Meteórica a ascensão deste músico cuja estreia “Strange Arrangement” o catalogou imediatamente como um dos salvadores da soul. E a verdade é que Hawthorne mantém neste disco um bom gosto tremendo e uma sonoridade afiada, de recolha, mas pertinente e contemporânea.
É quase como se Hawthorne fosse um arquivista ou bibliotecário e tivesse feito um doutoramento em Motown, com teses brilhantes, estando agora a usufruir do facto de ser uma autoridade nesse campo de estudo. “How Do You Do” transborda classe formal e estilo, de facto até “Snoop Dogg” se porta com modos para a festa a que foi convidado.
A ligeireza de alguns momentos do disco chegam a fazer-nos pensar em Beatles, mas esse é outro dos pressupostos da assinatura única de Hawthorne, a capacidade de fusão com que dotou o seu som. Essa fusão é o que dota o som deste compositor com algo mais que simples efeito de nostalgia. E depois tem um flow o disco que nos faz sentir estarmos diante de algo que não é processado, mas natural. “How Do You Do” sobrevive ao estigma do segundo disco, com segurança na reciclagem dos processos do primeiro.