Rock in Rio Lisboa – reportagem 2º dia
Segundo a organização, 83 mil pessoas estiveram ontem [26.05] no Parque da Bela Vista, e a confusão era evidente, tanto nas filas para entrar, como dentro do recinto.
[Por Inês Lourenço]
PALCO SUNSET
O início da tarde, as parcerias portuguesas foram feitas no feminino, com Rita RedShoes a subir ao palco com Moreno Veloso [filho de Caetano Veloso] e Mafalda Veiga com o brasileiro Marcelo Jeneci. Os temas das vozes portuguesas ganharam uma nova vida ao vivo, mas sem apontamentos de maior.
Já com o pôr do sol, no palco Sunset ouve-se bom rock com Xutos & Pontapés e Titãs. Os Xutos entram em palco e tocam “Quem é Quem?”, de seguida, os Titãs entram em palco para tocar “Polícia”. O público estava em plena festa, e as duas bandas super bem dispostas vão tocando as suas versões de “Dados Viciados”, “Bichos Escrotos” e “Não sou o único”. E os Titãs tocam à sua maneira o êxito dos Xutos “À minha maneira”, e o Xutos retribuem com “Vossas Excelências”, música que Paulo Miklos, vocalista de Titãs, dedica a toda à classe política, “uma classe tão incompreendida e perseguida”. Para o final, estava reservada ainda uma surpresa e parafraseando Tim, “Para aumentar ainda mais a confusão”, é chamado ao palco mais um guitarrista, Andreas Kisser de Sepultura, para tocar “Alta Rotação” e “Cabeça Dinossauro”. Um momento único. Apesar de não ser a primeira vez de Xutos no RIR (nesta edição ainda vão subir ao palco Mundo), a actuação apanhou-nos de surpresa, já que se distinguiu pelo facto de haver um verdadeiro trabalho de arranjos nas músicas, não se limitando a juntar músicos em palco.
PALCO MUNDO
LIMP BIZKIT
A banda de Fred Durst tinha a tarefa de iniciar as hostes no Palco Mundo e não desiludiu. Limp Bizkit, apesar de terem lançado um novo álbum “Gold Cobra”, em 2011, optaram uma set list de êxitos antigos, limitando-se a tocar apenas “Bring it Back” desse álbum. Uma escolha inteligente e que não deixou (quase) ninguém indiferente. Assim que se ouve “If only we could fly…” é a explosão total no recinto da Bela Vista. Foi um concerto de revivalismos, e parece que a época áurea do Nu-metal está ainda bem presente na memória de várias gerações. Temas como “Hot Dog”, “Livin it up”, “My Way”, “Nookie” ou “Rolling” fizeram as delícias dos presentes.
Fred Durst chegou mesmo a confessar que há muito tempo que não tinha um dia assim. Nota 10 para o público presente, que apesar de por vezes haver alguns tempos mortos entre músicas que quebravam o ritmo do concerto, não perderam a energia. Por sua vez Fred Durst relembrou-nos que é um verdadeiro entertainer, e várias vezes comunicou com o público, várias vezes dirigiu-se ao fosso e chegou mesmo a percorrer o palco até à tenda da régie de som. E com o mérito de introduzir muito bem as bandas que aí vinham, cantando o refrão de “In the End” dos Linkin Park, e “Get a Job” dos Offspring. Sem dúvida um ponto alto no segundo dia do Rock in Rio.
Set list
My Generation
Hot Dog
Livin it up
Bring it Back
My Way
Break Stuff
Take a Look Around
Behind Blue Eyes
Nookie
Rollin
OFFSPRING
Depois do Nu metal de Limp Bizkit, é hora de ouvir o punk rock de Offspring. Dexter Holland mostrou-se pouco falador e a idade já começa a pesar, notando-se algumas falhas e cansaço na voz. Mas nada disto abalou a energia do público. Se os álbuns recentes de Offspring passam ao lado do fenómeno das massas [à semelhança de Limp Bizkit], os hits do passado conseguem animar multidões. Neste dia, é notória a presença de camadas mais jovens, que aproveitam o punk acelerado de Offspring para libertar energias.
A inclusão de hits como “Come Out and Play”, “The Kids Aren’t Alright”, “Staring At The Sun”, “Get A Job”, “Pretty Fly”, “Kids Aren’t Alright” ou ” Self Esteem” são o sucesso garantido.
Set list
Gonna Go Far Kid
All I Want
Come Out And Play
Days Go By
Have you Ever
Staring At The Sun
Original Prankster
Walla Walla
Hit That
Kristy
Get A Job
Americana
Head Around You
Pretty Fly
Kids Aren’t Alright
Self Esteem
LINKIN PARK
Muitos dos que se dirigiram à Cidade do Rock vinham para ver Linkin Park, e já na edição de 2008 tinha acontecido o mesmo.
A banda liderada por Chester Bennington e Mike Shinoda continua a arrastar várias gerações atrás de si, e a agradar a miúdos e graúdos.
A set list que apresentaram no RIR foi bem construída, intercalando os grandes êxitos da banda com músicas menos conhecidas do público geral, o que contribuiu para um concerto praticamente sem quebras ou momentos mais monótonos.
Os pontos altos do concerto vieram com “With You”, “Runaway”, “Somewhere I Belong”, “Numb”, “Breaking the Habit” ou “In The End”.
Com um novo álbum já a chegar, “Living Things”, os Linkin Park tocaram 2 temas novos: “Lies Greed Misery”, com uma sonoridade que incide mais no hip hop, e “Burn It Down”, single já bem conhecido do público, principalmente das camadas mais jovens, e que a julgar pela receptividade se vai tornar num grande êxito.
De fora também não ficaram as músicas que integram a banda sonora da saga do filme “Transformers“, ouviu-se “Iridescent”, “What I’ve Done”e “New Divide”.
Com “Crawling” de 2001, andamos 11 para trás, e parece que tenho 16 anos outra vez. Chester canta a música no fosso e um elemento do público dá-lhe um cachecol do FCP, que ele exibe honrosamente – e quando o mostra à multidão desencadeia uma onda de assobios…
Foi um concerto irrepreensível, sem nada a apontar. Os Linkin Park estão em boa forma e foram os senhores da noite.
Setlist
A Place For My Head
Given Up
Faint
With You
Runaway
From the inside
Somewhere I Belong
Numb
Lies Greed Misery
Points Of Authorit
Waiting For The End
Breaking the Habit
Leave Out All The Rest/Shadow of the Day/ Iridescent
Catalyst
Burn It Down
What I’ve Done
Crawling
New Divide
In the End
Bleed It Out
PaperCut
One Step Closer
THE SMASHING PUMPKINS [Por Paulo Basílio]
Confesso que espero pelo concerto com a expectativa em baixo, porque dos Smashing a que estava habituado já pouco resta, mas apesar da debandada de público no intervalo, a banda entrou com um espírito elevado no concerto e disposto a dar um grande final ao segundo dia do RIR 2012. Não foi um mega concerto, mas foi muito espontâneo. Com uma atitude mais straight rock e menos alternativo, tivemos um Billy Corgan aventureiro na guitarra, entrando em improvisos e diálogos com o segundo guitarrista a puxar bem nos solos de guitarra, soltando uma garra roqueira e de Jamm que lhe desconhecia. Deixando as polémicas de parte, achei que a banda respondeu bem e sentia-se um bom vibe entre eles, o que fez com que principalmente na parte final agarrassem por completo o público que restava no recinto. Tivemos ainda um brinde de uma versão bem sacada do Space Oddity [David Bowie] com uma desconstrução a la Smashing e a prova final da sonoridade mais straight Rock chega-nos com uma bela versão cheia de energia do Black Diamond dos Kiss. Foram uns Smashing com um sabor diferente, mas também um bom momento de clássicos que fizeram uma geração e a explosão do rock alternativo, espontâneo e explosivo.
Setlist
Zero
Bullet
Today
Starla
The Beginning is the end
Quasar
Panopticon
Tonight w/Reprise @ Beginning
Ava Adore
Neverlost
The Ever Lasting Gaze
Oceania
1979
Cherub Rock
Muzzle
Disarm
Space Oddity
XYU
Black Diamond