Fuzz, Tony Iommania
2015-08-22, Paredes de CouraHá, amiúde, debate em torno de uma velha questão: Qual a melhor banda rock de sempre? Stones, Zeppelin, Pink Floyd, Deep Purple, etc. É questão que, nunca teve resposta concreta e que começou a desabitar o pensamento de novas gerações melómanas. Nestes dois motivos houve sempre uma enorme injustiça. Seja qual for a melhor banda, acima de tudo estão os Sabbath e esse tipo com bigornas em vez de mãos, Tony Iommi.
Nenhum outro guitarrista foi capaz de criar tantos riffs tão marcantes e, ao mesmo tempo, tão simples de reproduzir. É sintomático, não há ajuntamento de músicos em que, munidos de amps e guitarras, ecos de “Master Of Reality” não sejam soltos. Os trítonos de Iommi são fáceis de tocar e possuem um groove imediato. Por mais que, diz-se, o rock vá morrendo, os megalitos eléctricos de Iommi perdurarão. Veja-se o arrasador início do concerto dos Fuzz e quantos foram subjugados pelos ecos de Sabbath que teimam em perdurar.
Devotos de Sabbath, os Fuzz foram capaz de honrar tamanha tradição.
Riffs pesados e simples. Leads recorrentes em pentatónica, com variações abruptas de tempo, a flutuação jazzística das linhas de baixo. Os Fuzz pareceram, para já, uma extravagância de Ty Segall. O músico diverte-se no drumkit e é tão capaz na bateria como na guitarra, demonstrando força, precisão nos tempos e desenvoltura nos fills. Os Fuzz deram um concerto que foi uma manifestação de devoção aos velhos deuses de Birmingham. No fundo, são uma coisa que surge, amiúde, no submundo do rock, crentes em Sabbath. Há melhores, de longe, mas os Fuzz também estiveram muito longe de desonrar a tradição.
Numa segunda fase, inexplicavelmente, o volume do concerto decaiu bruscamente (para trás da régie). Numa sonoridade que depende tanto de poder bruto, isso foi um golpe rude ao concerto. Essa perda de volume fez-se aliada de uma descolagem a Iommi e de algumas incursões com mais espaço de jam e algum psicadelismo. Com os músicos menos concentrados, pelo deslumbramento com o febril público de Coura, a solidez foi-se perdendo progressivamente e assim o concerto foi perdendo o seu impacto.
Foto: Inês Barrau / Arte Sonora