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Gibson, De Volta ao Amor-Ódio

Gibson, De Volta ao Amor-Ódio

Nero
Instagram Mark Agnesi

Num vídeo de apresentação, Mark Agnesi, um dos novos directores da Gibson, deixou ameaças a meio mundo. A polémica estalou e a marca decidiu remover o vídeo.

Os novos gestores da Gibson têm feito um trabalho titânico para recuperar a lendária marca, após a sua bancarrota em 2018. Com várias novidades bem conseguidas, vários modelos de assinatura e uma forte presença na NAMM 2019. Mas a onda de simpatia que a marca vinha a granjear foi interrompida devido a um desajustado vídeo que apresentava Mark Agnesi como o novo Director Of Brand Experience e no qual este deixava algumas ameaças veladas a outros fabricantes. Devido a uma reacção feroz da comunidade de guitarristas, a Gibson acabou por retirar o vídeo do YouTube e das suas redes sociais este fim-de-semana.

No vídeo, o antigo gestor da Norman’s Rare Guitars (e aí começava a ironia) destacava alguns dos traços mais icónicos da Gibson, citado pela Gear News: «É uma ideia errada a de que uma marca é apenas um logo. As formas Les Paul, Flying V, Explorer, SG, Firebird, Thunderbird e ES são propriedade da Gibson. O design, dos componentes aos formatos, é uma parte integral do ADN da Gibson».

Daí, Agnesi fazia uma escalada nas afirmações, assegurando que a marca tomaria medidas severas contra construtores de réplicas, cópias ou modelos inspirados ou até licenciados em certa medida. «Estão avisados, estamos atentos e iremos proteger o nosso icónico legado. (…) Não se trata de sermos bullies ou de pretendermos abafar o mercado de guitarras boutique».

A ironia referida prende-se com o facto de Agnesi, enquanto gestor da Norman’s Rare Guitars, ter tratado e revendido pilhas de guitarras inspiradas em Gibsons ou até se pensarmos que uma das Les Paul mais famosas do mundo, daquele que é quiçá o maior embaixador da marca, ser uma réplica. Falamos da réplica da ’59 Les Paul de Slash, com a qual o guitarrista gravou a maior parte da sua discografia.

Indo mais longe, quando Agnesi fala em proteger o legado da Gibson, convém recordar que nas últimas duas a três décadas, este deixou algo a desejar e por isso surgiram tantos construtores “alternativos”. Além dos preços praticados pela marca norte-americana, que levaram tantos guitarristas a procurar soluções mais ajustadas economicamente. Pontos bem levantados pelo Guitar Show (vídeo em baixo).

Para todos os efeitos, a marca eliminou o vídeo este fim-de-semana passado (mas uma vez na Internet…) e ainda não emitiu qualquer comunicado oficial a respeito da polémica que o mesmo criou ou até sobre a postura oficial que irá assumir, de facto, em relação a outros fabricantes de guitarras. Seja como for, a lua-de-mel com o regresso em força da Gibson parece ter terminado.


arda