Quantcast
MEO Marés Vivas: O Dia de Anos de Carlão e Novo Reencontro de Ornatos

MEO Marés Vivas: O Dia de Anos de Carlão e Novo Reencontro de Ornatos

2019-07-19, Vila Nova de Gaia
Emanuel Ferreira
Emanuel Ferreira
8
  • 6
  • 6
  • 6
  • 8
  • 9
  • 8
  • 9
  • 10
  • 9

Problemas técnicos e corte de som destruíram actuação dos Mando Diao. Felizmente, Carlão e Ornatos Violeta tinham muitas histórias para contar no Marés Vivas.

Segundo dia, espaço esgotado. A festa começou mais cedo, e muitos já circulavam de tarde pela antiga Seca do Bacalhau, hoje espaço para as edições do MEO Marés Vivas. Contagem decrescente para Ornatos, antes uma volta pelo recinto, chegar ao palco Santa Casa e ver o Pop Rock de João Só, bem recebido pelas centenas de presentes. Mover para o palco principal, na realidade aquele em que realmente ia acontecendo tudo.

Do Reino Unido chegava Don Broco, com um colorido que encaixava bem na prestação diurna e um som a servir perfeitamente o dia em causa. Mesmo assim, Rob Damiani poderá ter exagerado ao pedir, logo no primeiro tema, um mosh pit. Simon Delaney, na sua guitarra PRS Custom 24, ia ensaiando alguma acrobacia que chamou mais a atenção para o seu lado do palco. Certamente que o quinteto ganhou adeptos nesta tarde e “Technology”, de 2018, em que se baseou o concerto, ganhou novas escutas.

Carlão celebrava o seu aniversário, e que dia teve. Arrancou bem, com “Entretenimento”, e conseguiu aguentar bem a actuação sem necessitar da muleta do passado, mostrando-se actual na crítica das letras, sempre activo em palco e bem secundado por um grupo de músicos de primeira água. “Os Tais”, a nova “Bandida”, foram alguns dos temas e terminou com “Dialectos de Ternura”, num piscar de olhos aqueles que só conheceriam Da Weasel. Por falar nisso, a doninha estará de volta em 2020.

O prémio do azar calhou a Mando Diao. Os suecos chegaram com o seu rock, repleto de energia, com um toque de Queens Of The Stone Age, e tudo correu bem durante quatro temas. Björn Dixgård, na voz, é o perfeito mestre-de-cerimónias, secundado por bons músicos. O problema, ou azar, foi a parte técnica, do lado do festival, que levou a um corte geral no som. Trinta e cinco longos minutos sem banda em palco, que pelo meio ainda arriscaram chegar às grades, empoleirar-se e tocar uma versão, naturalmente acústica, de “Dance With Somebody”, com Björn no violão e os restantes com instrumentos de percussão. O regresso do som, permitiu concluir o concerto, mas a pedalada inicial estava perdida, muito público demandara para a zona de alimentação e o quinteto limitou-se a cumprir horário.

Já se tinham encontrado na semana anterior, mesmo assim chegaram ao palco e abraçaram-se como velhos amigos que não se reencontram há anos. Havia emoção. Entre “Pára de Olhar Para Mim” e antes de “Para Nunca Mais Mentir”, um Manuel Cruz emocionado perante o mar de gente, «F*da-se. Como se diz cá em cima, c*ralho!». Ainda antes de “Há-de Encarnar”, anuncia-se «Mais uma antes de entrar no “Cão”… “Monstro”, minha memória já não é o que era», mas também não era precisa a memória de Manuel Cruz, pois desde o primeiro momento, com “Um Crime À Minha Porta”, que todos cantavam as letras dos Ornatos Violeta. A noite era deles, ganha por antecipação, aos pontos, por goleada, de qualquer forma que não implicasse a ida a penaltis.

O calor subia e a cada música uma camisola era despida. Chegou Carlão, cantaram “Ouvi Dizer” e “Casa (Vem Fazer De Conta)”, alguém deveria ter guardado o registo, para a posteridade. Depois veio tudo o resto, três encores e aquela magia que é rever Ornatos depois de um longo hiato. «Vou ver Ornatos, acho que sobem ao palco e ajoelho-me», dizia uma adolescente, ainda antes de Mando Diao. Há grupos assim, que provocam essas emoções… grupos assim, que crescem ainda mais quando jogam em casa, para os seus. «F*da-se», repetiu ele mais uma vez.

SETLIST

  • MANDO DIAO: All the Things, White Wall, Long Before Rock ‘n’ Roll, You Got Nothing On Me, Dance With Somebody, Mr. Moon, Sweet Ride, Down in the Past, Black Saturday, Dance With Somebody
  • ORNATOS VIOLETA: Um Crime À Minha Porta, Tanque, Pára de Olhar Para Mim, Para Nunca Mais Mentir, Há-de Encarnar, Ouvi Dizer, Casa (Vem Fazer De Conta), Chaga, Notícias do Fundo, Nuvem, Deixa Morrer, O.M.E.M., Dia Mau, Pára-me Agora, Coisas, A Dama Do Sinal, Capitão Romance, Devagar, Gone Daddy Gone (Violent Femmes), Fim da Canção, Como Afundar, Raquel, Dias de Fé