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Um concerto de IDLES é luz, é movimento, é energia, é cor, é inclusão, é união, é suor… é amor! [Porto, 2024]

Um concerto de IDLES é luz, é movimento, é energia, é cor, é inclusão, é união, é suor… é amor! [Porto, 2024]

2024-02-29, Super Bock Arena, Porto
Ricardo Rego
Teresa Mesquita
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Foi a oitava passagem dos Idles por Portugal e foi mais um belo capítulo na relação entre a banda e o nosso país.

Com o novo álbum na mala, “Tangk”, lançado há pouco mais de duas semanas, no último dia de Fevereiro de 2024, na Super Bock Arena do Porto, os Idles deram início à tour europeia de 2024. O primeiro de 17 concertos no velho continente, numa tour que vai passar por 12 países até ao próximo dia 23 de março. Segue-se o resto do mundo e ele que se prepare porque eles vieram com força.

Esta foi a oitava passagem da banda por Portugal e foi mais um belo capítulo na relação entre a banda e o nosso país. A última vez que vieram ao Porto foi em Novembro de 2018, para tocarem no Hard Club. Estava a banda no olho do furacão. O álbum “Joy as an act of resistance” andava nas bocas do mundo e preparava-se para os catapultar para patamares estratosféricos. Prova disso mesmo foi ver esta transição do Hard Club para uma Super Bock Arena, completamente esgotada, em apenas 6 anos, que valem por 4, se deduzirmos o factor COVID. Bom ver a aposta em trazer para o Porto o único concerto em nome próprio da banda este ano em Portugal. A prova de que a Super Bock Arena trouxe novas oportunidades à cidade e ao país.

Pontualidade britânica. Às 21:00 em ponto, ouviram-se os primeiros acordes de “IDEA 01”, a música de abertura do “Tangk”. Seguiu-se aquela que outrora era a música de abertura dos concertos, “Colossus”. Uma boa representação de quem são os Idles e da capacidade que têm em misturar suspense com explosões de energia colossais. Já no final da música, o vocalista, Joe Talbot, pediu a “wall of death” da praxe e o público obedeceu com prazer. E que público! Comunhão e união absoluta, do início ao fim. Muita dança, braços e pessoas no ar, mosh e músicas cantadas em plenos pulmões.

E que público! Comunhão e união absoluta, do início ao fim.

Entra “Gift horse”, o novo single da banda, que há pouco mais de três semanas estava a ser tocada ao vivo em Nova Iorque no Late Night with Jimmy Fallon.

Numa setlist onde tocaram praticamente todas as músicas do novo álbum (apenas “Jungle”, “Gratitude” e “Monlith” ficaram de fora) podia-se esperar algumas quebras de ritmo. Há destaques evidentes, como por exemplo “Dancer” e “Grace”, mas a verdade é que as novas músicas encaixam bem. Trazem uma nova dinâmica e tornam tudo mais interessante. Pelo meio, há uma série de músicas que já se tornaram em autênticos clássicos, como “Mr. Motivator”, “Mother”, “I’m Scum”, “1049 Gotho”, “Divide and Conquer”, “Television”, “Crawl!”, “Never Fight a Man With a Perm”… e aí a casa vai abaixo. Para terminar o concerto, a apoteótica “Danny Nedelko” e o hino antifascista “Rottweiler” dedicado ao Porto, a Portugal, à equipa técnica, ao amigo Clinton Brown e ao povo Palestina.

23:00: “You’been magic. We’ve been Idles. Fuck the king!”

O baterista Jon Beavis, um metrónomo humano, nunca desperdiça uma batida, nunca dá uma a mais ou fora do sítio. Ver a sua abordagem à composição e a forma como toca é uma masterclass sobre um instrumento a servir a música. Forma uma dupla muito coesa com o baixista Adam Devonshire. A interação deles em palco fez-me lembrar uma entrevista recente que vi com Devonshire ao canal de Youtube Serek Basses. À pergunta: «Há algo que leves para o palco ou em tour que seja o teu amuleto da sorte?», ele responde «O meu baterista.» Ao olhar para o palco entende-se porquê. Ambos são o suporte perfeito para tudo o que acontece lá à frente. Nas laterais, os guitarristas Lee Kiernan, à direita, e Mark Bowen, à esquerda (que alterna entre guitarra e sintetizadores). Energia e ginga inesgotáveis. Ambos são um autêntico espetáculo dentro do espetáculo. E depois temos o vocalista Joe Talbot. Vi num grupo qualquer um meme que o representava como um pitbull por fora e um caniche por dentro. Faz sentido. É um mestre de cerimónias por excelência. Nunca está quieto. É bruto nos gestos, mas querido nas palavras. É um ser humano simples e correto. É grato, muito grato e nunca se esquece de o referir. A exemplo do que tem acontecido nos álbuns, a voz do Joe Talbot ao vivo melhorou bastante. Porém, talvez por ter sido o primeiro grande concerto da banda em muito tempo, na reta final já se notava algum desgaste. A ver como se aguenta os concertos que aí vêm.

Idles ao vivo é muito bom de ver. É luz, é movimento, é energia, é cor, é inclusão, é união, é suor… é amor!

Vemo-nos em Paredes de Coura.

SETLIST

  • 1. IDEA 01
  • 2. Colossus
  • 3. Gift Horse
  • 4. Mr. Motivator
  • 5. Mother
  • 6. POP POP POP
  • 7. Car Crash
  • 8. I’m Scum
  • 9. 1049 Gotho
  • 10. The Wheel
  • 11. Divide and Conquer
  • 12. Meds
  • 13. Television
  • 14. Roy
  • 15. Grace
  • 16. Hall & Oates
  • 17. Crawl!
  • 18. Wizz
  • 19. Gratitude
  • 20. Never Fight a Man With a Perm
  • 21. A Gospel
  • 22. Dancer
  • 23. Danny Nedelko
  • 24. Rottweiler