The xx, minimalismo ampliado
2017-07-06, NOS Alive, Passeio Marítimo de Algésxx no palco principal do Alive? Não seria à priori muito espaço para uma banda de vozes controladas, notas esparsas, samples em que a elegância raramente se converte em noise?
A resposta foi dada pela própria banda de forma clara. É curioso como uma banda que utiliza os instrumentos e a voz de forma tão minimalista consegue nos silêncios e nas pausas encontrar a medida certa de não se tornar demasiado pequena em palco. Pelo contrário o trio tornou-se nesta noite a mais estranha banda de estádio de sempre. Sem nunca deixarem de ser intimistas. A maior parte das bandas tenta preencher o enorme espaço do palco principal subindo o volume e trazendo mais instrumentação. Bigger and louder é a fórmula. O duo Londrino mantém a tonalidade dos álbuns mas descobre os pequenos espaços onde a música pode crescer sem deixar de ser aquilo que ela é. O predomínio dos graves (o baixo seco e pujante de Oliver Sim é o factor que faz a diferença aqui) constrói uma cama confortável onda a manipulação sonora de Jamie xx se pode deitar confortavelmente. O som do palco principal melhorou claramente este ano, mais claro e definido, e isso beneficia imenso uma banda com estas características.
O predomínio dos graves (o baixo seco e pujante de Oliver Sim é o factor que faz a diferença aqui) constrói uma cama confortável onda a manipulação sonora de Jamie xx se pode deitar confortavelmente.
O outro factor que empurrou o triunfo dos xx é de teor emocional: existe um romance assumido entre o público português e a banda. A cada música a resposta é calorosa e, apesar ser um cliché ver artistas a fazerem declarações de amor à pátria lusa, depreende-se que neste caso não se trata de um engate de ocasião. Os xx já organizaram inclusive o seu próprio festival Night + Day nos Jardins da Torre de Belém. Desde a sua estreia de caloiros em 2010 até à noite de quinta-feira, foi todo um percurso de crescimento da banda do qual Portugal não esteve alheio.
“Intro” abre o concerto com uma batida mais ritmada do que no álbum, e o desfile de canções segue sobre esta batuta, procurando imprimir a cada uma delas um ingrediente extra que a torne mais relevante ao vivo. A inteligência aqui é perceber que esse ingrediente varia a cada composição, e onde algumas beneficiam de adição, outras pelo contrário pedem subtracção. O último álbum da banda, “I See You”, domina o alinhamento com viagens pelo meio à magia dos discos anteriores. “Say Something Lovely” está mais suja e agressiva o que balança bem com a doçura calma da canção. “Brave for You” oscila entre a guitarra à Cure de Romy e oscilação pulsante do baixo de Oliver.
“Islands” e “VCR” são íntimas e sussurrantes e dos melhores exemplos como algo tão suave não só sobrevive como adquirem nova vida em palco. “Infinity” ganha um crescendo no final que quase a torna uma nova canção.
O final veio com “Angels”, a voz sussurrante de Romy e do público a entoar «love, love, love» pelo ar fresco da noite sob a batida marcial de Smith.