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Godflesh + Sektor 304

Godflesh + Sektor 304

2013-05-24, Hard Club, Porto
Redacção
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Os Godflesh mostraram-se num set com muito mais groove do que aquele que haviam passado pelo Roadburn este ano. Venha o próximo álbum.

Depois de uma primeira passagem pela sala 1 do Hard Club em 2011, os GODFLESH voltaram a esta casa, mas à sala do lado, na passada sexta-feira, mais uma vez a cargo da Amplificasom, que muito tem feito para nos proporcionar bons momentos musicais. Não pude estar nesse primeiro concerto, mas tive a oportunidade de ver este duo inglês bem perto da sua cidade Natal há cerca de meio ano numa sala bem maior, a abrir para Neurosis. Na altura fiquei com a sensação que era um palco muito grande apenas para duas pessoas, mas tive a mesma sensação agora: ficam o mais afastado possível, deixando o palco quase despido, mas na realidade cheio pelas projeções que vão sendo exibidas.

Um espetáculo anunciado há já algum tempo em que eu esperava uma maior afluência por parte do público, acredito que apenas cerca de metade da capacidade da sala ficou preenchida. Motivos económicos ou talvez o público portuense não dê muito crédito a reuniões de bandas, afinal os GODFLESH estiveram “adormecidos” oito anos e só em 2010 os senhores JUSTIN BROADRICK e G. C. GREEN decidiram voltar a pegar no projecto que criaram no final da década de 80.

 

O rig de cada um dos músicos, poderia parecer simples, mas a “jarda” debitada falou de outra forma.  GREEN amplificou o seu Jazz Bass através de um imponente Ampeg SVT Pro [o 2 ou o 4]. BROADRICK usou um Marshall JCM-800, com uma Strat alterada, com ponte Floyd Rose. A processar o seu sinal tinha um Memory Man Deluxe 550-TT e um Line6 M5. A possibilidade de o ver tão aproximado permite, realmente, perceber que é tão grande guitarrista como característico no seu estilo. A forma como trabalha os harmónicos naturais em qualquer zona do braço, e já agora os bendings ao própria braço, parece que tem uma guitarra com o truss rod de borracha!

Numa altura em que se encontram a trabalhar no albúm “A World Lit Only by Fire”, primeiro após a reunião, durante pouco mais de uma hora presentearam-nos com o seu som classificado por muitos como metal industrial, muito “à frente” para a altura em que foi criado. Com direito a passagem por vários álbuns o maior destaque foi para o primeiro longa duração “Streetcleaner” de onde debitaram temas como “Christbait Rising”, “Like Rats” e “Streetcleaner”. Podemos ainda ouvir, entre outros, “Monotremata”, “Love is a Dog from Hell” e “Crush my Soul” [frenético o beat em 6/4], que faziam parte da setlist exibida no portátil que se encontrava ao lado esquerdo de BROADRICK. Nota ainda para uma ou outra falha técnica como uma entrada fora de tempo do “baterista” e um final prematuro das projecções dando lugar ao logotipo do aparelho de leitura do DVD que rapidamente foi corrigido. Um concerto coeso e demolidor onde não desiludiram os presentes.

A primeira parte do espetáculo esteve a cargo dos portuenses SEKTOR 304, cujos Godflesh constam na sua lista de influências. Iniciaram a sua prestação quando a sala contava apenas umas 20 pessoas, mas assim que começaram a espalhar o seu som, foram entrando progressivamente os que esperavam no exterior pelo início do concerto.

O quarteto composto por 2 elementos na percursão, contrabaixo eléctrico e voz mas que também recorreu ao uso de latões, chapas de zinco e uma rebarbadora para fazer o seu som. As projeções são uma constante durante todo o concerto em que predominam imagens de destruição, nomeadamente demolições. Durante os cerca de 40 minutos em palco mostraram-nos os temas “Engage…Forwards”, “Voodoo Machine”, “Vessel of Guilt” e “Prismatic Sun” entre outros.

 

FOTO: Joana Cardoso