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Iron Maiden

Iron Maiden

2013-05-29, Pavilhão Atlântico
Redacção

Concerto integrado na sua mais recente Maiden England Tour 2013, que pretende retratar/recriar um dos períodos da sua história mais forte, a tournée de apoio ao lançamento do seu sétimo álbum de originais  Seventh Son of a Seventh Son de 1988, posteriormente imortalizada em VHS e recentemente em DVD.

Considerado por muitos um dos expoentes máximos da banda, este álbum marca igualmente a introdução de elementos novos na sua música como a utilização de teclados e atmosferas mais calmas e progressivas, um passo arrojado na evolução da banda.

Concerto aguardado com bastante expectativa ao longo dos últimos meses, confirmou-se casa cheia nesta noite de celebração do Heavy Metal.

O início do espectáculo e aquecimento geral do público presente coube aos também britânicos Voodoo Six, banda escolhida pelos próprios Iron Maiden para os acompanhar nesta extensa tour europeia de 30 datas e cerca de 2 meses de duração.

Com uma pontualidade britânica de invejar, às 19:30h entraram em palco e apresentaram-nos um Hard Rock interessante, baseado no seu mais recente álbum Songs To Invade Countries To, lançado precisamente no dia de estreia desta tour, 27 de Maio de 2013.

Destacaram-se músicas como Falling Knives, Sink or Swim e Your Way, foram conseguindo conquistar a empatia do público, tendo o vocalista no intervalo das músicas tentado a sua sorte com algumas palavras em português, sendo o Obrigado! mais perceptível e aplaudido.

A fechar a curta actuação de 35 minutos tocaram Long Way From Home do seu registo anterior.

Mudança de palco e depois de uma curta espera, a mesma pontualidade ditou para as 20:30h o soar nas colunas dos primeiros acordes de Doctor Doctor dos UFO, sinalizando o prelúdio do espectáculo. Apagar de luzes, afinar de vozes e centrar de toda a atenção no palco, inicia-se uma introdução de inspiração clássica com um coro de vozes épicas, passando em dois ecrãs de vídeo laterais imagens de icebergs e paisagens árticas, aliás fio condutor do imaginário de palco e temática visual da actuação.

Ainda com as luzes apagadas ouvem-se os primeiros acordes característicos de Moonchild, excelente 1ª música do álbum que vêem representar, com um crescendo de intensidade inicial até ao auge quando entra a bateria e finalmente se acendem as luzes, numa explosão final de fumo e fogo mostrando o palco em toda a sua glória e a banda em constante movimento.

O fundo do palco onde os músicos se encontravam estava coberto por um pano com um fundo azul com figuras baseadas no artwork do álbum Seventh Son of a Seventh Son. A toda a volta uma plataforma elevada onde Bruce Dickinson podia correr e animar ambos os lados do pavilhão, o que fez por variadas vezes.

Tal como em outras tours da banda, o enorme pano de fundo da sala era alterado em cada música, revelando imagens referentes à temática das mesmas, na sua maioria capas dos Singles editados com ilustrações do artista Derek Riggs.

Seguiu-se outro clássico retirado desse álbum, Can I Play With Madness, muito apreciado pelos presentes, e recuámos um pouco na história da banda até 1982 com The Prisoner, música inspirada na série dos anos 60 com o mesmo nome, da qual passou um excerto de imagens no início.

Bruce Dickinson dirigiu-se ao público para introduzir Afraid to Shoot Strangers, explicando brevemente o significado da mesma, no que foi um dos primeiros momentos de ambiência mágica da noite. Com nevoeiro por entre o palco, desceu do tecto um gigante robot de luzes, criando um efeito visual muito forte. Um jogo de guitarras irrepreensível e a voz em grande destaque transformaram esta música num épico memorável.

 

Seguiu-se um trio de músicas respeitável, muito celebradas e sempre cantadas a plenos pulmões pela audiência. Começando com The Trooper, onde entrou em palco o famoso Eddie, na sua versão General Custer de espada na mão, interagindo sempre muito com Janick Gers. Bruce no seu uniforme característico vermelho, pronto para a batalha acenando a bandeira do Reino Unido.

The Number of the Beast com a figura de um Bode em grande destaque, muito fogo e chamas por todo o palco, ilustrando assim a temática do número da Besta 6-6-6 e Run To The Hills com imagens do célebre videoclip a passar nos ecrãs laterais.

Um dos momentos altos do concerto foi precisamente a música que inspirou esta digressão e um dos maiores êxitos da sua carreira, Seventh Son of a Seventh Son. Como pano de fundo tivemos uma reprodução real da imagem que acompanha o álbum, o Eddie clarividente a escrever num livro acompanhado por uma bola de cristal e duas velas gigantes de lado, acesas com uma chama real durante a música ao comando de Bruce.

Pudemos também vislumbrar em palco uma rara aparição do teclista que acompanha a banda nas digressões, numa plataforma do lado direito reproduzindo um órgão de igreja. Normalmente tocando as suas partes em algumas músicas atrás do palco, fora da visão do público, teve assim uma exposição merecida neste momento. Cerca de 9 minutos de técnica e muita ambiência, teclados em grande destaque e pirotecnia sincronizada com a música, Seventh Son of a Seventh Son renasceu em 2013, após uma longo afastamento, para uma performance magistral e hipnótica.

Outro momento alto da noite, pela ligação que se cria entre a banda e o público, inicia-se em Fear of The Dark, música onde todos os braços do pavilhão se levantaram no ar e as vozes em uníssono cantaram as melodias de guitarra e letra da música, num momento de arrepiar.

A fechar a primeira parte do concerto o clássico Iron Maiden, tema estandarte da banda, onde o Eddie fez a sua aparição final. Escolhido para esta tour o Eddie Seventh Son, desmembrado, com o coração vivo nas mãos ainda mexendo, e no fim deitando fogo pelo cérebro.

A banda sai de palco, apagam-se as luzes e após uma breve pausa, para o primeiro encore soam as primeiras palavras do famoso discurso de Churchill We Shall Fight on the Beaches, nos ecrãs laterais passam imagens da Batalha de Inglaterra, um marco na história da 2ª Guerra Mundial e do seu país natal. Não restam portanto dúvidas que se segue uma das mais enérgicas músicas da banda, Aces High. Tendo como pano de fundo uma imagem do Eddie no cockpit de um Spitfire, o público ainda teve energia para acompanhar estes senhores neste grande clássico.

Para terminar Running Free, outra incursão ao primeiro álbum da banda. Bruce aproveitou a música para apresentar os elementos da banda e interagir com o público, tendo sido uma das únicas alturas que pudemos ver o baterista Nicko McBrain, assomando a cabeça por detrás da sua monumental bateria. No fim da música e dos agradecimentos um momento especial quando um fã entrega ao baterista uma bandeira com uma fotografia do antigo membro e recentemente falecido Clive Burr, o que mereceu uma última ovação e homenagem por parte dos presentes.

A energia e precisão demonstrada pela banda é impressionante, levando em conta que a idade média dos seus elementos é de 57 anos de idade. Muitos sorrisos e caras suadas no final do concerto, a mostrar que continuam em grande forma, esperemos ainda que por muitos anos.

Por Pedro Raimundo
Fotos: Pedro Mendonça

 

SETLIST

  • Moonchild
    Can I Play with Madness
    The Prisoner
    2 Minutes to Midnight
    Afraid to Shoot Strangers
    The Trooper
    The Number of the Beast
    Phantom of the Opera
    Run to the Hills
    Wasted Years
    Seventh Son of a Seventh Son
    The Clairvoyant
    Fear of the Dark
    Iron Maiden
  • ENCORE
    Aces High
    The Evil That Men Do
    Running Free