Taylor Hawkins: Potência, Carisma, Garra & Muitos Timbalões
Energia, sorriso sempre rasgado e aspecto de puto surfista. Assim era Taylor Hawkins, um dos maiores monstros da bateria rock dos últimos anos. Fã de kits Gretsch, pratos Zildjian… e muitos timbalões, rotontom e concert toms.
A 17 de Fevereiro de 1972 nascia em Fort Worth, Texas, Oliver Taylor Hawkins. Cresceu em Laguna Beach, Califórnia. Começou a tocar bateria com 10 anos e a grande impulsionadora foi a sua mãe. «Quando recebi a primeira bateria, era a minha mãe quem ficava a ver-me tocar. Era um grande apoio. Disse-me que conseguiria chegar lá», revelou Hawkins numa entrevista no ano passado.
A música confirmar-se-ia como a principal paixão na vida de Taylor depois de ter assistido a um concerto dos Queen, em 1982. «Depois desse concerto, acho que não dormi durante três dias», disse, em 2021, numa entrevista à revista Kerrang. «Mudou tudo e nunca mais fui o mesmo por causa disso. Foi o início da minha obsessão pelo rock ‘n’ roll. Sabia que queria estar numa grande banda de rock». E assim seria.
A viagem começou na banda experimental de rock progressivo Sylvia, de Orange County, antes de se tornar o baterista da cantora de rock canadiana Sass Jordan. O seu estilo carismático deu nas vistas e não foi por isso de estranhar que, de Junho de 1995 até Março de 1997, Hawkins tenha sido o baterista da super estrela Alanis Morissette na tour de apoio ao muito bem sucedido “Jagged Little Pill”. Nesse mesmo ano, assumiria o lugar atrás do kit dos Foo Fighters, em substituição de William Goldsmith, que havia deixado a banda depois de alguns atritos com o líder Dave Grohl.
Dois anos depois, em 1999, Taylor grava o terceiro álbum dos Foo’s, “There Is Nothing Left to Lose”, e agarra o lugar até ao fim da sua vida. No total, na banda de Seattle, Hawkins gravou nove álbuns com o companheiro Grohl, o último dos quais editado em 2021, “Medicine at Midnight”.
Mas nem tudo foi fácil. Dois anos após o lançamento de “There Is Nothing Left to Lose”, Hawkins teve uma overdose de heroína que o colocou em coma durante duas semanas. Dave Grohl e os companheiros de banda foram importantes na recuperação do baterista, que havia de resgatar a sua vida e carreira.
Pelo meio dos discos e digressões dos Foo’s, Taylor formou os Taylor Hawkins and the Coattail Riders, com quem editou “Taylor Hawkins and the Coattail Riders” (2006), “Red Light Fever” (2010) e “Get the Money” (2019), e, em 2020, juntou-se a Dave Navarro e a Chris Chaney dos Jane’s Addiction para formar os NHC.
A última vez que Taylor Hawkins subiu a um palco foi no passado dia 20 de Março, quando os Foo Fighters actuaram no Lollapalooza Argentina. Oliver Taylor Hawkins, um dos maiores, partiu cedo demais. Tinha apenas 50 anos. Deixa três filhos, Oliver (16 anos), Annabelle (13) e Everleigh (12).
Influências & Gear
Fã confesso da música dos anos 1970, herdeiro de alguns dos fundamentos de Roger Taylor, dos Queen, do estilo progressivo de Neil Peart (Rush) ou Phill Collins, de uma certa vibração Ringo Starr, do peso de John Bonham (Led Zeppelin) e de muita da intrincada técnica de Stewart Copeland, dos Police, Taylor Hawkins acrescentou à música dos Foo Fighters o músculo do punk, a precisão de uma drum machine e a sensação de que cada baquetada seria a última, como se o mundo acabasse em cada pattern, em cada fill, em cada solo.
Taylor metia solos no meio de brigdes, puxava os temas sempre para o upbeat e ajudou a ressuscitar os concert toms, abandonados nos anos 1980. Enquanto tocava, ria, ou então era cara de sofrimento, não sabemos muito bem. Mas o que sabemos é que Taylor sentia cada momento e emprestava à música que fazia toda uma alma à qual é impossível ficar indiferente. Também cantava, não só fazia back vocals nos Foo Fighters, como por vezes se aventurava como solista, como é o caso do EP a solo “Kota”, editado em 2016 e em que as influências do rock progressivo são evidentes.
Quanto ao equipamento que utilizava, apesar de já ter tocado durante algum tempo com kits da Tama ou da Pearl, há já muitos anos que Taylor não dispensava, em estúdio ou ao vivo, os modelos da Gretsch. Nos últimos tempos, utilizava uma USA Custom e uma USA Custom (Coattail Riders Tour Kit) com bombo 18×24, uma tarola de assinatura (Gretsch Snare Drum 14×6.5 Taylor Hawkins Signature Series), timbalão de rack 13″, dois timbalões de chão (16″ e 18″), um kit de dois ou três rototoms, 5x6″ e 6x8″ Concert Toms e vários pratos Zildjian. A saber: Hi-Hats 15″ A New Beat, Crash 19″ K Custom Hybrid, Crash 19″ A Custom, Crash 20″ A Custom, Efeitos 20″ A Custom EFX, Crash Ride 21″ K, Ride 22″ A Custom e ainda um China 22″. No kit ainda havia espaço para uma cowbell LP Rock Classic Ridge Rider.
No departamento das peles, Hawkins tocava com as da marca Remo, utilizando diversos modelos, entre os quais Clear Black Dot, Powerstroke 3 Smooth White, Ambassador Clear, Coated Emperor X e Powerstroke 4 Clear. O pé direito trabalhava com um DW9000 e nas mãos segurava habitualmente um par de Zildjian Taylor Hawkins Signature Drumsticks (baquetas, escovas ou mallets).
Finalmente, vale a pena espreitar esta masterclass de Taylor Hawkins gravada em 2019 para a BBC Radio 6 Music, com Steve Lamacq, na qual o baterista faz uma visita guiada ao seu kit de bateria, fala sobre a sua infância, as suas influências musicais, os seus loops de bateria favoritos e, claro, do que era para si tocar com Alanis Morissette e Dave Grohl, por quem, admite, se apaixonou apesar do medo, respeito ou reverência iniciais.