Quando se esperava um segundo trabalho com Robert Plant, Alison Krauss, a magnífica compositora que se tornou na menina bonita do folk norte-americano, decidiu gravar novamente com a sua banda. O que esperar então deste disco? Duas coisas.
O tema título e de abertura, mostra-nos Alison num registo muito mais formatado para o mainstream, e isso repete-se em outros momentos do disco, mas a questão é que, para além da voz encantadora, os arranjos musicais são simplesmente perfeitos. Depois ainda nesse campo a cantora é muito mais tradicional que Norah Jones, por exemplo, mas é muito mais sofisticada que uma Shania Twain e isso permite que, no disco, mesmo nos momentos musicais projectados para um grande público, permaneça um grande sentido classe musical.
Depois há os outros momentos em que a imagem da líder da banda é retirada do altar de exposição e Alison se torna somente mais um elemento dos Union Station, nesses momentos estamos perante um folk/blues tradicionais, dentro de um campo de bluegrass puro. De resto, todo o disco é percorrido por um flow fora do comum, é como se distraísse, mas enquanto discorre absorvemos todos os detalhes com clareza.
Alison Krauss não parece conseguir fazer um mau disco – talvez esteja mais ligada com o público através da sua participação no desenvolvimento de bandas sonoras – mas ainda que em discografia lhe falte talvez um single como “Don’t Know Why”, os seus discos são referências de revitalização do folclore dos colonos do continente americano. Noutro sentido, desafio qualquer um a ouvir a ferocidade de um tema como “Dustbowl Children” sem o colocar imediatamente em repeat.