Meu Deus! Que álbum! Neil Young nunca foi um músico comodista, e nunca se importou com rótulos, deambulando entre o hard rock e o country puro, fundando para muitos o grunge.
Mas “Le Noise” vai muito além duma despreocupação casual de quem faz apenas aquilo que quer. É um violentíssimo e eléctrico abalar das fundações do rock! Nada resiste à passagem deste trabalho, que é um furacão estético, tem uma força impressionante arrasadora, uma beleza violenta e irresistível!
Em conjunto com o produtor Daniel Lanois [que originou o trocadilho no título do álbum], que é responsável pela manipulação e desconstrução sonora, Neil Young não deixa pedra sobre pedra no álbum mais experimental e arrojado que já fez. Não há banda, há apenas o canadiano a cantar com guitarra, uma parede de amplificação e, sobretudo, uma exploração de efeitos sensacional [phasers, delays, fuzz, overdrives, tone benders…]. São essas camadas que constroem toda a dinâmica do disco.
Os temas acústicos surgem neste álbum por piedade, para impedir uma hiperventilação do ouvinte, fazem-nos descansar. Mas acima de tudo, o que surpreende verdadeiramente é a simplicidade brutal do disco, a forma como soa despido e cru, mesmo com tanto processamento; a calma que se sente no meio de tanta inquietude emocional.
Este álbum é alquimia pura, a pedra filosofal, de como um homem e uma guitarra podem alcançar algo de deuses. É absolutamente imperdível.