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Wolf Alice, Polivalência de Sentimentos

Wolf Alice, Polivalência de Sentimentos

2018-11-01, Coliseu dos Recreios, Lisboa
António Maurício
Inês Barrau
8
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  • 9
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Na segunda presença no nosso país em 2018, os Wolf Alice subiram na escala de qualidade e distribuíram uma actuação mais pormenorizada, com arestas lapidadas e excelente qualidade sonora.

Trinta minutos depois da hora prevista, as luzes do Coliseu apagam-se: chegou a alcateia dos Wolf Alice. Com uma plateia a meio gás, a banda britânica de rock criou um espectáculo mais cativante em comparação com a amostra anterior no NOS Alive 18′ (review aqui). O ambiente mais íntimo, fora do ambiente de festival, deu asas a uma actuação mais pormenorizada, com arestas lapidadas e uma excelente qualidade sonora e jogo de luzes.

O público presente foi o exemplo perfeito do ditado «poucos, mas bons», especificamente na linha frontal ao palco. A energia electrizante dos que chegaram mais cedo sentiu-se (e bem) com braços no ar, saltos, cartazes e até peluches desde a inicial “Your Loves Whore” até ao encore com “Fluffy”. Aquele grupo foi a prova viva de que a música é uma religião em si, com crentes que dão o corpo ao manifesto.

As primeiras três músicas foram distribuídas com transições rápidas, mas nunca descuidadas, comas  performances vocais de Ellie Rowsell a passarem muito perto da perfeição. É versátil, tão depressa apresenta rapidez e agressividade punk em “Yuk Foo”, como expressa uma história romântica na melódica e menos apressada “Don’t Delete the Kisses” – com um refrão belíssimo e um instrumental mais despido, dominado pela bateria e voz. É evidente que estes quatro músicos gostam de tocar em palco em conjunto, tanto quanto gostam da companhia uns dos outros, a sinergia em é contagiante (todos participam nas vozes secundárias) e conseguem criar momentos diversificados, que transmitem múltiplos sentimentos.

É evidente que estes quatro músicos gostam de tocar em palco em conjunto, tanto quanto gostam da companhia uns dos outros

A “Formidable Cool”, carregada de reverb no microfone para uma explosão de energia no refrão, proporcionou mais um momento de energia rápida. Bem mais potente ao vivo do que em disco, faz-nos lembrar algo que poderia ter sido produzido pelos Rage Against the Machine. Na faixa com o nome da nossa capital, “Lisbon”, encontramos uma mistura bem equiparada entre o lado mais melódico e sereno das sonoridades apresentada, com breaks agitados a progredirem cuidadosamente para partes suaves, e vice-versa. “Space & Time”, do mais recente álbum “Visions of a Life” (2018) encontrou a maior reacção por parte dos presentes, facto que resultou numa volta extra dentro do refrão depois do final oficial.

No entanto, os Wolf Alice dependem em demasia da voz de Ellie, porque os instrumentais, nunca chegam a deslumbrar ou a impressionar. Não existem surtos de criatividade, nem momentos wow em nenhum dos instrumentos. Não tirando mérito, porque, em suma são coerentes e bem compostos. Talvez seja o preço a pagar pelo poder da polivalência que possuem. Não se pode ter tudo… Mas teve-se um bom concerto.

SETLIST

  • Your Loves Whore
    Yuk Foo
    You’re a Germ
    Don’t Delete the Kisses
    St. Purple & Green
    Beautifully Unconventional
    Formidable Cool
    Planet Hunter
    Lisbon
    Silk
    90 Mile Beach
    Bros
    Sadboy
    Space & Time
    Visions Of a Life
    Fluffy
  • Blush
    Giant Peach