Iron Maiden no País Campeão Europeu
2016-07-11, MEO Arena, LisboaO aparato e os truques de sempre num concerto em crescendo até ao final apoteótico.
Os Iron Maiden, se excluirmos a opinião da legião de fãs, estarão numa crise criativa que, nem o regresso de Bruce Dickinson e Adrian Smith, há mais de uma década já, conseguiu resolver (e tão bem que os dois estavam a sair-se nos álbuns assinados com o nome do carismático vocalista). Portanto, “The Book Of Souls” tem todo o aparato de sempre de cada álbum dos Maiden, mas por mais pirotecnia que esteja presente em palco, não tem metade do fogo que existia há três décadas atrás. Contudo, isto não interessa nada quando nos vemos num concerto de Maiden…
Se “If Eternity Should Fail” e as suas oscilações dinâmicas, somadas ao caos sonoro, seria um início titubeante para qualquer outra banda no mundo, o simples surgir em palco dos Maiden fez explodir a multidão de Irons. E logo a seguir, o primeiro single do recente álbum, “Speed Of Light”, traz-nos a primeira aparição de Eddie, numa versão digital, e faz prova daquele que é o maior predicado da banda: o seu som, os seus músicos e as suas canções, transmutam-se ao vivo – multiplicam o seu vigor. Assim, no final do segundo tema o ambiente está a tornar-se infernal e Dickinson sauda as «18.000 pessoas aqui dentro» enquanto coloca o cachecol dos Campeões Europeus para apresentar “Children of the Damned”. Os Maiden não vieram apenas dar um concerto a Lisboa, vieram encerrar a festa improvisada pela cidade desde a noite de Domingo.
Os Maiden não vieram apenas dar um concerto a Lisboa, vieram encerrar a festa improvisada pela cidade desde a noite de Domingo.
Foi em “The Red And The Black” que o som começou a ir ao sítio, momento também para ver Dave Murray com o que se estranha sempre um pouco, a Gibson Les Paul com o Floyd Rose, e então, com o som mais sólido, estava na hora de mega clássicos… “The Trooper” e “Powerslave”. Iria começar o concerto “à séria”, com a insistência final em “The Book Of Souls”, com o tema título do álbum a trazer de volta Eddie e a clássica zaragata com Dickinson e logo de seguida “Hallowed Be Thy Name”.
Será um pesadelo conseguir fazer som à banda, bastando lembrar a presença de três guitarras e o enorme drumkit de Nicko, e isso mantém o concerto em toada morna durante muito tempo. Depois, a idade não perdoa nem o hiperactivo Bruce Dickinson que já se protege na maior parte dos temas, sugerindo as notas mais agudas em vez de realmente as cantar. Mas, chega um momento em que se esquece tudo isto. É quando chega o peso harmonizado das três guitarras em “Fear Of The Dark”, Adrian Smith abdica dos seus modelos de assinatura Jackson, para usar um agressivo modelo Kelly. As melodias, o coro de 18.000 pessoas… É mesmo a melhor canção de sempre ao vivo, o exemplo perfeito do que se entende como a mistura entre uma banda, a sua música e o seu público. É sempre arrepiante.
“Iron Maiden” ouve-se cheia de harmónicos artificiais vindos da Jackson Kelly. Surge um mega Eddie insuflável no palco e há uma rebaldaria de Strats no ar! A banda despede-se com o seu hino e com todos os truques que a tornou, para muitos, a maior banda de sempre ao vivo. O encore não vai demorar, nem será demorado. Começa com “Number of the Beast”, com o Grande Bode no canto do palco e com Steve Harris vestido com a camisola da Grande Besta dos franceses… “Blood Brothers” é cantada a plenos pulmões pelos milhares de Irons na MEO Arena, mas remove algum ímpeto ao final do concerto que acaba com uma favorita pessoal: “Wasted Years”.
SETLIST
- If Eternity Should Fail
Speed of Light
Children of the Damned
Tears of a Clown
The Red and the Black
The Trooper
Powerslave
Death or Glory
The Book of Souls
Hallowed Be Thy Name
Fear of the Dark
Iron Maiden - The Number of the Beast
Blood Brothers
Wasted Years