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ENTREVISTA | Club Makumba: Liberdade, Diversidade e Celebração [Vídeo]

ENTREVISTA | Club Makumba: Liberdade, Diversidade e Celebração [Vídeo]

Nuno Sarafa
Miguel Grazina Barros

Tó Trips, João Doce, Gonçalo Prazeres e Gonçalo Leonardo são Club Makumba, nova tribo da música nacional que dispara sons do Mediterrâneo inspirados em quadros, imagens ou poemas pregados em paredes e que faz da dança um acto de resistência. Disco de estreia em alta rotação.

Manhã de Sol de Inverno. À hora combinada, Tó Trips, que há cinco anos trocou a azáfama da capital pela pacatez de uma pequena vila algures na Margem Sul, abre a porta da sua casa e recebe-nos com um sorriso largo e um café quente para ajudar a acordar.

À nossa espera, no interior, está já o contrabaixista Gonçalo Leonardo. O outro Gonçalo, o Prazeres, feiticeiro do saxofone, juntar-se-ia ao clube logo de seguida. Faltava apenas o percussionista João Doce, que por morar em Esmoriz nem sempre consegue marcar presença nestes encontros mais a Sul.

Enquanto é escolhido o melhor plano para a entrevista – tarefa não muito simples, tendo em conta que o estúdio de Tó Trips é inspirador e está repleto de memorabilia digna de ser vista -, o trio prepara os instrumentos para nos oferecer uma versão ligeiramente mais despida de “Migratória”. Um momento exclusivo para a Arte Sonora que podes conferir no vídeo que se segue.

Já aqui escrevemos – na review que fizemos ao álbum – que a estreia do quarteto é tribal, dançável, viciante. E que se serve da trágica crise dos migrantes do Norte de África para assinalar uma narrativa que versa preocupações políticas, humanas e sociais. Mas o que terá nascido primeiro, o conceito ou o som? Esta e outras perguntas são-nos respondidas sem hesitações e com a segurança de quem tem em mãos algo valioso.

Podemos no entanto adiantar que os Club Makumba nasceram da guitarra macaca de Trips, mas que entretanto se tornaram uma banda na verdadeira acepção da palavra. Cada um dos quatro dá o seu contributo de forma altamente livre e democrática. Sem atropelos. Sem egos.

Garantem que, no início do processo, algures em Agosto de 2019, não andaram a pesquisar os sons daquela região do globo. Apenas se deixaram levar à medida que iam compondo pelos ventos trazidos pelo imaginário de cada um, acrescentando camadas aos esqueletos sonoros que iam surgindo na sala de ensaios.

Também podemos assegurar que “Club Makumba” é um disco que nos envolve e agarra a cada audição e que diz imediatamente ao que vem no tema inaugural – “Danças”. É um disco inspirado em imagens e que já tinha capa muito antes de estar escrito [n.d.r.: a capa foi feita por Tó Trips tendo por base a pintura “A balsa da medusa”, de Théodore Gericault (1791-1824)].

Visando a dança como acto de resistência e ostentando o lema “Liberdade, Diversidade e Celebração”, os Club Makumba apresentam-se com um disco homónimo que serve de ponto de partida para a entrevista que podes espreitar a seguir. É a história de uma banda e um álbum montados em apenas três meses, mas que a pandemia adiou… até agora.

Os Club Makumba já andam a espalhar a sua palavra de Norte a Sul. Na agenda dos próximos concertos constam Arcos de Valdevez (12 de Fevereiro no Sons de Vez), Águeda (26 de Fevereiro no Centro de Artes) e Santa Maria da Feira (9 de Abril no Cineteatro António Lamoso). Não os percam de vista que nós também não.

“Club Makumba” foi gravado e misturado em Novembro de 2019 nos Estúdios Namouche, em Lisboa, por Joaquim Monte, e masterizado em Austin, Texas, por Steve Berson (Total Sonic Media).