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Rock In Rio Lisboa 2022: A Nostalgia dos A-ha

Rock In Rio Lisboa 2022: A Nostalgia dos A-ha

2022-06-25, Rock In Rio Lisboa
Miguel Grazina Barros
Inês Barrau
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No segundo fim-de-semana do festival Rock In Rio Lisboa, a banda formada em Oslo há 40 anos era uma das mais esperadas da noite.

Em 1985 a banda pop norueguesa A-ha deixou a sua marca no universo musical – não é possível fazer uma lista das canções mais marcantes da década sem mencionar “Take On Me”. O hino dos A-ha venceu o teste do tempo, de geração em geração, e hoje em dia é, sem dúvida, uma das músicas que caracteriza melhor a atmosfera dos anos 80. A acompanhar a marcante canção veio um videoclipe, também ele marcante – uma mistura genial de imagens reais com desenhos animados. Na mesmo onda e no mesmo ano, os Dire Straits lançaram “Money For Nothing”, banda contemporânea dos A-ha e que também merece a devida atenção. Numa noite propositadamente dedicada aos anos 80, os A-ha tocaram pela primeira vez em Portugal e deram um concerto consistente, embora num constante crescendo que antecipava o seu hit mais marcante.

Pelas 21h, Magne Furuholmen, Pal Waaktar-Savoy e o vocalista Morten Harket pisaram o palco Mundo com vista privilegiada para o anfiteatro natural do Parque da Bela Vista. “Sycamore Leaves” foi o tema de arranque, retirado do álbum de 1990 “East of the Sun, West of the Moon”. O público mostrou-se difícil, apenas os fãs mais ferrenhos conseguiram acompanhar a canção, enquanto o resto se habituava ao frio inesperado que se sentia no recinto. “Boa noite Lisboa, tudo bem?” exclamou Magne Furuholmen, num sotaque proto-brasileiro mas completamente perceptível. Seguiu-se “The Swing of Things”, canção um pouco mais antiga mas com uma reação semelhante por parte do público – não deixa de ser um perfeito exemplo de uma canção synth-pop dos 80’s. “Crying in the Rain” mereceu uma dedicatória às vítimas do atentado em Oslo, provocado por “pessoas estúpidas”, como afirma Magne Furuholmen.

“Train of Thought” foi acompanhada de um vídeo que simula uma viagem de comboio, com o seu ritmo galopante sustentado por um baixo arpegiado e carregada de sintetizadores cintilantes – não existe nada mais 80’s que toda a atmosfera desta canção. Com 62 anos e 40 de banda, Morten Harket mantém-se firme em palco, pouco interativo com a plateia mas seguro de si mesmo, mostrando apenas algumas dificuldades nos registos mais graves – todos sabemos que os agudos são o seu forte, até agora ainda não revelados em palco.

Magne e Pal são imprescindíveis tanto a nível instrumental como vocal – os seus coros suportam toda uma instrumentação grandiosa, cheia de riffs melódicos sintetizados que facilmente poderiam abafar a voz de Morten Harket. A ajudar ao efeito está também uma backup-singer norueguesa. O concerto que primeiramente não fomentou muita energia no público começa a aquecer com “We’re Looking for the Whales”, a disco eletrizante de “Cry Wolf”, a balada “Here I Stand and Face the Rain” e finalmente um pico de euforia, “Hunting High and Low”, aos 45 minutos do alinhamento. Claramente é uma das favoritas do público, que rapidamente faz uso do flash do telemóvel e ilumina o recinto, incentivando Morten Harket a avançar na plataforma à frente do palco. “Vocês são maravilhosos, quero que cantem comigo” afirma Morten enquanto o público acompanha a canção, transformada em acústica na parte final. Foi também aqui que finalmente se ouviram os agudos característicos do vocalista, um momento que serviria de “aquecimento” para “Take On Me”

Vocês são maravilhosos, quero que cantem comigo

“The Sun Always Shines on TV”, “I’ve Been Losing You”, e “The Living Daylights” foram finalmente recebidas com um grande alvoroço, talvez parte se deva à ânsia da possibilidade de “Take On Me” ser a próxima da setlist, mas também por serem canções que marcaram uma era, recebidas com grande nostalgia e de maneira sentimental, mas nunca melosas. O momento mais esperado chegou por fim, e “Take On Me” foi o suficiente para deixar a plateia aos saltos, acompanhando em uníssono o refrão que todos conhecemos – até os mais novos. A brilhante melodia originalmente gravada com um Roland Juno-60 (em palco, substituído por um teclado Roland mais recente) não irá sair da cabeça tão facilmente, e ficará na história como uma das canções mais importantes dos anos 80, senão de sempre.