Os Melhores Concertos do NOS Alive: Nine Inch Nails, 2018 [Vídeo]
O NOS Alive foi adiado para 2021, devido à pandemia Covid-19. Altura para viver o espírito do festival digitalmente. Ao longo de mais de uma década, o Passeio Marítimo de Algés já foi local de concertos retumbrantes, caso dos Nine Inch Nails, em 2018.
Em 2007, os White Stripes actuaram pela primeira vez em Portugal. Em retrospectiva, foi a última oportunidade que havia para o nosso país receber a banda de Jack e Meg White. Após 10 anos de carreira, a relação entre a dupla de músicos começava a revelar sinais de deterioração. Assim a digressão de apoio a “Icky Thump”, que se tornaria o último álbum da banda, tornar-se-ia também na última digressão.
No mesmo ano, os Beastie Boys actuaram também pela primeira vez em Portugal na última oportunidade que houve para o fazerem, durante a digressão “Mix-Up”, um curto périplo dedicado a presenças em festivais de Verão. Poucos anos depois, Adam Yauch morreria vítima de cancro e, sem um dos seus fundadores, os Beastie Boys apenas gravariam mais um álbum. O denominador comum destes históricos concertos no nosso país é o Alive, antes Optimus agora NOS.
Um festival que logo na sua segunda edição conseguiu juntar no mesmo cartaz Bob Dylan e Neil Young (ainda se recordam do extraordinário concerto do canadiano, da longuíssima e carregada de feedbacks interpretação de “Cortez The Killer”?) e na terceira edição já acolhia três palcos. Ao longo de mais de uma década, há muitos concertos soberbos na história do festival. Caso dos sonora e visualmente imponentes Nine Inch Nails, em 2018.
Passeio Marítimo de Algés, 12 de Julho de 2018: Reznor criou um espectáculo meticuloso, orgânico e intenso, com um forte sentido cinematográfico. A fúria abrasiva de som com que os NIN entraram no concerto, merecia mais volume. Muito mais volume. “Wish”, “Less Than” e “March Of The Pigs”, revestidas da força das baterias de Ilan Rubin, em detrimento do carácter mais electrónico dos álbuns, soaram violentas, mas distantes.
Nesse início do concerto, também a luz diurna removeu impacto visual ao frenético jogo de luzes e à verdadeiramente fora-de-série realização vídeo em tempo real oferecida nos ecrãs gigantes. Um efeito colateral da aversão de Reznor aos media, grandes organizações, produções mainstream e major labels, à forma como procuram ditar regras aos músicos e controlar o seu output criativo. Zeloso de todos os detalhes, Reznor criou um espectáculo meticuloso, orgânico e intenso, com um forte sentido cinematográfico, a que não será alheio Atticus Ross.
O compositor de bandas-sonoras, que fez dos NIN uma dupla, a partir de 2016, teve um papel discreto na programação. Não sobrecarregou os temas com sintetização, tendo antes criado fundos sonoros com a eficácia de um experiente paisagista sónico. Foi também em momentos como “Piggy” e “Lovers”, mais introspectivos, que teve maior preponderância.
De seguida, “Shit Mirror” e “God Break Down The Door”, os únicos dois temas do recente “Bad Witch” (editado no passado 22 de Junho) a serem apresentados no alinhamento, confirmam a ideia de o álbum ser algo desinspirado, talvez pela quase ausência das guitarras de Robin Finck nesses temas. Ainda que a soberba interpretação de Rubin tenha catapultado o último a outro patamar, logo de seguida, surgem singles tão marcantes como “Closer” e “Copy Of A” e estupenda “I’m Afraid Of Americans” a forçar uma certa ostracização aos sons do novo disco.
Ao lado de Reznor, Robin Finck, um dos guitarristas que Axl Rose procurou para reiventar Guns N’ Roses na era Chinese Democracy, esteve soberbo e pujante, tendo sido sublime na versão de David Bowie, gravando a fogo na nossa memória aquele bending com que chamou a distorção no segundo bloco da canção. Finck usou maioritariamente um modelo Reverend Sensei RA, mas também pudemos ver em acção a sua Schecter de assinatura (a Ultra III teve edição bastante limitada) e uma Godin Multiac ACS num dos momentos mais esperados na noite quando se ouviu “Hurt”.
Podem verificar (e até descarregar) os bootlegs que existem, mais ou menos tratados, deste concerto. Há também vários outros vídeos no YouTube. Contudo, deixamos a gravação Pro-shot feita dois dias depois no Mad Cool. Em Madrid a banda tocou um setlist maior, “Somewhat Damaged”, “The Day The World Went Away”, “Ahead of Ourselves” e “Survivalism” não foram ouvidas em Lisboa.
A Everything Is New publicou um comunicado com as condições de troca ou reembolso para quem adquiriu passes ou bilhetes diários para o NOS Alive 2020. A 14ª Edição do NOS Alive decorre nos dias 07, 08, 09 e 10 de Julho de 2021, no Passeio Marítimo de Algés. Para já, estão confirmados, entre outros, os Da Weasel, para um concerto único e exclusivo, sábado, dia 10 de Julho de 2021, no Palco NOS, e os Red Hot Chili Peppers, dois dias antes, no mesmo palco.
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