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NOS Alive 2022: A Arte Nova de Florence + the Machine

NOS Alive 2022: A Arte Nova de Florence + the Machine

2022-07-06, NOS Alive, Lisboa
Miguel Grazina Barros
Inês Barrau
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Doze anos depois, Florence Welch regressou ao NOS Alive como um dos nomes mais esperados da noite. Com ela, um espetáculo deslumbrante cheio de êxitos e canções mais recentes.

Florence + The Machine regressaram ao Passeio Marítimo de Algés, desta vez no Palco NOS para ocupar a posição de headliners da segunda noite de festival. A banda responsável por “Call Me Cruella”, o tema original do filme da Disney “Cruella” protagonizado por Emma Stone, tem 5 álbuns editados no seu repertório, 3 dos quais chegaram ao top 10 nos EUA e, em conjunto, venderam mais de 4 milhões de cópias em todo o mundo. O grupo tem também 6 nomeações para os Prémios Grammy e para os Prémios Britânicos de Melhor Álbum Britânico, com o álbum de 2009 “Lungs”. “Dance Fever” é o nome do mais recente álbum lançando em 2022 que teve direito a 5 canções do alinhamento.

Pela quarta vez em Portugal, Florence + The Machine não têm nada a provar. A fasquia estava alta, mas o concerto conseguiu superar as expectativas dos espectadores, menos conhecedores, que não esperavam a força da Natureza que é Florence Welch. A certa altura, Florence pergunta «Quem já esteve num concerto de Florence + The Machine?» e logo de seguida «Quem é que está no seu primeiro concerto de Florence + The Machine? Bem-vindos!» – levantando uma resposta fervorosa do público, que se entrega ao culto de Florence + The Machine sem hesitar. Descalça, com um vestido vermelho e sempre a dançar em “bicos de pés”, Florence é uma personagem mística que encanta e seduz a plateia, com um poder vocal enorme e uma sensibilidade excepcional.

A julgar pela enorme plateia que se juntou às 22h45 no palco principal, não há dúvida que Florence + The Machine eram a banda mais esperada da noite. Florence apresenta-se em palco com um visual digno de um quadro de Art Nouveau, longos cabelos ruivos e um balancear semi-esotérico. Com ela, a fiel banda – a “máquina” – onde não pode faltar uma guitarra, um violino e a harpa, instrumentos que garantem ao indie-rock dos Florence + The Machine uma particularidade folk e barroca – por vezes, o instrumental necessitava de mais “power” ou volume, ou talvez tenha sido a voz de Florence que tem mais força que os próprios instrumentos (sem dúvida).

Descalça, com um vestido vermelho e sempre a dançar em “bicos de pés”, Florence é uma personagem mística que encanta e seduz a plateia, com um poder vocal enorme e uma sensibilidade excepcional.

O espetáculo começou com “Heaven Is Here” e “King”, dois temas do mais recente álbum “Fever Dream” – e que grande começo. “What Kind of Man”, de 2015, trouxe o seu infalível riff de guitarra sustentado por um coro celestial, e logo de seguida uma canção mais antiga “Kiss With a Fist”, de 2008, tocada com uma incrível força e energia. Recordando o último concerto no mesmo festival em 2010, Florence faz um apelo em forma de “ritual” – «Por favor, ponham os telemóveis de lado» para dar início ao hino “Dog Days Are Over”, cuja performance vocal (mais uma vez) foi extraordinária.

“Dream Girl Evil” é a canção do novo álbum que poderia muito bem pertencer a Stevie Nicks, interpretada nas primeiras filas da plateia num momento íntimo com os fãs. “Ship to Wreck”, “Cosmic Love” do primeiro álbum, o single mais recente “My Love” e “Big God” precedem “Spectrum”, tema que não deixou ninguém parado e calado por razões óbvias. Emocionada com tanto amor que recebe do outro lado, Welch canta “Never Let Me Go”, que «não tocava há 10 anos», porque a recorda de uma altura da sua vida em que era «muito jovem, muito triste e muito bêbeda». Tecendo elogios ao público, Florence “acaba” o concerto com “Hunger” regressando de seguida para um pequeno encore de duas canções – um dos maiores êxitos “Shake It Out”, e “Rabbit Heart (Raise it Up)”. Foi um concerto delicioso e arrebatador, carregado de soul e emoções à flor da pele que certamente os fãs (e os novos fãs) não vão esquecer.