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AS10 | Álbuns clássicos que completam 50 anos em 2023

AS10 | Álbuns clássicos que completam 50 anos em 2023

Rodrigo Baptista

Em 2023 são muitos os álbuns clássicos e de referência até hoje que completam 50 anos desde a sua edição.

1973 foi um ano muito prolífero para a música. Desde David Bowie a Bob Marley, passando por Pink Floyd, Led Zeppelin ou Elton John, foram vários os álbuns editados que se tornaram grandes clássicos e discos de referência. Eis a lista de dez álbuns marcantes que completam 50 anos em 2023.

PINK FLOYD – The Dark Side of the Moon | “The Dark Side Of The Moon” é o oitavo álbum de estúdio e foi lançado pelos Pink Floyd em Março de 1973. Foi gravado nos históricos Estúdios Abbey Road em Londres e é um dos álbuns com maior sucesso comercial de todos os tempos. A capa do disco criada por Aubrey Powell e Storm Thorgerson é tão famosa como as suas músicas, tornando-se numa das imagens de marca da banda. “Money”, “Breathe”, “Time” ou “The Great Gig in the Sky” são algumas das mais famosas malhas retiradas de “The Dark Side Of The Moon”. Os Pink Floyd anunciaram uma edição para comemoração dos 50 anos “The Dark Side of the Moon”.

DAVID BOWIE – Aladdin Sane | “Aladdin Sane” é o sexto álbum de estúdio do icónico David Bowie e foi lançado em Abril de 1973. A maior parte do álbum foi gravada nos Trident Studios, em Londres, do qual saiu os singles “The Jean Genie” e “Drive-In Saturday”. Foi o sucessor do fantástico “The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars” e marcou a imagem do camaleão para sempre. A persona que surge nesta imagem e neste álbum não será tanto um ente autónomo, mas sim um derivado, quiçá uma evolução, de Ziggy Stardust. Ziggy foi talvez o mais visível e deslumbrante resultado da alquimia interna de Bowie. Fruto do desejo de criar a suprema estrela de rock, Ziggy surgiu conceptualmente como uma fusão de Iggy Pop e Lou Reed. Imaginado como a encarnação humana de um alienígena que vem à terra promover a mensagem de sexo, drogas e paz entre os homens e as mulheres de boa vontade, Ziggy será talvez o extraterrestre que Bowie sempre sentiu ser. De rosto e corpo magros e pálidos, cabelo vermelho, ausência de sobrancelhas, maquilhagem garrida, roupas alegóricas, toda uma iconografia que hoje nos parece tão familiar, existia pela primeira vez numa expressão sintetizada de correntes diversas. Está ali o herói japonês efeminado, o mimo de Marceau e Lindsay Kemp, um George Jetson que largou a vida burguesa, o duende celta no fim do arco irís, a pitonisa de Delfos, o demónio das encruzilhadas do sul profundo: Ziggy é também um produto da globalização e do século XX, um juntar de culturas e mitos, um sincretismo à boa maneira do antigo mundo clássico.  “Aladdin Sane” irá receber uma reedição de comemoração no dia 14 de Abril de 2023, uma semana antes do Jubileu de Ouro de “Aladdin Sane”, serão lançadas duas edições limitadas sob a forma de um LP “half speed mastered” e de um Picture Disc, produzidos a partir do mesmo master.

LED ZEPPELIN – Houses of the Holy | Os Led Zeppelin editaram o seu quinto álbum de estúdio decorria o ano de 1973. O disco “Houses of the Holy” foi gravado numa fazenda no interior da Inglaterra que, na época, pertencia a Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones. É nele que estão gravados os clássicos “The Song Remains The Same”, “Over the Hills and Far Away”, “D’yer Mak’er” e “The Ocean”. O álbum conquistou 11 Discos de Platina atribuídos pela RIAA (Recording Industry Association of America) pelas suas vendas nos Estados Unidos da América. Nas 8 faixas podemos ouvir Robert Plant na voz, Jimmy Page na guitarra, John Paul Jones no baixo e teclados) e claro John Bonham na bateria. O álbum foi produzido por Jimmy Page e misturado por Eddie Kramer.

ELTON JOHN – Goodbye Yellow Brick Road | “Goodbye Yellow Brick Road” é considerado a obra prima de Elton John. O álbum, editado em Outubro de 1973, foi gravado nos estúdios do Château d’Hérouville, em França, onde Elton gravara também “Honky Château” e “Don’t Shoot Me I’m Only The Piano Player”. Com letras do colaborador de longa data, Bernie Taupin, “Goodbye Yellow Brick Road” gerou uma imensa quantidade de hits, como é o caso da faixa título, de “Bennie and the Jets”, “Candle in the Wind” ou “Saturday Night’s Alright for Fighting”. A sua deslumbrante capa foi desenhada pelo artista inglês Ian Beck numa clara alusão à história/ filme “O Feiticeiro de Oz”, e é até hoje considerada uma das mais icónicas da história da música pop rock. Com vendas nos EUA superiores a 8 milhões de unidades, “Goodbye Yellow Brick Road” apresenta a certificação RIAA de 8 vezes Disco de Platina e faz parte da mítica lista dos “1001 álbuns que tens que ouvir antes de morrer”.

BOB  MARLEY AND THE WAILERS – “Burnin” | “Burnin’” é o sexto álbum de estúdio de Bob Marley com o seu grupo The Wailers e foi lançado em Outubro de 1973. As gravações decorreram em Kingston, na Jamaica no estúdios do produtor Harry J. e as misturas em Londres, nos Island Studios, propriedade da editora de Marley. Com os hits “I Shot the Sheriff” e “Get Up, Stand Up”, “Burnin’” marcou o fim da longa colaboração entre Bob Marley e Peter Tosh e Bunny Wailer, que após o lançamento do álbum optaram por seguir carreiras a solo. O álbum acabou por ter uma excelente aceitação nos EUA, onde foi certificado Disco de Ouro, por vendas superiores a 500.000 unidades e foi inserido no National Recording Registry, tendo sido destacado pela Library of Congress pela sua relevância histórica e cultural.

AEROSMITH – “Aerosmith” | O homónimo editado em Janeiro de 1973, é o álbum de estreia da banda de hard rock de Boston, Massachusetts. Descobertos em 1972 por Clive Davis, que os assinou na sua Columbia Records, entraram nos Intermedia Studios no final do ano para gravar aquele que viria a ser um dos álbuns mais icónicos da história do hard rock. Com Steven Tyler na voz, piano e harmónica, Joe Perry e Brad Whitford nas guitarras, Tom Hamilton no baixo e Joey Kramer na bateria, “Aerosmith” apresenta algumas das faixas mais icónicas da banda como é o caso de “Make It, “Mama Kin” ou a belíssima power ballad “Dream On”. Apesar de não ter sido um sucesso instantâneo, o álbum foi maturando ao longo do tempo e é hoje enunciado como uma influência para bandas como os Guns ‘N’ Roses e os Extreme.

THE STOOGES – “Raw Power” | “Raw Power”, lançado em Feveiro de 1973, é o terceiro disco dos The Stooges, e o último antes da interrupção que levou a banda a estar parada durante três décadas. Com alterações na formação, Ron Asheton passou para o baixo e deu lugar à entrada do guitarrista James Williamson, “Raw Power” mantém a mesma sonoridade proto-punk dos seus antecessores, mas apresenta uns pozinhos de hard rock mais comercial. Gravado nos estúdios da CBS, em Londres, o álbum tem na faixa titulo, em “Search and Destroy” e em “Gimme Danger” os seus argumentos mais fortes e é descrito como o registo pioneiro do punk rock, tendo influenciado guitarristas como Steve Jones, dos Sex Pistols, Johnny Marr, dos The Smiths ou Kurt Cobain, dos Nirvana. Em 2023, este álbum icónico recebeu uma remasterização que podes ouvir em baixo.

THE WHO – “Quadrophenia” | “Quadrophenia” é a terceira ópera rock dos The Who., foi editado em Outubro de 1973, e teve a difícil tarefa de suceder ao clássico “Who’s Next”. O álbum foi gravado entre os Olympic Studios, em Londres e nos estúdios da banda, os Ramport, em Battersea, com o auxilio da mesa de mistura do estúdio móvel de Ronnie Lane. Com uma história que se divide entre Londres e Brighton e que aborda a busca da autovalorizarão de um jovem chamado Jimmy, “Quadrophenia” demonstra que os The Who se encontravam cada vez mais à vontade com um formato de composição ainda muito pouco explorado, e músicas como “5:15”, “Love, Reign o’er Me” ou “The Real Me” expressam bem essa destreza. O álbum não se revelou um estrondoso sucesso mas teve uma boa aceitação, foi certificado Disco de Platina nos EUA, e o seu enredo foi adaptado em 1979 para um filme com o mesmo título.

QUEEN – “QUEEN” | O homónimo é o álbum de estreia da banda de Freddie Mercury (voz), Brian May (guitarra), Roger Taylor (bateria) e John Deacon (baixo). Editado em Julho de 1973 no Reino Unido e em Setembro nos EUA, o álbum teve a sua génese nas demos gravadas nos De Lane Lea Studios, onde os produtores John Anthony e Roy Thomas Baker os ouviram. Interessados no potencial da banda contactaram Norman e Berry Sheffield dos Trident Studios em Londres e convenceram-lhes a assinar um acordo para que a banda pudesse lá gravar o seu primeiro álbum. Os Queen tinham liberdade total para usar o equipamento e a equipa do estúdio, no entanto só podiam fazê-lo durante o período em que o espaço não estava reservado, ou seja à noite. O álbum despontou a sonoridade característica da banda presente nos primeiros trabalhos do anos 70, e consiste numa junção de hard rock, glam rock e rock progressivo. Temas como “Keep Yourself Alive”, “Liar” ou “Doing Alright”, esta última uma composição dos tempos dos The Smile, banda que antecedeu os Queen, demonstram uma qualidade acima da média e já ajudavam a prever um futuro brilhante para o grupo. “Queen” não teve o sucesso de álbuns como “A Night At The Opera” (1975) ou “News Of The World” (1977) ma acabaria por adquirir a certificação da RIAA de Álbum de Ouro nos EUA por vendas superiores a 500.000 unidades.

LYNYRD SKYNYRD – “Pronounced ‘Lĕh-‘nérd ‘Skin-‘nérd” | “(Pronounced ‘Lĕh-‘nérd ‘Skin-‘nérd)”, editado em Agosto de 1973, é o álbum de estreia dos southern rockers Lynyrd Skynyrd. Gravado no Studio One em Doraville, Georgia nos EUA, e com a produção de Al Kooper, é hoje um marco do género juntamente com “Brothers and Sisters” dos The Allman Brothers Band, também editado em 1973. Todas as músicas presentes no álbum foram compostas através de várias jams que aconteceram no espaço de ensaios da banda, a “Hell House”, situada perto de Jacksonville, Florida, e aperfeiçoadas nos concertos da banda muito antes desta entrar em estúdio. “(Pronounced ‘Lĕh-‘nérd ‘Skin-‘nérd)” apresentou ao mundo o som característico dos Lynyrd Skynyrd, que é marcado por dois elementos – a voz soulful de Ronnie Van Zant e o ataque feroz do tridente de guitarristas composto por Gary Rossington, Allen Collins e Ed King. Malhas como “Tuesday’s Gone”, “Simple Man” e “Free Bird”, esta última com o seu solo arrebatador de 4 minutos, tornaram-se clássicos indiscutíveis e fazem parte de qualquer playlist que preze o rock dos 70s.  Hoje em dia a estima em relação a”(Pronounced ‘Lĕh-‘nérd ‘Skin-‘nérd)” ainda é grande e prova disso é a certificação atribuída de duas vezes Álbum de Platina por vendas superiores a 2 milhões de unidades.