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NOS Alive 2022: Os Contemplativos The War on Drugs

NOS Alive 2022: Os Contemplativos The War on Drugs

2022-07-06, NOS Alive, Lisboa
Miguel Grazina Barros
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Os americanos The War on Drugs subiram ao palco NOS do Alive com uma tarefa difícil, mas deram um concerto crescente que acabou em êxtase.

The War On Drugs começaram a sua carreira em 2008 com o álbum “Wagonwheel Blues”, seguido em 2011 por “Slave Ambient”, um projeto que foi rapidamente acolhido por críticos e fãs e considerado como um dos álbuns do ano. Em 2014, “Lost in the Dream” foi editado, um dos álbuns mais aclamados da banda, e finalmente três anos mais tarde, em 2017, “A Deeper Understanding”. “I Don’t Live Here Anymore” – o álbum lançado em 2021, começou a ser pensado e trabalhado após a banda ter recebido o Grammy de “Melhor Álbum de Rock” com “A Deeper Understanding”. Orientados por Granduciel e pelo co-produtor e engenheiro de som Shawn Everett, o álbum foi gravado nos três anos que se seguiram, onde a gravação das canções foi adoptada como um produto por inteiro, em vez da abordagem fragmentada que utilizavam no passado.

A banda composta por Adam Granduciel, David Hartley, Robbie Bennett, Charlie Hall, Jon Natchez e Anthony LaMarcar subiu ao palco NOS no primeiro dia de festival, onde os The Strokes foram cabeça de cartaz. Pelas 21h, a maioria do recinto no passeio marítimo de Algés aproveitava o final do concerto dos Jungle para jantar e recuperar energia para os The Strokes. O resultado foi uma plateia semi-vazia, mas que se compôs à medida que o sol foi desaparecendo.

Oscilando entre uma Fender Stratocaster, Fender Telecaster e a fiel Fender Jazzmaster (vale a pena ver o muito interessante rig rundown da banda em 2022), Granduciel e companhia conseguiram seduzir o público com o seu rock cheio de guitarras interpoladas e arpegiadas e longos instrumentais. Se à primeira o posicionamento do espetáculo pareceu infeliz, o concerto encontrou o seu lugar quando a luz se tornou mais sóbria – o ambiente perfeito para a contemplação das canções que não temem a sua longa duração.

Granduciel e companhia conseguiram seduzir o público com o seu rock cheio de guitarras interpoladas e arpegiadas e longos instrumentais.

“Red Eyes” foi a terceira canção do alinhamento e é um dos maiores êxitos da banda – mas o público ainda não estava completamente convencido. The War On Drugs não precisaram de artifícios, nada de decorações, nem projecções desnecessárias – algo que por vezes é usado para distrair de outras fragilidades em palco. O som estava bem equilibrado, a voz estava onde devia estar e a banda soou como uma espécie de orquestra do rock-alternativo – grandiosa.

“Harmonia’s Dream”, do mais recente álbum, foi um dos melhores momentos – a banda sonora que nos embalou com os seus sintetizadores perfurantes e encaixou perfeitamente naquela golden-hour perfeita. Imediatamente, “Under the Pressure”, do álbum de 2014 “Lost in the Dream” e a décima canção do alinhamento “I Don’t Live Here Anymore” foram o suficiente para conseguir a atenção de uma plateia agora bem composta, um final de tarde deslumbrante em tons laranja que acabou em clímax.