O segundo trabalho dos portugueses Final Mercy congrega os mais diversos adjectivos e substantivos. Tudo está vigoroso, calculista e clínico. E isto sem se transformar no mínimo aborrecimento para o ouvinte. Num álbum que não foi criado para ser progressivo ou complicado, a perícia de execução está no ponto – para quem não procura uma daquelas bandas demasiado técnicas, que acabam por aborrecer depois de uma mão cheia de audições.
“Hometown” está recheado de groove brutal e simples, enrolado em ganchos mais core. A dupla de guitarristas carrega as 6 cordas com um peso violento e directo, com linhas que ficam na memória depois de o disco terminar. Aliás, o trabalho das guitarras está excelente, já a bateria não está nada de excepcional, mas não compromete e providencia uma sólida fundação ao baixo e guitarras.
Dos oito temas que compõem o registo “In Your Face”, “Survival” e “Hometown” são aqueles que mais agarram à primeira audição quem tem o primeiro contacto com o quinteto de Vila Nova de Famalicão. Isto porque são alguns dos temas com uma atmosfera mais melódica, primando por refrões mais orelhudos, mas sem lamechices, fazendo lembrar algumas composições de “Vulgar Display Of Power”, dos Pantera, misturadas com alguns ventos gélidos da “cena de Gotemburgo”.
Os Final Mercy foram capazes de, na sempre difícil tarefa de fazer uma edição de autor, congregar bons temas e uma qualidade de som muito razoável – ouvir o disco faz-nos ultrapassar as sensações de algum “azeite” transmitidas pela capa, mas se os livros não se julgam por esta, os discos muito menos. Para resumir “Hometown” é uma declaração honesta, executada com absoluta convicção e atitude, que vale a pena conhecer, acompanhar e presenciar ao vivo.