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AS10 | Bateristas Portuguesas Que Devias Conhecer

AS10 | Bateristas Portuguesas Que Devias Conhecer

Nuno Sarafa

Neste artigo apresentamos algumas das bateristas portuguesas que todos devíamos conhecer.

Diz-se que a primeira mulher baterista surgiu no século XIX, mas foi preciso esperar até 1920 para se conhecer a primeira a enveredar por uma carreira profissional – nos EUA, pois claro. Chamava-se Viola Smith e morreu em 2020, com 107 anos de idade.

Na relativamente curta história deste instrumento, quase sempre foram os homens quem foi dominando – em quantidade – esta particular comunidade musical, quer a nível internacional, quer a nível nacional. É por isso mais ou menos raro encontrar-se bateristas femininas sentadas atrás do kit.

No entanto, fazendo uma investigação mais fina, em termos internacionais é muito fácil constatar que a realidade não é bem assim. Já em Portugal, o panorama é diferente, uma vez que não há assim tantas bateristas activas no mercado. Porém, as que existem provam que eventuais preconceitos não têm qualquer fundamento. Já agora, se estiverem interessados em conhecer algumas das mulheres que se destacam na indústria musical nacional, podem sempre espreitar o nosso artigo “As Mulheres na Música em Portugal“.

Mas centremo-nos então no universo da bateria e percussão. Do rock ao jazz, do funk à pop. Elas dominam o bombo, tarola e pratos de choque. E umas quantas peças mais. Depois do périplo pelas protagonistas internacionais, fiquem agora com uma lista de bateristas portuguesas que todos devíamos conhecer.

SUSIE FILIPE | Natural de Coimbra, onde nasceu há 33 anos, mas a viver em Aveiro desde os 10, Susie Filipe começou a tocar bateria há uma década e destaca-se pela sua versatilidade e presença. Enquanto elemento dos Siricaia, aventura-se pelos ritmos tradicionais portugueses, passando pelo jungle swing, e nos Moonshiners atira-se à country e aos blues. Além de tocar bateria e cantar, Susie é licenciada em Biologia, actriz e agente na Lazarus Agency.

SÓNIA “LITTLE B” CABRITA |  Nasceu em Lisboa em 1978 e mudou-se para o Algarve em 1994, onde começou a frequentar aulas de solfejo e bateria na Associação Filarmónica de Faro. Começou pelo universo do rock, mas em 2002 fartou-se e mudou-se de malas e bagagens para o jazz. Dez anos depois, Sónia “Little B” Cabrita tornava-se a primeira baterista portuguesa a compor e a gravar um álbum de jazz em nome próprio.

INÊS LOBO | Alentejana de Évora, onde nasceu em 1985, Inês Lobo iniciou os estudos musicais – piano – aos 10 anos de idade, entregando-se à bateria em 1999, começando por ser autodidacta. A partir de 2004 começou a trabalhar com várias bandas, entre as quais os Surveillance, um duo de baixo e bateria que lhe permitiu levar o seu som além fronteiras. É endorser da Yamaha. Recentemente, criou o projecto Drumless Tracks Experience, que podes espreitar aqui e apoiar aqui.

CAROLINA BRANDÃO | Natural de Arouca, onde nasceu em 1994, e residente no Porto, Carolina Brandão é dona e senhora dos beats velozes e implacáveis dos Sunflowers. Começou por tocar guitarra aos 15 anos, com a ajuda de cassetes e vídeos do YouTube. Depois, aventurou-se como baixista, mas como a banda não encontrava um baterista, Carolina rapidamente assumiu as peles desta banda indie com espírito garage punk. Além de baterista, Carolina é também General Manager na Arda Recorders.

HELENA FAGUNDES | Também conhecida por Lena Huracán, Helena nasceu em São Paulo, mas está radicada em Lisboa, onde mantém diversos projectos relacionados com música, e não só. Foi baterista em projectos como Vaiapraia ou The Dirty Coal Train, ocupa actualmente o lugar atrás do kit em Clementine, acumulando ainda com a função de baixista em Shaolin Soccer e freelancer na área da produção e pós-produção de áudio. Foi ainda uma das três argumentistas do documentário “Ela É Uma Música“. A cena garage rock é a sua praia.

JÚLIA REIS | Mais uma baterista da escola garage rock, a lisboeta Júlia Reis deu nas vistas ao lado da sua irmã Maria Reis enquanto Pega Monstro. Nascida em 1991 no seio de uma família de músicos, como é o caso do contrabaixista e baixista António Quintino, não foi por isso de estranhar que aos 16 anos Júlia se tivesse iniciado no mundo da bateria quando formou a banda Os Passos Em Volta. Estudou rock durante um ano e dois anos de jazz com Bruno Pedroso. Neste momento, dedica-se mais ao pandeiro, um instrumento que Júlia considera «muito mais prático, menos agressivo aos ouvidos, e igualmente desafiante».

MARIA CAMPOS | Nasceu em 1993 na Ericeira e iniciou os seus estudos em instrumentos rítmicos em 2002, tendo começado por tocar com diversas orquestras e filarmónicas da zona da Ericeira/Mafra e ainda com projectos como 7 Saias e Zé do Pipo. Neste momento, Maria Campos investe mais tempo num projecto em duo com o nome de Xodó – música popular brasileira -, que se dedica ao cancioneiro de nomes como Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Tom Jobim ou João Gilberto.

JOANA BATISTA | Cresceu numa vila espanhola, em León, onde viveu durante cerca de sete anos. Diz-se dona de uma insaciável vontade de aprender a tocar todos os instrumentos do mundo, sendo conhecida por ter formado uma banda com colegas da Escola Secundária de Miraflores Alexandre Sousa e Miguel Figueiredo (guitarra) e João Figueiras (baixo) – os Galgo. Influenciados por bandas como Battles ou Ratatat, os Galgo remetem o ouvinte para o psicadelismo, num estilo dentro do pós-rock e math-rock com um toque de afrobeat. Joana Batista é Licenciada em Audiovisual e Multimédia pela Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa e editora de vídeo/designer gráfica no projecto jornalístico Fumaça.

HELENA PEIXOTO | A vimaranense Helena Peixoto mandou, até 2018, no ritmo em The Black Wizards, banda nortenha da família dos Cream, Jimi Hendrix ou Led Zeppelin e que tem dado nas vistas desde que surgiu, em 2014. A escola de Helena é, naturalmente, o das baterias grandes, fortes e incisivas, directas ao assunto, tal e qual o rock. Mas Helena não se limita ao rock, uma vez que nos últimos anos tem pisado os territórios do jazz, não só como estudante da Escola de Jazz do Porto, mas também como integrante de alguns de combos, fazendo ainda uma perninha nos Unsafe Space Garden, praticantes de algo entre o prog-rock e a folk psicadélica.

CATARINA “KATARI” DA SILVA HENRIQUES | Terminamos o artigo com aquela que será, provavelmente, a mais mediática da lista. A mulher por detrás do kit das Anarchicks e, mais recentemente, da banda alter-ego de Paulo Furtado, The Legendary Tigerman, é uma verdadeira fera em palco. Catarina “Katari” da Silva Henriques é natural de Lisboa, onde nasceu em 1978, é copy de profissão numa agência de publicidade e baterista de coração. Uma verdadeira punk rocker.