Jinjer, Glória à Ucrânia

Numa noite de emoções fortes, os Jinjer foram recebidos em apoteose por um público fervoroso e pleno de compaixão.

A 24 de Fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia e desde então tem vindo a consolidar, barbaramente, a sua ocupação no leste do país vizinho, nomeadamente na região de Donetsk, terra natal dos Jinjer. Desta forma, não é de estranhar que desde então a banda ucraniana tenha andado apreensiva quanto ao futuro da sua nação. Ao longo destes últimos quatro meses, os Jinjer não só experienciaram a hostilidade da guerra, como também optaram por fazerem uma pausa na sua carreira para juntar esforços e prestar auxilio à sua pátria. Para tal, a banda protagonizou diversas ações de solidariedade para com o seu povo, destacando-se a criação de duas t-shirts, com as cores da bandeira da Ucrânia e a frase “We want our home back”, com o intuito de angariar fundos para ajudar com as necessidades alimentares e médicas dos seus conterrâneos.

Contudo, e depois de várias tours canceladas, nomeadamente a Knotfest Roadshow nos EUA, bem como uma tour pela América Latina, os Jinjer optaram por manter viva a digressão europeia de festivais, que só se concretizou com uma autorização especial do ministério da cultura ucraniano, isto porque os membros masculinos da banda estavam obrigados, segundo a lei, a permanecer no país para responderem ao conflito bélico.

Despistada a legislação, os Jinjer apresentaram-se no LAV – Lisboa Ao Vivo com o intento de demonstrar que o seu metalcore/djent progressivo também pode ser utilizado como uma arma de defesa e de sensibilização para com as atrocidades provocadas pela guerra. Aliás, a julgar pelas diversas bandeiras com faixas azuis e amarelas que foram empunhadas, com orgulho, pelos fãs portugueses percebe-se claramente que a mensagem foi passada.

Nesta que foi a terceira incursão da banda de Tatiana Shmailyuk a Portugal, os Jinjer trouxeram “Wallflowers”, álbum editado em 2021. A abertura do concerto deu-se com a explosiva “Call Me A Symbol” seguindo-se “On the Top”, esta com um enorme coro incentivado por “Tati” no refrão. Com um som carregado de graves, os guturais de Tatiana soaram bastante coesos ao longo de todo o concerto, no entanto, os seus vocais limpos, sempre que surgiam, apresentavam-se algo distantes e incapazes de furar o PA. Todavia, a prestação da banda manteve-se sempre enérgica e sem quebras de dinâmica, algo que também contagiou o público a entoar as letras, fazer mosh e crowdsurf.

Vários foram aqueles que gritaram a plenos pulmões “F*ck Putin” como forma de demonstrar todo o seu apoio não só para com os Jinjer, mas também para com o povo ucraniano.

“Pit of Consciouness”, “I Speak Astronomy e “Disclosure”, marcaram o passo apressado e avassalador do concerto que, teve nas suas pequenas pausas momentos para agradecimentos e também para relembrar o conflito que está a marcar a atualidade. Vários foram aqueles que gritaram a plenos pulmões “F*ck Putin” como forma de demonstrar todo o seu apoio não só para com os Jinjer, mas também para com o povo ucraniano. Já em “Judgement (& Punishment)”, ” Teacher,Teacher”, “Perennial” e “Pisces” abriram-se clareiras que deram origem a múltiplos circle pits. Quanto ao momento alto da noite, esse dá-se com “Home Back”, do álbum “Macro”, de 2019, tema que parece ter surgido de forma profética e que obtém agora todo um novo significado face à conjuntura internacional que assistimos diariamente. Para o fim ficaram ainda as mais recentes, mas demolidoras “Vortex” e “Colossus”. As despedidas foram feitas de forma emotiva com a presença das bandeiras ucraniana e portuguesa em palco, demonstrando mais uma vez as fortes relações que existem entre estes dois países.

A abrir a noite estiveram os portuenses Sotz que, apresentaram o seu death metal musculado pejado de breakdowns e os lisboetas Okkultist, que, com o seu death/black metal, cativaram um LAV- Lisboa Ao Vivo já muito bem composto.