ENTREVISTA | Inóspita: Uma Guitarra, Uma Ilha, Vários Efeitos e Muitas Viagens [Vídeo]
“Porto Santo” é o título do álbum de estreia de Inês Matos, aka Inóspita. Um disco quase sem palavras e que é simultaneamente uma pequena viagem por aquela ilha madeirense e um exercício à volta de uma guitarra eléctrica, loops e uma série de outros pedais de efeitos.
Inês Matos tem 23 anos e pegou pela primeira vez numa guitarra aos nove. O fascínio pelas seis cordas foi tão imediato que um ano depois começou a ter aulas com Rafael Chiotti. O tempo passou e o amor ao instrumento aumentou, tanto que, para satisfazer o crescente interesse pela guitarra eléctrica em geral, e pelo rock em particular, teve posteriormente aulas com João Luzio, professor que a ajudou a expandir – ainda mais – os horizontes.
Aos 15 anos forma a sua primeira banda com o amigo Manuel Lourenço (Primeira Dama), com quem ainda toca nos dias que correm. Com o sonho da profissionalização no ponto de mira, ingressa na Escola de Jazz Luiz Villas-Boas Hot Clube de Portugal, onde estuda entre 2016 e 2020 com os guitarristas Sérgio Pelágio e André Santos.
Inês faz também parte do núcleo de jovens artistas da editora independente Xita Records desde a sua fundação (2015), e é com esses mesmos amigos que, em 2018, integra a banda que trouxe Lena D’Água de volta às luzes da ribalta.
Estreou o seu projecto a solo, Inóspita, na Noite Xita 2018. Quatro anos volvidos, estreia-se nas edições discográficas com “Porto Santo”, o álbum que serviu de tema para a conversa com a Arte Sonora, a quem Inês generosamente ofereceu uma versão exclusiva do mais recente single, “Taberna”, que podes espreitar no vídeo que se segue.
O “Porto Santo” da Inóspita é um lugar muito característico. Assente em terrenos sonoros frios, duros e agrestes, mas pontual e paradoxalmente macios e acolhedores, o disco de estreia de Inês Matos apela a um ambiente assaz introspectivo baseado na experimentação em torno da (praticamente solitária) guitarra eléctrica, apoiada por uma série de pedais de efeitos.
O disco – cuja review da AS podes ler aqui – contempla sete ensaios simples, mas não simplistas. Pontuados aqui e ali com uma utilização bem doseada de reverb, delay ou flanger, efeitos que conferem a esta colecção de primeiros temas da compositora uma identidade muito própria.
A palavra fica reservada para o ensaio final, “Profeta”, escrito a meias com o promotor do festival Aleste, Diogo Freitas, e dedicado a uma lenda porto-santense de Ana Ferreira.
Além do seu projecto solitário, Inês acumula a função de guitarrista em nomes como Primeira Dama, Chinaskee e João Borsch, e é desde os 16 anos professora na Academia de Guitarra, Música e Tecnologia, em Algés. E foi precisamente durante um intervalo na sua actividade lectiva que a entrevistámos sobre o seu álbum de estreia.
“Porto Santo”, que já está disponível para ser consumido em doses pouco razoáveis, foi composto em Lisboa e gravado num estúdio improvisado no Porto Santo. Contou com o apoio da GDA e da Câmara Municipal do Porto Santo, tem produção de Primeira Dama, que o misturou e masterizou juntamente com João Pratas. O carimbo é da Xita Records. A versão em vinil já se encontra em pré-venda.