suas duas primeiras demotapes (“Portraits Of Regret” e “Demising Grace”), até chegarem ao seu terceiro álbum. “FÆMIN” é um monumento de peso colossal e com uma solidez de construção que não demonstra qualquer tipo de fissuras. Em comparação com os álbuns anteriores ganha sonoramente – quer em pressupostos técnicos quer estruturais – por um sentido mais cru, com menos processamento nas guitarras e um tamanho enorme no som de bateria. Certamente que aqueles que se fidelizaram com a banda devido a um sentido mais melódico poderão manifestar descontentamento com a estética deste álbum, mas não poderão anunciar-se surpresos, pois o álbum anterior já caminhava neste sentido. E no fundo, este é um álbum com composições e som muito mais fiéis ao que a banda mostrava ao vivo há um par de anos. Se “Renounce” e “Erosion” foram construções circulares, “FÆMIN” é o centro megalítico da carreira dos Process Of Guilt – um punho no rosto de deuses esquecidos. “Liar” seguiu os mesmo pressupostos e lançou-os para diante. A banda surgirá acompanhada do músico com quem colaborou no EP. Regressam ao Reverence, desta vez no palco principal, no dia 28, às 19h. Mais volume, mais peso.

 

10.000 RUSSOS

10.000 RUSSOS

“Lokomotiv Gobi”, “Kokoshkva Mitrovice”, “CSKA Putin”, “The Battle of Montevideo” e “Spartak Hunger”. A estética fonética do primeiro EP reporta-nos para uma altura em que o mundo não era uma aldeia global e em que, controlado o belicismo, a guerrilha ideológica se fazia nos campos sociais, culturais, artísticos. Um mundo de ideias mais fortes e, talvez, mais fáceis de interpretar. Ou simplesmente a ideia de que tudo isso era um disparate. Churchill, Roosevelt e Stalin como ícones pantomineiros. Há uma beleza ideológica na violência guerrilheira dos níveis de estridência, nas frequências do som, que a dupla debita em palco. Um lirismo indie – haver coisas que a Pitchfork ainda não catapultou para o hype. Há também, nessa estridência, a sensação de sermos convidados numa jam psicadélica e de podermos assistir a uma bad trip, sem sofrer os efeitos colaterais. Foi na edição do ano passado do Reverence Valada que os 10.000 Russos, após a sua actuação, foram interpelados pelo A&R da Fuzz Club Records (Underground Youth, Lola Colt, Sonic Jesus, entre outros), que os assinou na hora. O novo álbum homónimo foi agora editado, com distribuição mundial assegurada. O streaming integral pode ser escutado aqui. O concerto é no dia 29, no Palco Reverence, às 19h00.

 

SATURNIA

SATURNIA

O mais recente projecto a passar nas sessões do 5º Andar, na redacção da Arte Sonora. Para ouvir Luís Simões numa jam exclusiva com sitar e a rever, em conversa, a carreira de uma banda respeitadíssima no submundo do psicadelismo além fronteiras. Com a banda inteira, a experiência é bem mais intensa. O concerto é no dia 28, no Palco Rio, pelas 03h20. Logo de seguida, fazem jam.

 

FAST EDDIE NELSON

FAST EDDIE NELSON

Há umas décadas atrás, craque que surgisse no Barreirense acabava, muitas vezes, como estrela no Sporting ou Benfica. Nélson Oliveira, que até tem nome de promessa da bola, tem optado por jogar sozinho. Em edições próprias ou em colectâneas escolhidas a dedo, Fast Eddie Nelson viaja com mestria e, mais importante, linguagem própria e com uma atitude pouco comum na guitarrada eléctrica lusa entre o blues, o folk e o rock. O último registo, “Roots Run Deep”, tem riffalhada que Seasick Steve ou Billy Gibbons não desdenhariam ter escrito, para além de momentos de jarda que poderiam ter saído, por exemplo, de “From Beale Street To Oblivion”, dos Clutch. Dia 29, no Palco Praia, pelas 16h50.

 

LOS WAVES

LOS WAVES

O álbum do ano passado, “This Is Los Waves So What?”, quase a celebrar um ano, aliás, foi motivo de altos louvores para a Arte Sonora. Tudo é directo e simples nos Los Waves e os concerto não fogem à regra. Com o seu indie/garage/psicadélico a soar a Strokes, quando Julian Casablancas ainda não tinha ganho ascendente sobre Nick Valensi. Cru, com a solidificação de Marco Jung na bateria, e bera. Os Los Waves fazem a pentatónica soar melódica e rápida. No Reverence vão ter um palco a respeitar mais a sua música que o precário coreto do Alive, onde os vimos a última vez. Bater o pezinho é no dia 28, no Palco Praia, pelas 03h20.

 

GALGO

GALGO

Outra banda que vimos, recentemente, no Alive e que não podemos esperar para rever. A banda está na fase final de gravação de novo registo, nos Black Sheep Studio, e, além do enorme festival do Passeio Marítimo de Algés, vem com o acréscimo de rodagem por ter tocado no não menos pequeno, Sziget, na Hungria. Dia 27, no Palco Rio, às 18h50.

 

BEAUTIFY JUNKYARDS

BEAUTIFY JUNKYARDS

«São 12 músicas influenciadas pelas raízes da folk britânica mais outonal, do final dos anos 60, mas em que esses elementos são um ponto de partida, numa caminhada onde se vão revelando tonalidades cósmicas oriundas do fascínio pela fase da Kosmische Musik germânica, uma aventura em que se reconhece igualmente uma portugalidade intrínseca e onde os Beautify Junkyards cruzam o oceano para flirtar com um tropicalismo de padrões caleidoscópicos e cores vibrantes», pode ler-se na apresentação do disco. “The Beast Shouted Love” tem download gratuito aqui. O concerto promete maior expansão nos ambientes sonoros. Vale a pena ir cedo no dia 27. No Palco Rio, às 17h40.