Shure MV7 ou SM7B: Qual é o Microfone Certo Para Ti?
O SM7B ganhou um estatuto lendário entre produtores, engenheiros de áudio e podcasters. Muitos não aceitarão trabalhar com outro microfone, mas será que não deveriam considerar o novo MV7? Vamos conhecer melhor este novo microfone da família Shure.
A história do SM7 começa, na verdade, com o microfone de radiodifusão SM5 – um microfone dinâmico de bobina que encontrou casa nos estúdios de rádio e cinema após a sua introdução no mercado em 1966. O seu sucessor foi o SM7, lançado pela Shure em 1973 e revisto em 1999 para a versão SM7A, com bobina e design melhorados. Em 2001, a marca fez uma nova actualização e apresentou aquele que é hoje conhecido como SM7B.
Este modelo tem uma história espantosa e que tem gerado uma tremenda quantidade de episódios ao longo dos últimos anos. De Marc Maron a Michael Jackson, o mítico SM7 ganhou uma legião de admiradores ao longo dos anos, tendo-se tornado um verdadeiro ícone. E por várias boas razões: poucos microfones rivalizam com o seu timbre quente e rico, as suas propriedades de isolamento fantásticas e a sua versatilidade.
Utilizado preferencialmente para radiodifusão profissional e gravação em estúdio durante décadas, o SM7B encontrou nos últimos tempos uma popularidade renovada junto de podcasters e streamers online. No entanto, este modelo tem permanecido fora do alcance de algumas pessoas provavelmente assustadas com a configuração avançada necessária para obter aquele som doce pelo qual é tão conhecido.
Entretanto, e para alegria de muitos gear freaks, a Shure lançou o MV7, concebido especialmente para podcasters, streamers e vocalistas que procuram uma conveniente conectividade USB e XLR sem comprometer a qualidade do áudio. Claramente inspirado no SM7B, o MV7 tem todo um conjunto de características importantes para criadores de conteúdos… e músicos.
Mas qual deles será o mais adequado para ti? Em primeiro lugar, vamos esclarecer uma coisa: se há algum tempo que procuras levar o teu trabalho para as grandes ligas com o SM7B, não deixes de o fazer. Nada vai substituir aquele som lendário! Mas, então, porque é que alguém optaria por um novo e brilhante MV7? Bem, existem muitas razões, na verdade, e vamos tentar deixar isso o mais claro possível. Mas sublinhamos que estes microfones complementam-se em vez de competirem entre si. Por exemplo, o MV7 pode ser usado para streaming a partir de casa e o SM7B para gravação em estúdio. Ou talvez no teu equipamento para podcasting já conste um SM7B e vais preferir ter um MV7 para convidados remotos ou gravação na estrada.
PRINCIPAIS DIFERENÇAS
Naturalmente, existem algumas diferenças fundamentais: enquanto o SM7B pode ser utilizado em tudo, desde vozes de rap ou rock até amplificadores de guitarra ou peças de bateria, o MV7 foi optimizado especificamente para aplicações de conversação como podcasting ou mesmo canto. Isto não quer dizer que não se possa gravar uma guitarra acústica com ele, mas o MV7 enfatiza as frequências médias, onde residem a clareza e a inteligibilidade da fala.
O SM7B, por outro lado, enaltece as frequências graves, a principal característica do som de broadcast. Tem também uma resposta muito ampla e plana, o que é incrivelmente difícil de conseguir num microfone dinâmico. Há, portanto, uma boa razão para o SM7B ter sido chamado de SM57 em esteróides.
O MV7 é também muito mais pequeno, mais leve e conveniente do que o SM7B. Qualquer pessoa que considere seriamente optar por um SM7B sabe que irá precisar de um pré-amplificador de microfone com pelo menos 60 decibéis de ganho limpo para obter o som que os profissionais tanto adoram. O MV7 é, portanto, uma solução mais acessível para aqueles que procuram melhorar a sua estação de trabalho sem grandes sacrifícios financeiros. O facto de o microfone “crescer” contigo quando estiveres pronto para comprar uma interface de áudio de qualidade é apenas a cereja em cima do bolo!
Dois em Um
O que significa exactamente “crescer”? Para os principiantes, o MV7 tem duas saídas: uma ficha de microfone XLR mais uma conveniente ligação USB que permite ligá-lo directamente ao computador sem uma interface de áudio extra. O benefício aqui é claro: podes gravar áudio de alta qualidade apenas com um portátil e o MV7, estejas onde estiveres. Mas também funciona com um rig de áudio padrão com um cabo XLR. (Dica: Também podes usar as saídas USB e XLR ao mesmo tempo!)
Portanto, mesmo que decidas actualizar o teu equipamento com um SM7B e uma interface adequada, não há nenhuma verdadeira desvantagem: já terás um excelente segundo microfone para convidados do podcast, streaming ou sessões de gravação expandidas.
TECNOLOGIA DE ISOLAMENTO DE VOZ
O MV7 – tal como o seu irmão mais velho, o SM7B – é um microfone dinâmico. A combinação impressionante da cápsula, pick-up e shock mount impede que qualquer ruído de fundo indesejado estrague o áudio. Este pode ser um verdadeiro gamechanger para quem grave ou transmita num espaço com fraca acústica. Finalmente, acabou-se aquele truque de gravar o podcast com um cobertor sobre a cabeça no meio de uma onda de calor de Verão!
MODO AUTO LEVEL
Outra grande característica do MV7 é o Auto Level Mode, que permite aos utilizadores que se ligam via USB terem o microfone a ajustar o nível da voz em tempo real para assegurar uma saída consistente da gravação ou streaming. Isto irá poupar tempo valioso de edição na pós-produção e manter o volume consistente durante todo o processo – é como ter ao lado um engenheiro virtual!
A Shure também criou versões da aplicação ShurePlus™ MOTIV para computadores de secretária e aparelhos móveis, aplicação essa que permite aceder a uma série de configurações manuais, incluindo Mic Gain, Mic Mute, EQ, Monitor Mix, Limiter e Compressor. Podes até definir o teu próprio timbre como Dark, Natural ou Bright e guardar as predefinições favoritas para outro dia. Podes obter a aplicação gratuitamente aqui.
NEAR / FAR
Talvez sejas um daqueles podcasters que gostam de se aproximar do microfone. Ou preferes um pouco mais de espaço para respirar? O MV7 pode ser facilmente adaptado às tuas necessidades de posicionamento do microfone, escolhendo simplesmente entre o modo Near ou Far. Poder afastar-se do microfone com o modo Far pode realmente ser útil se tiveres tendência para fazer aqueles sons cheios de “P” (conhecidos por popping) enquanto falas ou cantas.
Claro que, com todas as características fixes para os criadores de conteúdos, é fácil ignorar o grande microfone que o MV7 também é para os músicos. Os cantores vão adorar a capacidade de gravar em pequenos espaços acústicos e os autoprodutores vão premiar a sua capacidade de fazer sessões portáteis via USB ou gravação em estúdio através de XLR.
Na verdade, é bastante difícil encaixar num artigo tudo o que o MV7 oferece, mas tudo se resume a ter o controlo total do som. Painel táctil conveniente? Check. Monitorização através de auscultadores com zero latência? Check.
É essa combinação de conveniência, controlo e áudio de qualidade profissional que torna o MV7 ideal para tantos criadores de conteúdos e músicos por aí. Claro que não vai substituir o lendário SM7B – mas é certamente um excelente novo membro da família.
Impulsionada por uma parceria com a EARPRO e a SHURE, a Arte Sonora estreou-se recentemente no universo dos podcasts. No primeiro episódio, captado por dois Shure MV7, entrevistámos Tânia Ferreira, fundadora e primeira editora da nossa revista. O segundo e terceiro episódios também estão disponíveis, AQUI e AQUI.