ERP Remember Cascais

Com a febre dos festivais que afecta o País, já era altura de haver um evento desta estirpe preenchido com sonoridades dos gloriosos e loucos anos 80.

Durante os dois dias passaram pelo Hipódromo Municipal Manuel Possolo de Cascais cinco bandas internacionais e uma portuguesa que garantiram uma casa parcialmente cheia (com mais de 10 mil pessoas nos dois dias). E desenganem-se as mentes que pensavam que este ia ser um evento “só para pais”, pois a plateia encontrava-se bastante recheada por membros de uma classe etária adolescente.

Amplificadores a postos, bateria montada e colunas colocadas estrategicamente. Tudo pronto para o arranque. O primeiro dia ficou a cargo de Ali Campbell, líder dos míticos UB40 que desfilou por entre grandes temas do grupo britânico, onde não faltaram alguns temas de autoria própria e os grandes clássicos como “Kingston Town” e a efervescente e cantada em plenos pulmões “Red, Red Wine”, a verdadeira prova de que velhos são os trapos.

Antes disso tinham tomado conta do palco os Alphaville, autores de temas como “Dance With Me”, demostraram que apesar de o tempo passar as suas performances energéticas, calorosas e dançáveis mantém-se, e recomendam-se, levando a plateia a dar “um passinho de dança” ao longo dos intemporais “Forever Young” e “Big In Japan”. A abertura da noite, e do festival, esteve a cargo do cantor franco-tunisino Eli Fitoussi, mais conhecido pelo nome artístico de F.R David. Característico por actuar sempre de óculos de sol e guitarra em punho, o ex-membro dos Les Variations vincou bem o porquê de já ter vendido cerca de 8 milhões de discos em todo o mundo. O ponto alto da actuação passou por temas como “Pick Up The Phone” e o seu maior êxito internacional “Words”.

No segundo dia do evento, parecia que a chuva ia fazer das suas, mas felizmente a noite acabou por se tornar bastante agradável a nível meteorológico e musical. Á entrada do recinto revivia-se algumas caras conhecidas da noite anterior e trocavam-se impressões das memoráveis actuações, e foi esse mesmo o mote de conversa até começar a apresentação de Liz Mitchell, de Boney M, um dos nomes mais aguardados de todo o cartaz.

Com uma apresentação bastante sólida e algumas acrobacias por parte de um dos músicos que acompanhava a diva, conseguiu desde do primeiro acorde agarrar o público pela mão, onde não faltaram temas nostálgicos como “Rasputin” e “Rivers Of Babylon”, que mais tarde foi popularizada para um geração diferente pela mão dos californianos Sublime. Uma prestação digna de ser cabeça de cartaz do segundo dia do ERP Remember Cascais.

A noite já ia a meio e eis que entra em palco a única contratação portuguesa para o festim, os Sétima Legião. O grupo que voltou a reunir-se à bastante pouco tempo, e que ficou conhecido por compor hinos do panorama Pop/Rock nacional como “Sete Mares” ou “Por Quem Não Esqueci” foi muito bem recebido por grande parte da assistência, pela outra parte nem por isso, tendo uma boa parcela “encostado à box” para ir apreciar as barraquinhas de comes e bebes. Apesar disso mostraram, e bem, o melhor que se fazia em terras lusitanas na época.

As ostes de fechar o festival ficaram a cargo da gaulesa de 61 anos Gaynor Hopkins, conhecida mundialmente como Bonnie Tyler. Deixando a idade de parte, Bonnie Tyler demonstrou o que é ser um verdadeiro “animal de palco”, em que com a sua pojante voz e excelente forma física fez vibrar a plateia, tema atrás de tema. Com a sua boa disposição e várias frases proferidas na língua de Camões soube desde o início dar sem dúvida um grande espectáculo de fazer inveja a muitas cantoras de hoje em dia, onde não foram esquecidos êxitos como “Total Eclipse of the Heart” ou “It’s a Heartache”.