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Ozzy Osbourne

No More Tears

Epic Records, 1991-09-17

EM LOOP
  • Mr. Tinkertrain
  • I Don’t Want to Change the World
  • Mama, I’m Coming Home
  • Desire
  • Hellraiser
  • Road to Nowhere
Nero

“No More Tears”, o sexto álbum de estúdio de Ozzy Osbourne, é um disco quintessencial do hard rock. A obra-prima de guitarra de Zakk Wylde.

Como repetimos amiúde aqui na AS, o sucesso da carreira do Ozzy não tem qualquer segredo, foi voz para as guitarras de Iommi, Randy Rhoads, Jack E. Lee e, a partir do álbum anterior a este, Zakk Wylde. Em “No More Tears”, o guitarrista de New Jersey assinou o seu maior trabalho.

Se o álbum antecedente (“No Rest For The Wicked”, 1988) foi uma previsão e o posterior (“Ozzmosis”, 1995) uma manutenção de formato, ainda que bons, nenhum supera a maior obra-prima que Zakk assinou com o “Prince of Darkness” – a assinatura dos temas é dividida com os falecidos Randy Castillo e Lemmy Kilmister.

Este é um álbum quintessencial do hard rock: secção rítmica directa, com um pulsar carregado de balanço e groove, simples ao ponto de parecer básica, mas ouvindo a dinâmica e segurança de ritmo e os power beats de Randy Castillo ou a forma sublime de compasso em contratempo que percorre todo o tema título, a sensação despertada é a de genialidade. Afinal a outra parte dessa secção foram nomes como Bob Daisley e Michael Inez, o último não gravou, esteve apenas na direcção musical do álbum, entrando apenas na digressão.

Mas a grande força deste álbum está no trabalho de guitarra, virtuoso, forte, emotivo. Zakk Wylde manteve o respeito à peculiaridade vocal de Ozzy, tal como Randy Rhoads, mas simplificou ainda mais a estruturas dos riffs.

Contudo, conseguiu, dentro da sua linguagem, continuar a ter solos assombrosos, ao nível do que se escuta num álbum como “The Blizzard Of Oz” e assinou aquele que é um dos melhores álbuns de guitarra da história e se tornou referência até em mercados com um vínculo comercial, principalmente através do single premiado com Grammy, “I Don’t Want To Change The World”, e das baladas “Mama, I’m Coming Home” e “Road To Nowhere”. Mas, claro, nada suplanta o épico que dá título ao disco e que contém um dos melhores solos de guitarra de sempre, um pungente crescendo de melodia e virtuosismo.

A megaprodução de Duane Baron e John Purdell, este trabalhou também no álbum “Awake” dos Dream Theater, por exemplo, optimizou tudo o que foi o percurso de produção dos anos 80 e a verdade é que, também depois deste álbum, aquele corpo de reverb e chorus foi desaparecendo dos álbuns de Ozzy Osbourne, até parecer ter regressado um pouco no recente “Ordinary Man”.

Com isso perdeu-se qualquer coisa entretanto neste campo, acima de tudo foram as linhas de guitarra de Zakk Wylde quem mais sofreu a perda deste tipo de produção estilizada. Obviamente que o guitarrista também parece ter procurado outro tipo de som.

No final, este álbum tornou-se uma pérola, tal como os cronologicamente próximos “Use Your Illusion I & II” e “Metallica”, também por isso, porque a partir daqui morreram as megaproduções e o coma do rock deixou órfã uma geração inteira que, em Portugal, só teve a sua reinvindicação no dia 02 de Julho de 2018.