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ENTREVISTA | Conor Mason, a Voz e Cara dos Nothing But Thieves

ENTREVISTA | Conor Mason, a Voz e Cara dos Nothing But Thieves

Miguel Grazina Barros

Conor Mason, frontman dos Nothing But Thieves, revelou-nos inspirações, o processo de escrita e ainda detalhes sobre os instrumentos utilizados pela banda.

Formados em 2012, os Nothing But Thieves são uma banda de rock inglesa composta pelo vocalista Conor Mason, guitarrista Joe Langridge-Brown, guitarrista e teclista Dominic Craik, baixista Philip Blake, e o baterista James Price. Assinados pela RCA, lançaram o primeiro álbum homónimo em 2015. O seu segundo álbum, “Broken Machine”, lançado em Setembro de 2017, atingiu o número 2 das tabelas de música do Reino Unido. “Moral Panic” é o álbum mais recente, de 2020, sendo “Moral Panic II” o EP lançado em 2021. Estivemos à conversa com Conor Mason, frontman da banda inglesa que nos revelou algumas inspirações, o processo de composição e ainda detalhes sobre guitarras e pedais.

Os Nothing But Thieves estarão presentes na primeira edição do festival AUTHENTICA em Braga no dia 10 de Dezembro de 2022.

O vosso último álbum “Moral Panic” foi lançado em 2020, e em 2021 lançaram o EP “Moral Panic II”. A separação das músicas em dois lançamentos diferentes foi propositada, ou apenas não podiam encaixar mais canções no primeiro álbum? Há alguma diferença crucial que separe os dois lançamentos?
Honestamente não foi pensado. Com o primeiro lote de canções tivemos todo o tempo do mundo para as escrever, e depois veio a pandemia e ficámos ainda com mais tempo. Tentámos começar a compor através do Zoom, o que foi complicado, mas reunimos algumas ideias. Depois tivemos a oportunidade de nos reunir pessoalmente quando as restrições acalmaram. Não nos faltou tempo e decidimos começar a escrever o EP, embora não precisássemos. Fomos sortudos por termos essa pausa, e sabíamos que eventualmente iríamos fazer uma digressão, portanto fizemos o EP e queríamos mostrar uma parte mais sombria dos Nothing But Thieves, já que estamos habituados a escrever muitas canções Pop. Foi muito divertido, sem pressão para o lançamento. No que toca à escrita acho que nos ajudou a navegar para o nosso objectivo final, porque eu trazia muitas influências de Hip-Hop e R&B para a banda, e o desafio era que funcionasse numa banda de 5 elementos. Foi assim que a “Futureproof” nasceu. Ajudou bastante o Dom, que produziu o disco, a descobrir onde podemos levar novas formas de som. Em canções como a “Futureproof” em que o riff de guitarra é tão cativante, o que veio primeiro na sua composição? Estás activamente à procura de riffs que fiquem no ouvido, ou é uma coisa que sai naturalmente enquanto uma “banda de rock”. Nessa canção em particular, o riff veio primeiro. Tentamos escrever riffs da mesma forma que escrevemos melodias – onde é possível aplicar a qualquer instrumento. Se tiveres um ritmo e uma melodia, e cantares por cima consegues perceber a que instrumento pertence. Nessa canção o Dom estava a experimentar algo rítmico na guitarra, como a “Bulls on Parade” dos Rage Against the Machine. Foi bastante natural.

Quando compõem novas canções, fazem-no em conjunto – em banda – ou trabalham separadamente?
Escrevemos separadamente. Desde a pandemia que cada um de nós compõe sozinho. Quando nos juntamos apresentamos um riff, ou um verso. Cantamos e tocamos uns para os outros, ao fim de tanto tempo sabemos à partida o que vai ou não resultar. A partir daí trabalhamos em conjunto e acabamos com uma coisa completamente nova, que começou noutro lugar, com influências diferentes. Somos todos pessoas diferentes e é realmente incrível como conseguimos chegar a acordo [risos]. É uma mistura de ideias e acho que é isso que torna a música única.

Gosto bastante de tocar a “Amsterdam”, mas fico sempre nervoso. Não conheces o sítio, nem a atmosfera, nem que canções gostam mais, mas geralmente essa canção tende a correr bem.

Os Nothing But Thieves estão prestes a actuar em Portugal. Que canção estás mais ansioso para tocar, e porquê?
Na verdade ía-te perguntar que canções gostam mais de ouvir em Portugal! [risos] Consegues dizer-me? Provavelmente canções rock com alta energia, muita gente vai viajar de propósito para desfrutar do festival portanto parece-me adequado. Gosto bastante de tocar a “Amsterdam”, mas fico sempre nervoso. Não conheces o sítio, nem a atmosfera, nem que canções gostam mais, mas geralmente essa canção tende a correr bem. Estou entusiasmado, vai ser divertido.

Que guitarras estão actualmente a usar ao vivo?
O Joe está a usar uma Gibson Les Paul Gold Top dos anos 70. É muita rara e andamos com ela em tour, o que é uma estupidez. Temos um ótimo técnico de guitarras, portanto está tudo bem [risos]. O Dom tem algumas guitarras, mas a principal é uma Gibson SG de 1976, é incrível. Arranjámos essa guitarra com muita sorte, fui à Gibson à procura de uma SG e mostraram-me uns cinco modelos. Eu não fazia ideia que esta guitarra era tão rara, estava a experimentar os modelos e a maioria soava razoável, mas a SG de 1976 soava excepcionalmente. O Dom também toca com uma American Vintage Fender Telecaster e eu toco com uma American Vintage Fender Strat e uma Taylor Acoustic que adoro porque é “half-size”, acenta-me muito bem [risos].

Que pedais são essenciais na tua Pedalboard?
Pessoalmente, a primeira memória que tenho de um pedal de efeitos é de quando estávamos à procura de uma sonoridade parecida à atmosfera dos Radiohead, portanto usávamos o Big Sky constantemente. É um dos pedais que sobressaem mais para mim.

Lançaste recentemente o teu primeiro EP como Man-Made Sunshine. Estão a preparar alguma coisa para o futuro dos Nothing But Thieves?
Temos estado a divertir-nos e de volta de algumas coisas, mas nada sério [risos].

É muito clara a influência que artistas como Jeff Buckley, Radiohead ou até Nine Inch Nails têm na vossa sonoridade. Que bandas vos inspiram actualmente na composição do novo material?
Boa pergunta! Sinto que vou revelar demasiado! [risos] Como é que respondo a isto, sem me meter em sarilhos? Temos ouvido bastante música progressiva, como David Bowie no início da sua carreira – mas mantendo sempre uma influência de hip-hop e R&B. Acho que é tudo o que posso dizer.

Recentemente muitas bandas foram obrigadas a cancelar digressão devido aos altos preços de transporte, a desvalorização da moeda, inflação no geral e um sistema económico que não é sustentável. Sendo os Nothing But Thieves uma banda inglesa, sentes que é mais difícil tocar concertos pela Europa após o Brexit?
Sim 100%. É inegável que está tudo mais caro, estou constantemente a ver novas bandas a cancelarem concertos, parte-me o coração. É o que dá dinheiro enquanto músico, não se ganha dinheiro absolutamente nenhum com vendas de discos ou das plataformas de streaming, a não ser que estejas ao nível do Drake e esse tipo de artistas.

Quais foram alguns do teus lançamentos de música preferidos de 2022?
Estive obcecado com o Steve Lacy, adoro a influência do Prince e todo o seu indie-soul. Gostei imenso também do novo álbum do Kendrick Lamar, gosto muito de estudar a cadência do rap. Ouvi muito também o álbum mais recente dos Wolf Alice [“Blue Weekend”] apesar de ser do ano passado.