Daughter, herdeiros do novo indie-folk
2014-07-12, Optimus Alive, Algés, LisboaPalco Heineken à pinha para receber um dos melhores concertos do festival.
Os Daughter editaram no ano passado o primeiro longa-duração “If You Leave” e já arrastam consigo uma legião de fãs, que, não fosse a enchente delirante de jovens que preencheu o recinto do palco Heineken, não seria provável adivinhar. Enchente essa que esperaríamos que se libertasse quando começassem a tocar os The Libertines dali a uns 20 minutos, algo que não aconteceu, e que só veio provar a ineficácia dos retornados britânicos como cabeças de cartaz.
Concerto arranca com “Drift”, introdução necessária para colocar o mood certo no magote excitado pelo ambiente frenético, que é próprio de festivais. O espaço das canções de Daughter, onde operam guitarras cobertas de efeitos, camadas ambientais, e a voz da jovem Elena, bonita e frágil, são ingredientes que conferem uma aura enorme ao concerto. Para ajudar a estética etérea da banda, junta-se um segundo guitarrista em algumas músicas.
Há essencialmente duas formas de se ouvir música. Uma é a maneira intelectual, onde entramos em modo racional, escrutinando, se for preciso, até à exaustão. A outra é a maneira emocional, onde a música e o som entra em nós com uma mística indecifrável. Os Daughter fazem música para o coração, e não vejo outra forma de os ouvir, a não ser com o coração.
E, talvez por isso mesmo, em “Youth”, single conhecido por todos, a coisa toma proporções sem par durante o festival. As cavalitas multiplicam-se, como quem diz “estou aqui e adoro esta música”. Todos os telemóveis do recinto em riste para registar o momento. Muitos rostos com olhos fechados para que se aguce a audição, recebendo a música do PA directamente para o coração. Sendo-se ou não fã, só mesmo sendo-se muito mesquinho é que não se admite que foi um dos melhores concertos do festival.
SETLIST
- Drift
Amsterdam
Still
Love
Candles
Winter
Human
Smother
Tomorrow
Youth
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